Notícias
Fundaj presente em mesa sobre política e gestão do Ensino Superior em congressos internacionais
Na manhã desta quarta-feira (16), terceiro dia do VII Congresso Ibero-Americano de Política e Administração da Educação e XI Congresso Luso-Brasileiro de Política e Administração da Educação, as discussões voltaram-se sobre as tendências globais e tensões locais na educação universitária, a partir da visão de professores convidados do Brasil, Portugal e Espanha. Realizada no auditório do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Recife, a mesa plenária “Políticas e gestão do Ensino Superior” contou com a participação da presidenta da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), a professora doutora Márcia Angela Aguiar, que celebrou a pluralidade de experiências trazidas pelos expositores.
Na ocasião, a presidenta da Fundaj convocou os presentes a refletir sobre as especificidades da educação universitária produzida por cada país representado pelos conferencistas. “Uma mesa como esta suscita muitas reflexões para todos nós, especialmente porque cada um que aqui falou viveu um contexto de desigualdades e de justiça social muito diferenciada”, avaliou Márcia Angela. Sob coordenação do espanhol Santiago Frades, participaram da conversa os professores João Ferreira de Oliveira, da Universidade Federal de Goiás (UFG); Josep Serentill Rubio, da Universidade de Lleida, na Espanha; e Jorge Adelino Costa, da Universidade de Aveiro, em Portugal.
Ex-presidente da Anpae, o professor e doutor em Educação João Ferreira de Oliveira trouxe como contribuição à mesa preocupações sobre o avanço do neoliberalismo na educação universitária, que podem acabar por intensificar o processo de mercantilização e precarização da educação. Ele também alertou para os riscos de governos autoritários e políticas de extrema direita para o Ensino Superior. “Isso tem significado perda de democracia, autonomia institucional e liberdades acadêmicas nas universidades, com censuras, violações, controle ideológico, intervenção na gestão, etc., até mesmo dos currículos e o que se pode ensinar”, afirmou.
Já o espanhol Josep Serentill Rubio, representante do Fórum Europeu de Administradores da Educação (FEAE) na Espanha, apresentou a experiência do modelo de Ensino Superior “dual” em seu país. O modelo, que é regulado por decreto, articula a formação universitária com a prática pedagógica em escolas urbanas e rurais, principalmente nas licenciaturas. “A educação dos alunos [do magistério dual] depende […] em grande parte da aprendizagem que os alunos fazem diretamente nas escolas. O elemento fundamental é a interação entre escolas e universidade”, concluiu o professor.
O professor português Jorge Adelino Costa finalizou a mesa plenária abordando a experiência vivida em Portugal com a transição de um modelo considerado elitista para um mais acessível à população. Frente aos desafios enfrentados nesse processo, ele destacou o investimento por parte das universidades em inovação, formação docente e acolhimento, mas expressou preocupação com a mercantilização desse movimento pedagógico, que envolve também a adoção de rankings. “Uma das primeiras questões que eu coloco […] é se as instituições superiores estão mesmo efetivamente e genuinamente preocupadas com o estudante ou se há também razões financeiras, de lógicas economicistas. Os rankings também avaliam as questões pedagógicas […], mas em determinada altura temos que ver se é mesmo só isso ou se há aqui outras razões que são também importantes para esta situação”, ponderou Costa.
Além da presidenta da Fundação Joaquim Nabuco — que também participou da mesa plenária na tarde desta quarta (16), sobre as tendências e perspectivas nos sistemas, avaliação, currículo e qualidade da educação — estiveram presentes no terceiro dia de congressos a coordenadora do Centro de Estudos de Cultura, Identidade e Memória (Cecim) da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundaj, Darcilene Gomes, e o presidente da Anpae, Luiz Fernandes Dourado.
Com o tema “Estado, democracia, políticas e gestão da educação: impasses e perspectivas”, os congressos são promovidos pela Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae), pelo Fórum Português de Administração Educacional e pelo FEAE na Espanha em parceria com a Fundaj e a UFPE. O evento segue até esta quinta-feira (17), com mesas plenárias, simpósios temáticos, colóquios e comunicações orais de trabalho sobre políticas públicas educacionais, finalizando com uma mesa de encerramento.