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Lançamento do Repositório de dados da Udesc conta com palestras sobre Ciência Aberta de pesquisadores do Ibict
Entre os dias 9 e 11 de dezembro, a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), por meio da Biblioteca Universitária, realizou o lançamento oficial do Repositório de Dados de Pesquisa. O evento reuniu especialistas da área de informação científica e promoveu uma série de palestras abertas à comunidade acadêmica para discutir Ciência Aberta, gestão de dados e infraestruturas informacionais avançadas.
O Repositório de Dados de Pesquisa permitirá a preservação, gestão, uso e reuso dos dados gerados no âmbito da Udesc, além de contribuir para a reprodutibilidade e transparência das pesquisas. A iniciativa complementa o Repositório Institucional (RI), criado em 2024 com a finalidade de gerenciar a produção intelectual da universidade e garantir a preservação da memória institucional.
O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) esteve presente na programação do evento com a participação de Washington Segundo, coordenador-geral de Informação Científica e Técnica, e Priscila Sena, pesquisadora do PPGCI/Ibict, coordenadora nacional da Rede Brasileira de Repositórios Digitais (RBRD) e diretora regional Sul da Febab (Gestão 2023–2026). As atividades ocorreram no Auditório Tito Sena, no Centro de Ciências Humanas e da Educação (Faed).
No dia 10, Priscila Sena apresentou a palestra “Repositórios de Dados de Pesquisa e Ciência Aberta: caminhos para fortalecer a cultura do reuso científico”. A pesquisadora destacou que os repositórios de dados desempenham papel estratégico na transformação do ecossistema de pesquisa, ao possibilitar a organização, preservação, disseminação e reutilização de dados científicos.
Priscila ressaltou que os repositórios não são apenas plataformas de armazenamento, mas infraestruturas que garantem que os dados sejam encontráveis, acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis, alinhados aos princípios FAIR. Para ela, fomentar uma cultura de reuso de dados acelera descobertas, amplia a transparência e evita duplicação de esforços.
A apresentação também abordou a importância de políticas institucionais, da capacitação de equipes e da adoção de infraestruturas interoperáveis. A pesquisadora destacou ainda o papel da RBRD na integração de iniciativas nacionais e no fortalecimento da governança da informação científica no país.
Washington Segundo e Priscila Sena participaram ainda da mesa de abertura do evento, que reuniu lideranças da área de repositórios e governança de dados. Também fizeram parte da mesa a reitora em exercício da Udesc, Clerilei Bier; Angélica Miranda (Furg), coordenadora adjunta da Rede Sul da RBRD; Bianca Amaro, coordenadora de Governança de Dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Luciana Mara, bibliotecária da Udesc e responsável pela implementação do repositório.
Os participantes destacaram a necessidade de fortalecer políticas públicas, infraestruturas e práticas alinhadas à Ciência Aberta, ressaltando o papel estratégico de redes colaborativas e instituições públicas na consolidação desse movimento no país.
No dia 11, Washington Segundo apresentou a palestra de encerramento, “O papel da Biblioteca na Implementação da Ciência Aberta”. O coordenador iniciou sua fala com uma análise crítica do modelo tradicional de comunicação científica, marcado por altos custos e barreiras de acesso. Para ele, a comunicação científica deve ser entendida como infraestrutura pública essencial, com governança aberta e sustentável.
Washington destacou que as bibliotecas universitárias, historicamente mediadoras do conhecimento, ocupam posição estratégica na transição para a Ciência Aberta. De acordo com o coordenador, essas instituições evoluíram de gestoras de acervos para centros articuladores de redes, serviços digitais e políticas de informação que ampliam o acesso e fortalecem a visibilidade da produção científica.
Com mais de 1.500 bibliotecas universitárias em funcionamento no país, o pesquisador ressaltou seu potencial para apoiar políticas públicas, democratizar o conhecimento e reduzir desigualdades informacionais. Ele também abordou temas como gestão e curadoria de dados, aplicação dos princípios FAIR e o papel das bibliotecas no combate à desinformação e na mediação sociotécnica entre ciência e sociedade.
Ao encerrar sua fala, Washington reforçou que investir em bibliotecas universitárias é fortalecer toda a infraestrutura de Ciência Aberta no Brasil. “Bibliotecas são pilares da transformação necessária para que o conhecimento circule de forma mais transparente, colaborativa e alinhada ao interesse público”, afirma.
As palestras estão disponíveis na íntegra no canal da Biblioteca Universitária da Udesc no YouTube. Clique aqui para assistir.