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Diretor do Ibict ministra palestra durante VIII edição do WIDaT 2025
O diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Tiago Braga, iniciou a sua fala, na VIII edição do WIDaT 2025, destacando que a produção artística vem passando por transformações importantes devido ao avanço tecnológico.
Ao relembrar a tradição dos estúdios japoneses, conhecidos pelos desenhos manuais minuciosos que exigem tempo, técnica e dedicação, Tiago Braga ressaltou o contraste com o cenário atual, em que a Inteligência Artificial (IA) tem ampliado o acesso à criação artística. Ele acrescentou que, com essas ferramentas, qualquer pessoa pode explorar seu potencial artístico e produzir imagens impressionantes.
Tiago Braga ressaltou que, embora o processo tradicional exija anos de prática e recursos especializados, a IA torna a criação artística mais acessível, sem perder a qualidade estética. Durante sua apresentação, ele mostrou uma figura gerada por essa tecnologia, reforçando como a inovação está transformando a expressão artística e tornando-a mais inclusiva.
Após falar sobre IA, Tiago Braga falou sobre a história do Ibict, unidade de pesquisa criada na década de 50 em resposta a um chamado da United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) para a criação do centro de referência em organização da informação.
“E esse chamado mundial aconteceu na Assembleia Geral da Unesco de 1951 e em 1952 o Brasil, junto com outros países, submeteram a sua candidatura. E o nosso país foi escolhido para receber esse movimento, resultado de uma convenção da UNESCO entre 1951 e 1952, levou o Brasil a submeter sua candidatura e ser selecionado para sediar o centro internacional”, frisou Tiago.
O direito do Ibict lembrou que, em 1954, foi criado o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), fruto da parceria entre o recém-fundado CNPq (1951) e a já consolidada Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo ele, essa iniciativa colocou o Brasil em destaque internacional, sendo frequentemente reconhecida pela UNESCO como modelo em gestão da informação científica.
Tiago Braga afirmou que o Ibict enfrentou anos de subfinanciamento e desafios estruturais, mas manteve sua relevância como único instituto de pesquisa dedicado à Ciência da Informação no país. Em 2021, o corte drástico no orçamento comprometeu suas atividades essenciais.
Tiago Braga disse que, mesmo diante dos desafios, a instituição continuou promovendo debates acadêmicos importantes, lembrados pela Professora Plácida, como o Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB) e o próprio WIDaT. Ele ressaltou que a resistência do Ibict se deve, em grande parte, à atuação firme da então diretora Cecília Leite, que garantiu a continuidade das atividades mesmo em momentos difíceis.
Tiago Braga explicou que quando assumiu a direção do IBICT em 2023, o fez com um programa definido. E que para se tornar diretor do instituto, foi necessário passar por um concurso público, um processo seletivo de cinco etapas, com candidatos de todo o Brasil. Em sua candidatura, apresentou um plano de trabalho centrado na transformação da consciência por meio da ciência, com o objetivo de impactar a sociedade. Segundo ele, essa missão só seria possível ao aprofundar a conexão da Ciência da Informação com a Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia.
Ele reforçou que eventos como o WIDaT, coordenado por Caio Saraiva Coneglian (Universidade de Marília – Unimar), Silvana Aparecida Borsetti Gregóri Vidotti (Ibict/UNESP) e Emanuelle Torino (UTFPR), fortalecem a ciência diante das adversidades.
Tiago Braga falou sobre o uso da IA no Brasil, destacando casos de fetichismo tecnológico em que sistemas supostamente automatizados dependem de trabalho humano oculto. Citando Miguel Nicolelis, afirmou que a IA reflete dados e programação humana, não sendo verdadeiramente inteligente. Também alertou para riscos como viés algorítmico e manipulação política, mencionando o X (antigo Twitter) em crises geopolíticas.
Em contraponto, Tiago Braga apresentou iniciativas do Ibict para desenvolver tecnologias abertas e autônomas. Entre elas, o Network, software de análise de redes sociais em tempo real e o chatbot treinado com dados locais sobre os notáveis da ciência brasileira, chamado de Alice em homenagem a bibliotecária Alice Figueiredo que estão relacionados a um programa nosso, que é o Canal Ciência, que é um projeto de popularização da ciência e divulgação científica.
Destacou que o Ibict criou o PIA (Plano de IA), focado em IA ética, além do Sinapse, Lavoisier e BrCris, sistemas para sustentabilidade e dados científicos. Ele criticou a dependência de tecnologias estrangeiras e afirmou que a ciência da informação é fundamental para o Brasil ser produtor, e não apenas consumidor, de tecnologia.
Tiago Braga encerrou sua palestra com uma citação de Pepe Mujica: “A vida escapa e se vai minuto a minuto e não podem ir ao supermercado comprar a vida. Então lutem para vivê-la, para dar conteúdo a ela”, destacando a efemeridade da vida. Ele também ressaltou a união dos coordenadores, professores e equipe do Ibict na construção de iniciativas significativas para o país, e convidou todos a se somarem ao instituto para fazer as coisas acontecerem no Brasil.