Relatos e Historias
PELOTAS - RS
Livros personalizados transformam internação em experiência positiva na Pediatria do HE-UFPel
Histórias são criadas a partir das informações fornecidas pelas crianças e seus responsáveis, incluindo gostos, preferências e registros de momentos vividos no Hospital, funcionando como uma narrativa única da experiência da internação.
Pelotas (RS) – Você se lembra do livro que mais marcou sua infância? Aquele que você relia, levava para todos os lugares e que fazia a imaginação viajar? Ou imaginou-se como personagem de um desses livros? No Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), cada criança internada na Pediatria, ligada à Unidade da Criança e do Adolescente, pode receber um livro personalizado, que a coloca como protagonista de sua própria história.
O projeto envolve a Brinquedoteca, coordenada pela pedagoga hospitalar Adriana Guedes Coutinho, e o Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde da Criança, conduzida pela preceptora e profissional de Educação Física Lidiane Pozza Costa. “O projeto tem como objetivo promover acolhimento e bem-estar emocional para crianças hospitalizadas, por meio da criação de um pequeno livro personalizado”, pontuou Adriana.
A ação busca humanizar o atendimento, facilitar a adaptação ao Hospital e gerar uma lembrança positiva que conecta cada paciente à própria história de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS). As histórias são criadas a partir das informações fornecidas pelas crianças e seus responsáveis, incluindo gostos, preferências e registros de momentos vividos no Hospital, funcionando como uma narrativa única da experiência da internação.
“Essa abordagem ajuda a reduzir o estresse, a ansiedade e o medo associados à hospitalização, além de promover a interação social e o desenvolvimento cognitivo e emocional. O registro lúdico também facilita a comunicação entre o paciente, a família e a equipe médica, permitindo uma melhor compreensão da condição do paciente e do processo de tratamento”, observou Adriana.
Como são feitos os livros?
O processo começa na Brinquedoteca, onde a criança é acompanhada por profissionais da Residência Multiprofissional, incluindo Educação Física, Nutrição e Odontologia, além da pedagoga responsável pelo espaço. Durante o acompanhamento, áudios são gravados com a narrativa da criança sobre sua história ou conto, que depois são estruturados com o auxílio de inteligência artificial (IA) para criar o roteiro e as ilustrações.
“A partir destas informações, elaboramos uma história inicial e ao longo do livro vamos acrescentando momentos vividos no Hospital. Tiramos fotos durante o período que acompanhamos a criança e, com ajuda da inteligência artificial, transformamos as fotos em desenho para acompanhar o texto do livro”, contou Lidiane. O livro é impresso e encadernado pela Unidade Regional de Comunicação do HE-UFPel e entregue ao paciente antes da alta hospitalar.
Lidiane reforçou que o objetivo do projeto “é que a criança leve consigo uma lembrança positiva do período em que esteve internada, vendo e sentindo a experiência como algo agradável. Que o que permaneça em sua memória sejam o cuidado recebido e os momentos divertidos, e não os episódios de sofrimento”.
Impactos na rotina e no cuidado
Segundo o residente em Atenção à Saúde da Criança e profissional de Educação Física, Cezar Augusto Brito Pinheiro, a iniciativa qualifica a rotina do Programa de Residência e exige atenção à personalização de cada livro. “É fundamental criar vínculo com o paciente, entender seus gostos, medos e sonhos. Isso garante que ele se reconheça nas imagens e viva uma experiência positiva, o que facilita procedimentos médicos e promove confiança”, detalhou.
Para as crianças internadas, Cezar destacou que a personalização do material cria expectativa e animação, contribuindo para a redução do estresse e da ansiedade. “O atendimento se torna mais descontraído e lúdico, com a criança como protagonista, e estimula a expressão de sentimentos e pensamentos, o que enriquece o atendimento multiprofissional”. Ele reforçou que essa abordagem transforma a internação em uma experiência mais tranquila e interativa, bem como possibilita recordações positivas do período hospitalar.
Além disso, Cezar acredita que iniciativas como essa inspiram práticas mais humanizadas no SUS. “Faz com que o paciente se sinta parte do processo, cria espaço para que fale e opine, e adota ações simples que reduzem a sobrecarga emocional, favorecendo o tratamento”. Ele apontou ainda que, ao reduzir riscos de agravamento clínico e potencialmente o tempo de internação, essas ações beneficiam tanto os pacientes quanto o Estado, promovendo cuidado mais eficiente e acolhedor.
Como compartilhou Adriana, “As famílias são sempre receptivas e autorizam o desenvolvimento do processo criativo. Ao receber o exemplar da história adaptada à realidade da criança, de forma mais leve e acessível, conseguem perceber que para além da doença, o registro lúdico e educativo durante a internação hospitalar é uma ferramenta poderosa para promover o bem-estar, a recuperação e a humanização do ambiente hospitalar, trazendo benefícios tanto para o paciente quanto para sua família e a equipe de saúde”.
Sobre a Ebserh
O HE-UFPel faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh