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Artigo de pesquisadores do PPGCI-Ibict examina os desafios da Ciência Aberta
O artigo, que traz como título “Desconstruindo a Ciência Aberta: desafios, visões e distopias”, foi publicado na revista Palabra Clave.
A revista Palabra Clave (La Plata), da Universidad Nacional de La Plata, na Argentina, publicou recentemente o artigo “Desconstruindo a Ciência Aberta: desafios, visões e distopias”, assinado pelos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Luís Fernando Sayão e Luana Farias Sales. Além de atuarem no PPGCI, Luís Sayão é pesquisador da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), enquanto Luana Sales é servidora e pesquisadora do Ibict.
O trabalho integra o volume 15, número 1 da revista, referente ao período outubro de 2025 a março de 2026.A pesquisa analisa um dos temas mais discutidos da atualidade em políticas científicas: a Ciência Aberta, movimento que ganhou força mundial ao defender práticas mais transparentes, colaborativas, inclusivas e sustentáveis para a produção do conhecimento.
Segundo a professora Luana Sales, embora amplamente reconhecida por suas vantagens, a Ciência Aberta ainda enfrenta obstáculos estruturais, culturais, econômicos e políticos que dificultam a concretização de suas promessas.
Nesse sentido, a pesquisadora afirma: “Quando propusemos desconstruir a Ciência Aberta, não se tratava de negar suas premissas, mas de compreender suas camadas, disputas e contradições. A Ciência Aberta se consolidou como um ideal mobilizador de transparência, colaboração, reprodutibilidade e participação social. Esses valores são fundamentais e ninguém discorda deles. No entanto, o problema começa quando esse ideal é tratado como um consenso absoluto, quase um destino inevitável da ciência contemporânea. Nesse ponto, perde-se o olhar crítico necessário para avaliar suas tensões internas”.
O professor Luís Fernando Sayão ressaltou que desconstruir, aqui, significa suspender as certezas aparentes e examinar o conceito em sua complexidade. Para ele, “a Ciência Aberta não é um bloco homogêneo, mas um campo atravessado por visões distintas, interesses institucionais, agendas políticas, desigualdades estruturais e até disputas econômicas. Há promessas que se realizam e outras que se chocam com limitações muito concretas, desde a falta de financiamento e infraestrutura até desafios éticos, legais e culturais. Se não analisarmos essas contradições, acabamos reforçando uma narrativa simplificadora que não corresponde à realidade de países como os da América Latina”.
Luana Sales e Luís Fernando Sayão afirmam que seus estudos demonstram que a abertura da ciência vai além de uma questão técnica, restrita a plataformas ou metadados, e se configura como um processo sociopolítico que demanda governança, políticas públicas, marcos regulatórios e capacidade institucional. Segundo os pesquisadores, o estudo se baseia em documentos de organismos nacionais e internacionais e em literatura especializada produzida nas últimas décadas, com o objetivo de mapear e estruturar os principais discursos, visões e tensões que atravessam o campo. A partir dessa análise, eles identificam um conjunto de requisitos essenciais para que a transição para a Ciência Aberta ocorra de forma robusta e sustentável.
O artigo conclui que a Ciência Aberta deve ser compreendida como um campo plural e multifacetado, que exige diálogo entre diferentes comunidades científicas e políticas, bem como a superação de distopias tecnológicas que frequentemente alimentam expectativas irreais sobre o futuro da pesquisa. Nesse sentido, a publicação representa uma contribuição relevante para o debate latino-americano sobre o tema e reforça a necessidade de análises críticas que considerem as especificidades regionais na formulação de políticas de ciência, tecnologia e inovação.
O artigo está disponível em acesso aberto no endereço indicado pela revista, com o título: Desconstruindo a ciência aberta: desafios, visões e distopias, Palabra Clave, 15(1), e263, 2025. https://www.palabraclave.fahce.unlp.edu.ar/article/view/PCe263/21498