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Ibict apresenta avanços em projetos que promovem a integridade da informação em mesa na SBPC
A mesa “Desordem informacional e seus impactos negativos na sociedade: os caminhos da ciência para a integridade da informação”, promovida pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) nesta quarta-feira (17), durante a 77ª Reunião Anual da SBPC, apresentou os avanços do projeto Baobá (Plataforma Multidisciplinar de Escuta Social Digital, Combate à Desinformação e Promoção aos Direitos Difusos) e discutiu estratégias públicas e científicas no enfrentamento à desinformação no Brasil.
Ao apresentar a arquitetura do Baobá, o diretor do Ibict, Tiago Braga, explicou que a estrutura é composta por bases conceituais, ferramentas de análise e mecanismos de acesso público à informação, com ênfase em temas relacionados aos direitos difusos, como racismo, igualdade de gênero e meio ambiente. “A estrutura foi desenhada para acompanhar o debate público digital e enfrentar a desinformação com dados, ciência e participação social. A ideia é oferecer modelos metodológicos e tecnológicos que possam ser utilizados por gestores públicos, imprensa, academia e sociedade civil”, pontuou.
Braga também detalhou os avanços na coleta, análise e visualização de dados, com destaque para dashboards interativos, sistemas de alerta e o uso de inteligência artificial na interpretação de fluxos informacionais. Entre os componentes centrais da infraestrutura, destacou o Indexador, ferramenta que consolida e organiza os produtos analíticos gerados. O produto foi concebido como uma ferramenta estratégica de memória e articulação científica, voltada à sistematização das coletas, diagnósticos e análises produzidos.
O Indexador permite que diferentes instituições e pesquisadores integrem e aproveitem dados ao longo do tempo, possibilitando análises comparativas e aprofundadas sobre o ecossistema da desinformação. Como consequência, viabiliza a reconstrução de séries históricas, mesmo sobre conteúdos que não estiverem disponíveis nas redes sociais, oferecendo subsídios para políticas públicas, produção científica e acompanhamento de padrões narrativos em contextos diversos.
O pesquisador Luís Rosa detalhou a estrutura técnica do Baobá, com destaque para ferramentas como a Capitu, voltada à coleta automatizada de dados em redes sociais, e o Visão, sistema para visualização de dados e georreferenciamento. Também apresentou os frameworks analíticos desenvolvidos pelo projeto, que combinam abordagens lexical, descritiva, de redes e qualitativa.
A pesquisadora do Ibict Ana Regina Rego abordou os caminhos conceituais voltados à integridade científica, destacando três eixos estruturantes de sua exposição: blockchain como mecanismo de preservação da integridade, uso de crowdsourcing científico e a ciência aberta como princípio ético norteador.
O projeto DNA (Diagnóstico Narrativo do Ambiente informacional) também foi abordado na mesa, em apresentação do pesquisador João Bastos. Ele destacou os relatórios produzidos a partir da escuta social digital e apresentou o Glossário que define conceitos-chave sobre integridade da informação e vacinação nas redes sociais, desenvolvido para apoiar a leitura crítica de termos, expressões e estratégias recorrentes nas campanhas desinformativas.
Tanto o DNA quanto o Baobá integram a Rede Minerva, estrutura criada pelo Ibict para articular projetos voltados ao monitoramento e à integridade da informação no ambiente digital.
A professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e pesquisadora associada ao projeto, Janaína Leite, reforçou o caráter propositivo do trabalho. Segundo ela, os relatórios têm contribuído para a identificação de padrões discursivos e para a formulação de estratégias específicas de enfrentamento das narrativas pseudo-científicas nas plataformas digitais.
Encerrando a mesa, o diretor do Departamento de Projetos e Políticas de Direitos Coletivos e Difusos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Vitor Guimarães, enfatizou a importância da ciência e da articulação institucional frente ao avanço da desinformação. “Estamos falando de estruturas que lucram com a mentira. Precisamos fortalecer a produção científica, a regulação e os investimentos públicos. Combater a desinformação não é apenas uma questão técnica, é uma questão civilizatória”, afirmou.
A mesa integrou a programação do Ibict na 77ª Reunião Anual da SBPC, realizada na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife. Além dos debates, o Instituto apresenta no evento experiências imersivas como o Jogo de Combate à Desinformação, um escape room temático e uma instalação de realidade virtual com holograma do físico César Lattes.