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Olinda – Patrimônio Cultural da Humanidade
O título de Patrimônio Cultural da Humanidade foi concedido ao Sítio Histórico de Olinda, pela Unesco, em 14 de dezembro de 1982. O designer e artista plástico pernambucano, Aloisio Magalhães (1927-1982), foi um dos principais entusiastas e articulares da candidatura de Olinda a essa honrosa distinção. Na condição de Secretário da Cultura, do Ministério da Educação e Cultura, e de ministro da Cultura dos países de língua latina junto àquele organismo internacional, coubera-lhe a missão de coordenar o processo de argumentação para inclusão de Olinda na lista de Patrimônio Mundial. Dentre a documentação reunida e apresentada ao Comitê da Unesco, constavam fotografias, livros e o álbum de sua autoria Olinda.
Contendo 11 litogravuras com vistas da antiga cidade, o álbum litográfico de Aloisio Magalhães ressalta alguns dos fortes atributos que elevaram Olinda a Patrimônio Cultural da Humanidade: a harmoniosa composição da sua paisagem edênica e os muitos tempos históricos sobrepostos e materializados no traçado urbano, nos casarios e monumentos arquitetônicos seculares.
Olinda, no entanto, não era feita apenas de bela paisagem e de “pedra e cal”. Defensor do conceito de bem cultural, Aloisio Magalhães buscou sistematizar e imprimir, durante sua gestão à frente dos órgãos federais de cultura, uma noção de patrimônio cultural abrangente e inclusiva, que considerasse não apenas os monumentos arquitetônicos, as obras de arte e os objetos e documentos quase sempre representativos de uma cultura de ascendência branca, europeia e cristã, cultivada pelas elites locais. Intercedeu a favor da percepção dos bens culturais que estavam inseridos na dinâmica do dia a dia dos brasileiros comuns: hábitos, costumes, rituais, celebrações, maneiras de ser e o saber-fazer da população. Bens culturais imateriais que, conceitualmente amadurecidos, vieram a ser compor, ao lado do conjunto de bens materiais, o patrimônio cultural brasileiro, segundo estabelece a Constituição Federal Brasileira de 1988.
Olinda — dizia — “não [era] uma cidade morta. Ao contrário, [era] uma cidade viva”. E nisso residia o maior desafio: “como guardar, preservar, e não cercear a dinâmica de vida própria de uma comunidade nova?” Desafio que persiste e está a exigir das atuais gerações urgentes soluções.