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1ª FliRui celebra literatura angolana e os 50 anos de independência do país africano
“O meu medo é o esquecimento!”, diz Ana Paula Tavares, escritora angolana e vencedora do Prêmio Camões 2025, uma das atrações da abertura da FliRui - Festa Literária da Fundação Casa de Rui Barbosa, nesta sexta-feira (28). Em diálogos transatlânticos, no ano em que Angola completa 50 anos de independência, ela e o escritor Ondjaki, também angolano, falaram sobre os laços literários da diáspora africana.
Tão jovem quanto a democracia brasileira, a independência de Angola foi proclamada em 11 de novembro de 1975, após anos de luta armada contra o domínio colonial português. Em meio às disputas armadas, a palavra falada e escrita também fizeram revolução.
“Muito antes da independência, a poesia e a literatura foram a nossa primeira afirmação de identidade. Entre Brasil e Angola há muitas trocas culturais, umas mais evidentes do que outras, mas há um contínuo permanente que muitas vezes não percebemos, e a literatura sempre foi um lugar importante para essas trocas” afirmou Ana Paula, que recebeu o Prêmio Nacional de Cultura e Artes de Angola na categoria literatura, em 2007, pelo livro “Manual para amantes desesperados”.
“Essas diferentes memórias têm que ser conhecidas e incorporadas no nosso cotidiano. O meu medo é o medo do esquecimento. Eu falo muito de memória numa tentativa de lutar contra o esquecimento!”, concluiu a escritora.
Afirmando a memória como um lugar de pertencimento, Ondjaki, natural de Luanda,, reverenciou escritores africanos como Mia Couto, Paulina Chiziane e Agostinho Neto. Vencedor do Prêmio Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (Brasil, 2010, 2013 e 2014) e Prêmio Jabuti (2010), ele trouxe à reflexão a importância da literatura na construção de novos futuros.
“É importante pensarmos sempre que não estamos inventando a roda. Então, sim, nós temos que ouvir, ler e escutar os que vieram antes de nós, isso é fundamental para construir o futuro. Meu sonho é que a gente se reconheça cada vez mais como uma comunidade que consegue olhar para aquilo que é preciso resolver e falar sobre o nosso passado, e que também é capaz de inventar um futuro comum, onde os jovens possam ser livres das marcas da discriminação, do racismo e da xenofobia”, reflete o autor que realizou uma roda de conversa para um público atento no gramado da Casa de Rui Barbosa no primeiro dia da FliRui.
Na Conferência de abertura “Angola, cinquenta anos e a poesia”, a escritora Rita Chaves, professora de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da USP, fez uma saudação à Ana Paula Tavares e destacou sua trajetória.
“A ousadia é o processo dessa fabulosa escritora. Atenta aos movimentos do mundo, Paula faz da escrita um poderoso instrumento de intervenção e reflexão!”, finalizou Rita.
A FliRui é uma realização da Fundação Casa de Rui Barbosa, vinculada ao Ministério da Cultura, com apoio da Liga Brasileira de Editoras (LIBRE) e da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade. O acesso será realizado por ordem de chegada e depende da lotação. A Casa Rui comporta até 500 pessoas, sendo que o auditório principal tem 250 lugares. O evento está sujeito à lotação por medidas de proteção ao patrimônio histórico. Teremos telão e sala extra com projeção.
Acesse a programação completa aqui: https://www.gov.br/casaruibarbosa/pt-br/centrais-de-conteudo/noticias/2025/primeira-festa-literaria-da-casa-de-rui-barbosa-tera-grandes-nomes-da-cultura-nacional-e-internacional