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Simpósio de Combate à Desertificação destaca união de saberes e instituições
Com o tema “Soluções para a crise ambiental em territórios em transformação”, o Simpósio de Combate à Desertificação, realizado no Instituto de Pesquisa em Petróleo e Energia (i-LITPEG), no Campus Recife da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi aberto na quinta-feira (30). O simpósio é uma articulação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima com o Projeto REDESER – Revertendo o Processo de Desertificação nas Áreas Suscetíveis do Brasil, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) participa como instituição parceira, ao lado do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e de outras entidades.
Participaram da mesa de abertura, Alfredo Gomes, reitor da UFPE; Edneida Cavalcanti, coordenadora do Centro de Estudos em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist/Fundaj), representando a presidenta da Fundaj, Márcia Angela Aguiar; Luiz Stragevitch, diretor do i-LITPEG; Alexandre Henrique Bezerra Pires, diretor de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (DCDE/SNPCT/MMA); Jéssica Airisse Guimarães Sampaio, da FAO; José Etham de Lucena Barbosa, diretor do INSA; Laeticia Jalil, da UFRPE; Victor Uchôa Ferreira da Silva, da Sudene; Lúcia Marisy de Oliveira, vice-reitora da UNIVASF; Marcelo Brito Carneiro Leão, diretor do CETENE; Aldrin Pérez Marin, do Observatório da Caatinga e Desertificação (OCA/UFCG/INSA); e Rômulo Menezes, do Observatório Nacional da Dinâmica da Água e do Carbono no Bioma Caatinga (OndaCBC).
Os participantes destacaram a urgência do enfrentamento à desertificação. “É uma temática de grande relevância no campo do desenvolvimento sustentável e do meio ambiente, com grandes impactos na região do semiárido e no Nordeste de maneira geral. Precisamos fazer amplas articulações, não só na academia, mas também com outras instituições de pesquisa, movimentos sociais e poderes públicos”, afirmou Alfredo Gomes.
Edneida Cavalcanti ressaltou a contribuição da instituição no enfrentamento à degradação ambiental. “Como uma instituição que articula pesquisa, cultura e formação, a Fundaj se vê capaz de contribuir para termos mudanças efetivas nesse quadro de ameaças de degradação em nosso contexto no Nordeste.”
Alexandre Henrique Bezerra Pires reforçou a importância de unir o conhecimento científico e o saber popular. “Pensar à luz da pesquisa e da ciência, escutando também as comunidades, os movimentos e as organizações sociais, é fundamental para entendermos o papel da pesquisa no trabalho de aplicação em favor das pessoas, suas comunidades e seus territórios.”
Após a abertura, Edneida Cavalcanti mediou o primeiro painel do evento, “Sociedade civil – convergência de saberes populares e acadêmicos”, que reuniu Ivi Liana (ASA), Leila Santana da Silva (MPA), André Soares (MST-PE) e Elisa Pankararu (Apoinme). As falas reforçaram o papel das comunidades tradicionais e dos movimentos sociais na preservação da caatinga e da biodiversidade diante da crise climática. O público participou com perguntas sobre os temas debatidos.
Durante a tarde, a mesa “Ciência de dados e tecnologias aplicadas no monitoramento e modelagem da desertificação” teve mediação de Luis Marcelo de Mattos Zeri (Cemaden/MCTI) e participação de Ludmilla de Oliveira Calado (Sudene), John Elton de Brito Leite Cunha (UFCG e OCA/UFCG/INSA) e Rômulo Simões Cezar Menezes (UFPE e OndaCBC).
De acordo com Luis Marcelo, há preocupação com a desertificação em diferentes pontos do País. “A desertificação não é algo estático, não é como vemos nos livros de geografia, com divisões fixas — ela muda ao longo do tempo. À medida que a ciência de dados atualiza suas bases, incorporando informações mais recentes, percebemos essa transformação nos padrões da desertificação. As mudanças mais drásticas ocorreram especialmente nos últimos 30 ou 40 anos”, destacou.
Encerrando o primeiro dia, o painel “Soluções integradas para restauração dos territórios no Semiárido” reuniu Renato Garcia (NEMA/Univasf), Ana Cláudia Costa Destefani (ReCaa), Aldrin Pérez e Helder Farias Pereira de Araújo (UFPB). “A gente precisa restaurar a nossa relação com a Terra. A biodiversidade nativa, essa poderosa relação com a natureza que os povos indígenas mantêm tão bem, é o que regula a atmosfera, a dinâmica hídrica e mantém os ecossistemas funcionando”, comentou Ana Cláudia em sua fala.