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Fundação Joaquim Nabuco realiza IV Seminário Pernambucano sobre Natalidade e Mortalidade, no Derby
Saúde pública e qualidade de vida para gestantes e seus filhos em foco na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). O campus Ulysses Pernambucano da instituição, no bairro do Derby, recebeu nesta terça-feira (09) o IV Seminário Pernambucano sobre Natalidade e Mortalidade, com o tema “Reflexões sobre natalidade e anomalias congênitas”. O evento foi uma iniciativa da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundaj, como desdobramento da pesquisa “Análise da mortalidade materna, fetal e infantil por covid-19 no estado de Pernambuco”.
Na solenidade de abertura, Márcia Angela Aguiar, presidenta da Fundaj, ressaltou a importância de promover a qualidade de vida e abordar a mortalidade de gestantes, fetos e recém-nascidos. “Uma iniciativa dessa natureza é extremamente importante, especialmente porque é um evento que congrega militantes, especialistas, órgãos e também quem está diretamente envolvido no cotidiano dessa luta”, disse.
Organizadora do seminário, a pesquisadora da Fundaj Cristine Bonfim abordou em sua fala de abertura o eixo temático da quarta edição do encontro: “Observamos uma queda expressiva na natalidade, no país, no estado e nos municípios, e isso tem reflexo nos nossos indicadores de mortalidade, o que traz preocupação, pois é um indicador de saúde extremamente importante”. Segundo a pesquisadora, novas perspectivas sobre as malformações congênitas, que vêm crescendo numericamente entre os nascidos vivos, também motivaram a abordagem do tema no seminário.
Também participaram da solenidade de abertura a coordenadora-geral do Cedist/Dipes/Fundaj Edneida Cavalcanti; Denise Lopes Porto (Ministério da Saúde); Sandra Valongueiro e Ana Paula Esmeraldino, membros do Comitê Estadual da Mortalidade Materna, Ana Lucia Ribeiro de Vasconcelos (Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz), Antônio Flaudiano Bem Leite (Secretaria de Saúde do Estado) e Gliner Dias Alencar, superintendente do IBGE.
Mariza Miranda Theme Filha, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ministrou a palestra de abertura, com o tema “Pesquisa Nascer no Brasil: Método e Resultados”. Com mediação da Profª Vilma Costa de Macêdo, da UFPE, a atividade teve como foco a comparação entre as pesquisas Nascer no Brasil 1 (2011-2012) e Nascer no Brasil (2021-2025). Ambas foram promovidas pelo Grupo de Pesquisa em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, com pesquisadores da Fiocruz do Rio de Janeiro e diversas outras instituições acadêmicas brasileiras.
Realizada após a pandemia da covid-19, a pesquisa Nascer no Brasil 2 revela um panorama abrangente e detalhado de gestantes e gestações no país, com revela dados de mais 22 mil mulheres em 393 hospitais pelo Brasil. As comparações com a primeira pesquisa, de 2011, apontam mudanças significativas na perspectiva da gravidez em múltiplos recortes, como escolaridade e raça.
Após a palestra, a primeira sessão de trabalhos do Seminário trouxe as apresentações “Transição da fecundidade no Brasil e em Pernambuco”, de Raquel Zonatta Coutinho, da UFMG; “Padrões e tendência temporal da natalidade no Brasil”, de Denise Lopes Porto; e “Perfil da natalidade em Pernambuco”, de Cândida Pereira, da SES-PE. A sessão foi mediada por Sandra Valongueiro.
Por meio do monitoramento de instituições como Ministério da Saúde e SES-PE, os trabalhos demonstram as mudanças em diversos aspectos do cenário da natalidade no país. Um dos destaques é a influência do nível de escolaridade das mulheres e das recentes crises econômicas, políticas e sanitárias, como a epidemia do Zika Vírus e a pandemia da covid-19, na queda geral da taxa de fecundidade. A coleta contínua de dados também permite o diagnóstico evolutivo de fatores como a maternidade da adolescência e o número de partos cesáreos.
À tarde, o seminário contou com um breve momento cultural, com apresentação do Coral da Fundação Joaquim Nabuco. Na sequência, foi formada a segunda sessão de comunicações orais do seminário, que contou com as apresentações “Anomalias congênitas críticas: investigação e condução iniciais”, de Thiago Oliveira Silva, do Hospital das Clínicas da UFPE; “Perfil e tendência temporal dos nascidos vivos com anomalias congênitas no Brasil”, de João Matheus Bremm, do Ministério da Saúde; e “Nascidos vivos com anomalias congênitas em Pernambuco: perfil epidemiológico e estratégias para qualificação da informação no SINASC”, de Celivane Cavalcanti Barbosa, da SES-PE. A coordenação ficou por conta de Enildo José dos Santos, da Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa.
No primeiro momento, foram abordadas as apresentações clínicas, os períodos críticos no desenvolvimento embrionário e formas de prevenção e tratamento das anomalias congênitas. Outro destaque foi a apresentação do trabalho da vigilância de anomalias congênitas no Brasil, bem como as metas do programa. “A gente precisa dessa vigilância ativa nos territórios e que busca antecipar [essas anomalias] pra gente não viver em estado de emergência”, concluiu Celivane.