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Engenho Massangana recebe a exposição “A Coisa Ficou Preta”
O Engenho Massangana, espaço vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), recebe, de 13 de dezembro a 29 de março de 2026, a exposição “A Coisa Ficou Preta”.
A mostra é a primeira exposição individual do artista visual alagoano Gleyson Borges e reúne obras produzidas em diferentes momentos de sua trajetória, explorando múltiplas mídias e propondo um diálogo direto sobre negritude, memória e presença. A visitação é gratuita e ocorre de terça a domingo, das 9h às 15h.
Conhecido por uma produção provocativa, Gleyson Borges emerge da cultura urbana e da estética das ruas para ocupar o espaço museológico do Engenho Massangana. Em suas obras, o artista transforma experiências em imagem, palavra e textura, construindo um arquivo político-afetivo que questiona o modo como o corpo negro molda o mundo, e como o mundo o molda de volta. A negritude atua como eixo central do percurso expositivo, orientando o olhar do público para o passado, o presente e o futuro a partir de uma perspectiva viva e insurgente.
A mostra destaca o gesto artístico como ferramenta direta de comunicação. Sem se restringir a uma única linguagem, Borges experimenta suportes e mídias diversas, com presença marcante do lambe-lambe — técnica que consolidou sua inserção nas ruas — ao lado de trabalhos em novos formatos. “A exposição é uma mistura interessante do meu trabalho, trazendo obras em lambe-lambe, que é uma mídia onde construí a base do meu fazer artístico, e também experimentando outros canais onde sinto que a mensagem que quero passar pode funcionar com mais potência”, afirma o artista.
“A Coisa Ficou Preta” apresenta esse conjunto de obras como um corpo em movimento, evidenciando um processo criativo que se transforma com o tempo, amadurece e resiste. Ao ocupar o Engenho Massangana, Gleyson dialoga com a memória do espaço colonial e com a história da população negra no Brasil.
“Conquistar espaços com arte e presença negra é uma jornada constante. Realizar a minha primeira individual é uma conquista enorme, e fazer isso em um engenho, dentro de uma casa grande, é ocupar um espaço que historicamente é muito pesado. É sentir esse peso, assumir essa responsabilidade e honrar e pedir licença para todas as pessoas negras que passaram por aquele chão antes de mim”, acrescenta.
Para o curador Jhonyson Nobre, a obra de Borges possui um caráter reconfigurador de memória visual. “O trabalho de Gleyson opera pela reorganização de imagens existentes. Ele coleta fotografias, arquivos e fragmentos visuais que circulam no cotidiano para produzir afirmações que antes não eram vistas”, destaca.
Com passagens por cidades como Maceió, Salvador, São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia e Rio de Janeiro, além de mostras em Portugal e no Egito, Gleyson Borges construiu uma trajetória que transita entre rua, museus e galerias, articulando forma, território e experiência negra contemporânea. No Engenho Massangana, essa trajetória se materializa como presença, memória e potência criativa.
Serviço:
Engenho Massangana recebe a exposição “A Coisa Ficou Preta”
Local: Engenho Massangana – Rodovia PE-60, Km 10, s/n, Cabo de Santo Agostinho – PE
De 13 de dezembro a 29 de março de 2026.
Funcionamento: Terça a domingo, das 9h às 15h
Visitação: Entrada gratuita