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Fundaj realiza terceira edição do seminário sobre resultados do Censo 2022
A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), por meio da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes), realizou na terça-feira (25) o III Seminário “Qual Brasil voltou? Debatendo os resultados do Censo Demográfico de 2022”. O encontro, sediado na Sala Calouste Gulbenkian, no Campus Gilberto Freyre, reuniu representantes de instituições públicas e especialistas para discutir os dados sobre trabalho e rendimento divulgados pelo IBGE.
A mesa de abertura contou com a participação da presidenta da Fundaj, Márcia Angela Aguiar; do diretor da Dipes, Wilson Fusco; do superintendente do IBGE em Pernambuco, Gliner Dias de Alencar; da presidenta da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), Luciana Lima; e de Teresa Oliveira, representando a Sudene.
Ao abrir o seminário, a presidenta Márcia Angela destacou o papel estratégico da Fundação na reflexão sobre temas nacionais. “A Fundaj tem uma trajetória consolidada na produção de estudos que contribuem para o desenvolvimento do país. Em um momento em que o Brasil necessita de dados e reflexões qualificadas para orientar políticas públicas, iniciativas como este seminário reforçam nosso compromisso de atuar de forma crítica e responsável diante dos desafios conjunturais”, afirmou.
Em sua fala, Wilson Fusco destacou a importância do diálogo contínuo com o IBGE. “A Fundaj vem fortalecendo sua parceria com o IBGE ao longo dos últimos anos e consideramos essencial aproveitar cada oportunidade para consolidar esse vínculo. As informações sobre trabalho e renda são centrais para compreender a inclusão social. A partir desses dados, podemos oferecer subsídios mais precisos para orientar políticas públicas voltadas à melhoria da qualidade de vida da população.”
Ainda na abertura, Gliner Dias de Alencar ressaltou o papel público do Censo. “O trabalho do IBGE só cumpre sua missão quando os dados chegam à sociedade e se transformam em políticas públicas e pesquisas. Não basta produzir a melhor fotografia do país se ela permanecer guardada; é preciso que a população use essas informações para compreender suas necessidades e cobrar ações baseadas em evidências.”
A programação foi dedicada à mesa-redonda “Trabalho e renda dos brasileiros: o que diz a amostra preliminar do Censo 2022”, com André Simões e João Hallak, ambos do IBGE, e Cassiano Trovão (UFRN), especialista em mercado de trabalho. A atividade teve participação da pesquisadora da Fundaj Darcilene Gomes, coordenadora do Centro de Estudos de Cultura, Identidade e Memória (Cecim/Dipes).
O módulo Trabalho e Rendimento do Censo 2022 mostrou que o salário mínimo segue sendo um parâmetro central na economia do país. Em 81% dos municípios, a renda média da população ocupada é igual ou superior ao piso nacional, e cerca de um terço dos trabalhadores brasileiros, 35%, recebe até um salário mínimo. A pesquisa também destacou que 68% da população ocupada ganha no máximo até dois salários mínimos, enquanto apenas uma pequena parcela, 0,7%, recebe acima de 20 salários mínimos mensais.
Os dados reforçam desigualdades persistentes no mercado de trabalho. O rendimento médio dos homens supera o das mulheres em mais de 24%, e as diferenças por cor ou raça também seguem marcantes, com brancos e amarelos apresentando maiores rendimentos médios. Além disso, o estudo apontou que o nível de ocupação continua mais elevado entre os homens e varia de acordo com o município, com localidades como Fernando de Noronha registrando índices bem acima da média nacional.
Os participantes da mesa apresentaram e comentaram indicadores como nível de ocupação, rendimento, escolaridade e desigualdades regionais, raciais e de gênero. Segundo João, a comparação entre 2010 e 2022 evidencia transformações significativas. “Persistem questões estruturais, como a desigualdade de raça e cor, de gênero e entre regiões. Na apresentação, destacamos também ocupações específicas em que houve aumento da participação feminina, como engenheiras e advogadas.”
Na mesma direção, André Simões reforçou a relevância da série histórica. “Mesmo diante das dificuldades, conseguimos divulgar informações essenciais. O tema de trabalho e rendimento é central porque o Censo é a única pesquisa domiciliar que oferece dados em nível de município, fundamentais para gestores estaduais e municipais. Ele mostra o crescimento dos trabalhadores por conta própria e sem carteira, incluindo a expansão dos trabalhadores por aplicativo.”
Ao final do encontro, Márcia Angela reforçou a importância das análises críticas dos dados populacionais. “Discutir temas como renda, trabalho e vulnerabilidade social é fundamental para subsidiar decisões de Estado. Que os resultados deste encontro possam chegar a quem formula políticas públicas e se traduzam em ações concretas voltadas ao bem-estar da população, especialmente dos segmentos mais vulneráveis.”