Notícias
Rede Cariniana lidera pesquisa que mapeia riscos e práticas de preservação digital no Brasil
O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), por meio da Rede Brasileira de Serviços de Preservação Digital (Rede Cariniana), está à frente de um projeto que busca mapear e fortalecer as práticas de preservação digital nos repositórios institucionais de instituições públicas de ensino e pesquisa em todo o Brasil. Intitulado “Diagnóstico Nacional das Práticas de Preservação Digital nos Repositórios Institucionais de Instituições Públicas de Ensino e Pesquisa”, o estudo visa compreender os desafios enfrentados pelas universidades e centros de pesquisa na proteção, organização e longevidade da produção científica digital.
A iniciativa surge em um contexto de crescente produção e disseminação do conhecimento acadêmico em meio digital, que exige ações estruturadas para evitar a perda de conteúdos valiosos devido à obsolescência tecnológica, limitações orçamentárias e fragilidades nas políticas institucionais. Os repositórios institucionais desempenham papel estratégico ao registrar, organizar e disponibilizar publicamente a produção acadêmica, mas sua sustentabilidade depende de práticas eficazes de preservação. Nesse cenário, o projeto liderado pelo Ibict e pela Rede Cariniana se propõe a diagnosticar as práticas existentes, identificar vulnerabilidades e propor soluções replicáveis em escala nacional.
Segundo a pesquisadora e professora do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco (DCI/UFPE) Vildeane da Rocha Borba, sua participação no projeto foi de grande importância para contribuir nas iniciativas e estudos sobre preservação digital em repositórios digitais e em específico no desenvolvimento de uma metodologia preditiva para minimizar possíveis riscos e consequentemente perdas da memória digital. “O projeto possibilitou uma discussão sob o prisma teórico mas também na práxis do fazer, permitindo uma reflexão sobre as perspectivas do que se pode ser feito e como pode ser feito, propiciando novos olhares sob o ponto de vista da gestão de repositórios digitais”.
Baseado em uma metodologia cuidadosamente desenvolvida, o estudo incluiu a delimitação de universidades públicas e institutos de pesquisa com repositórios institucionais, elaboração de instrumentos de coleta de dados – como questionários estruturados e semiestruturados – e validação dos materiais com especialistas da área. A coleta de dados foi realizada de forma online e presencial, registrando tanto informações quantitativas quanto qualitativas. Os dados foram organizados, analisados estatisticamente e comparados com benchmarks nacionais e internacionais, a fim de oferecer uma visão precisa do cenário atual da preservação digital no país. O resultado será consolidado em um relatório abrangente, que destaca os principais pontos fortes, fragilidades e oportunidades de melhoria identificadas nas instituições participantes.
Entre os principais produtos do projeto está o Mapa de Risco do Patrimônio Digital Brasileiro, que apontará vulnerabilidades, ameaças e áreas críticas relacionadas à preservação de conteúdos digitais, servindo como ferramenta estratégica para o planejamento de políticas públicas. Além disso, será desenvolvida uma metodologia de monitoramento replicável, com indicadores, boas práticas e recomendações ajustadas à realidade brasileira, para que outras instituições possam adotar modelos eficazes de gestão de riscos em seus repositórios.
Fanny do Couto Ribeiro de Lima, doutoranda em Ciência da Informação no PPGCI/UFPE, comentou sobre sua participação no projeto: "O convite do professor Marcos Galindo para integrar esse projeto foi muito especial, especialmente porque o estudo de metodologias de risco para a preservação digital sempre esteve presente nas minhas pesquisas na pós-graduação”.
“Com o desenvolvimento do projeto, tive a oportunidade de ampliar essas investigações e perceber que as metodologias preditivas aplicadas vão além de abordagens técnicas — elas podem influenciar diretamente a governança dos repositórios digitais. Acredito que a apresentação do mapeamento dos riscos proporcionou uma visualização clara e gráfica dos principais riscos que incidem sobre esses ambientes. Embora conhecer esses riscos não represente, por si só, a solução definitiva para a preservação digital, trata-se de um ponto de partida fundamental para futuras ações e pesquisas na área”, explicou a pesquisadora.
O projeto ainda prevê a produção e disseminação de conhecimento científico, com a publicação de artigos em periódicos nacionais e internacionais, relatórios técnicos detalhados e a oferta de cursos e formações voltadas à qualificação de profissionais especializados em gestão e preservação de repositórios digitais. A expectativa é que esses esforços contribuam para consolidar uma cultura de preservação digital no Brasil, garantindo o acesso contínuo e sustentável à produção científica nacional.