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“Adiar o fim do mundo pode ser um convite a melhorar”, disse Krenak na FliRui neste domingo (30)
“Adiar o fim do mundo pode ser um convite a melhorar!”. A fala é do escritor e ambientalista indígena Ailton Krenak, que realizou a Conferência de encerramento da 1ª Festa Literária da Casa de Rui Barbosa - FliRui. A partir do tema “Sonhar, saber, criar: Notas sobre cinema”, ele falou sobre a importância de se construir comunidades de afeto para o bem viver coletivo.
“É admirável que essa festa literária tenha atraído para essa cidade tantas pessoas que ajudam a pensar o mundo. Pensar no mundo sozinho não tem graça nenhuma! O florescimento do mundo depende da nossa fricção de se pôr diante do outro”, afirmou em sua fala de abertura.
Para a surpresa do público, o ativista compartilhou que há 40 anos não imaginava se tornar um escritor ou um autor com uma bibliografia reconhecida. Mas sua trajetória inventiva o posicionou como uma das vozes mais influentes da contemporaneidade. Em 2016, recebeu o título de Professor Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora e, em 2023, tornou-se o primeiro indígena a ingressar na Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de número cinco.
“Eu acredito que a maioria de nós que fazemos arte, cinema, literatura, e produzimos algo que mobiliza a sociedade, não temos isso como projeto. A maioria de nós faz isso como a própria experiência de estar vivendo!”, refletiu o autor.
Citando autoras como Conceição Evaristo e Leda Maria Martins, Krenak falou sobre a importância da oralidade, uma vez que, antes da escrita, já existia a palavra e a memória. E destacou a capacidade inventiva do ser humano de contar histórias e através delas construir novos mundos.
“Que essa festa literária possa inaugurar no Rio de Janeiro experiências em torno da literatura e da narrativa que estimulem não só a nós que estamos usufruindo dessa experiência, mas que as nossas crianças também percebam a importância das diferentes maneiras de contar histórias!”, ressaltou.
A FliRui é uma realização da Fundação Casa de Rui Barbosa, vinculada ao Ministério da Cultura, com apoio da Liga Brasileira de Editoras (LIBRE) e da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade. Durante os três dias de evento, mais de 7 mil pessoas participaram das dezenas de atividades como contação de histórias, oficina de slam, lançamento de livros, conferências, palestras e debates com autores e pesquisadores.