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NITERÓI - RJ
Estudo do Huap-UFF contribui para a melhoria na qualidade de vida de crianças com síndrome congênita do vírus Zika
Niterói (RJ) - Em meados de 2015 surgiram no Brasil os primeiros casos de síndrome da Zika congênita, caracterizada por manifestação neurológica grave em bebês de mulheres grávidas que foram picadas pelo mosquito Aedes Aegypti. Desde então, a infectologista pediátrica Claudete Cardoso se dedica a pesquisar e acompanhar pacientes acometidos por esta condição no Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF), instituição vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Com especialização em infectologia pediátrica, Claudete é professora associada IV do Departamento Materno-Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, e havia acabado de concluir o pós-doutorado na Universidade da Califórnia, Berkeley, quando iniciou os estudos sobre o vírus Zika.
“Em 2015 começaram a surgir os primeiros casos de gestantes com manchas na pele e outros sintomas como febre, e posteriormente as crianças nasciam com microcefalia. Na ocasião, organizamos aqui no Huap-UFF, na Unidade de Pesquisa Clínica, uma estrutura para que pudéssemos receber essas gestantes, com uma equipe multidisciplinar, e acompanhamos 258 binômios mãe e bebê”, explica a professora. O projeto era previsto para ter a duração de cinco anos, mas a pesquisadora obteve autorização do Comitê de Ética em Pesquisa para continuar acompanhando as crianças no ambulatório de Pediatria Geral do hospital, e 40 delas continuam sendo assistidas pela equipe da pesquisa até hoje.
A pesquisa se caracteriza como um estudo prospectivo de coorte, isto é, quando um grupo de pessoas é observado para investigar o impacto de uma doença no decorrer do tempo. “Estávamos em uma emergência de saúde pública onde precisávamos de respostas, pois ninguém conhecia a doença, então nos organizamos para atender essas mães e suas crianças e conhecer a história natural do vírus Zika, realizando um acompanhamento clínico e proporcionando um tratamento adequado para esses pacientes a longo prazo”, comenta Claudete Cardoso.
Desde 2016, quando o estudo foi iniciado, já foram publicados 24 artigos, além de orientações de Iniciação Científica, dissertações de mestrado, teses de doutorado, pós-doutorado e trabalhos de conclusão de curso. A também professora Renata Artimos, que foi sua aluna de doutorado e pós-doutorado e atualmente é professora adjunta I do Departamento Materno-Infantil, agora atua junto com Claudete na equipe de médicos pesquisadores do projeto. Além da parte médica, o projeto proporciona assessoria jurídica às famílias, orientando-as a buscar os direitos sociais para as crianças acometidas pela síndrome da Zika congênita.
Atendimento multidisciplinar
As crianças que são assistidas pelo projeto realizam avaliações multidisciplinares periódicas com infectologista, pediatra, ortopedista, oftalmologista, otorrinolaringologista, neurologista e fisioterapeuta a fim de acompanhar o seu desenvolvimento físico e intelectual. É o caso de Samuel da Silva Travassos, de 9 anos, que realiza tratamento no Huap-UFF desde que nasceu. A mãe, Elisangela da Silva, teve infecção pelo vírus Zika durante a gravidez e, após o parto, descobriu que o filho tinha síndrome da Zika congênita.
A professora Claudete explica que, graças ao diagnóstico e à intervenção precoce que o menino recebeu desde o início pela equipe de pesquisa, além de reabilitação multidisciplinar, ele teve um desenvolvimento acima da média de outras crianças com a síndrome da Zika congênita.
“Além de darmos respostas à comunidade acadêmica com publicações científicas, com essa pesquisa nós mantemos a nossa responsabilidade social junto aos pacientes por meio da assistência especializada, e realizamos esse trabalho com muita alegria e orgulho”, conclui a pesquisadora.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário da Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF) faz parte da Rede Ebserh desde o início de 2016. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Paola Caracciolo
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh