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Sessão À Meia-Noite Te Levarei ao Cinema exibe Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977) em restauração 4K
Nos anos 60 surge uma organização, batizada pela crônica policial brasileira como esquadrão da morte, que passa a combater o crime à margem da lei. Nessa conjuntura, surgem vários episódios que marcaram uma época, entre eles os representados em Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977), filme de Hector Babenco, que compôs a edição de novembro da sessão À Meia-Noite Te Levarei ao Cinema no sábado (1°), na Sala Derby.
O filme foi restaurado em 4K a partir dos internegativos de imagem 35mm preservados pela Cinemateca Brasileira, com áudio restaurado e remasterizado a partir das matrizes em vídeo. Coordenador do Cinema da Fundação, Luiz Joaquim contextualizou ao público sobre a obra marcante que trouxe personagens e situações não imaginários, de forma que os nomes dos marginais são verdadeiros e os dos policiais, fictícios.
“Ao contrário da lógica do cinema estadunidense, que jogava luz sobre os policiais, fazendo os espectadores torcerem pelos agentes da lei, aqui no Brasil era lançado um olhar sobre os bandidos, de forma coerente, considerando o contexto, em meio à uma ditadura militar feroz. Os realizadores desejavam provocar quem assistia em relação às estruturas de poder. Essa entrega foi questionada à época especialmente com o filme de Lúcio Flávio, mas o Babenco dizia que era tão bandido quanto esse personagem, a diferença é que a arma dele era uma câmera de cinema”, atestou Luiz Joaquim.
O longa-metragem restaurado foi selecionado pelo cineasta Kleber Mendonça Filho, Em vídeo apresentado na abertura da sessão, o cineasta apresentou o filme. A produção da sessão à meia-noite transcorreu em 1977, ano representado em seu novo longa "O Agente Secreto", de modo que o diretor pernambucano explicou que boa parte das referências de figurino e cenário vieram da história de Babenco.
“É um filme que me chama atenção por narrar uma história incrivelmente dura e brutal, é sujo e malvado. Raramente vemos na cinematografia brasileira, e no mundo, deste tipo. Fala de um país extremamente violento e segue atual. Um dos motivos que fez com que a história do Lúcio Flávio se tornasse conhecida, é a figura de um bandido, que se popularizou por ser branco. Tudo isso faz parte da dinâmica de relações sociais brasileiras”, concluiu.