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INSA apresenta pesquisas voltadas para o semiárido brasileiro na 77ª Reunião da SBPC
Diretor Etham Barbosa, Ministra Luciana Santos, Coordenadora de Pesquisas Dilma Trovão, Secretário Inácio Arruda e Pesquisadora Malu Cavalcanti - Foto: Diego Galba
Na última semana, o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) levou o melhor da ciência, tecnologia e inovação desenvolvidas para o semiárido para a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o maior evento científico da América Latina. A edição de 2025 do encontro foi realizada na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e recebeu cerca de 20 mil pessoas em sete dias de evento.
As pesquisas desenvolvidas no INSA foram apresentadas em um estande na ExpoT&C, a mostra de ciência e tecnologia do evento que reúne expositores como unidades de pesquisa, universidades, agências de fomento, entidades governamentais, setor empresarial e outras organizações interessadas em apresentar novas tecnologias, produtos e serviços à sociedade.
Em sua 77ª edição, a reunião da SBPC de 2025 teve como tema “Progresso é ciência em todos os territórios” e celebrou a inclusão e a diversidade na produção científica brasileira. Instituições de pesquisa, organizações sociais e empresas públicas das cinco regiões do país marcaram presença no encontro, que buscou mostrar as variadas aplicações do conhecimento científico no dia a dia das pessoas.
Seguindo essa proposta, o Diretor do Instituto Nacional do Semiárido, Dr. Etham Barbosa, destacou o caráter multifacetado dos estudos desenvolvidos no instituto. “O INSA representou ‘a casa do semiárido’ na SBPC, apresentando ao público pesquisas de alto impacto social nas áreas de biodiversidade, produção vegetal, produção animal, ciência e tecnologia em alimentos, solos e mineralogia, recursos hídricos e gestão da informação e popularização do conhecimento, alguns dos nossos eixos prioritários de atuação. Tivemos um bom comparecimento e uma excelente receptividade das nossas pesquisas pelo público do evento, o que reforça a qualidade e a relevância da ciência que produzimos na nossa unidade”, declarou o gestor.

- Feito em trabalho colaborativo, o estande do INSA foi um verdadeiro sucesso de visitação (Fotos: Diego Galba e Amanda Tavares de Melo)
Uma das pesquisas que mais chamou a atenção dos visitantes foi a apresentada pela Dra Maristela Santana, pesquisadora responsável pela área de Ciência e Tecnologia em Alimentos do INSA. O projeto exposto pela pesquisadora na 77ª Reunião da SBPC abordou a atuação das abelhas no semiárido brasileiro, com destaque para o trabalho das abelhas meliponas da espécie canudo na produção de mel, um alimento fundamental para garantir a segurança alimentar e nutricional da região.
Maristela levou ao estande do INSA na ExpoT&C pequenas caixas com 250 abelhas-canudo e modelos em madeira que replicam os ninhos construídos pelas abelhas para a produção de um mel altamente saboroso e nutritivo. “Nós trabalhamos com caracterização de mel e transformação do mel em produtos alimentícios ou fármacos. Trabalhamos também com a parte de zootecnia, que estuda mais detalhadamente a criação e o manejo das abelhas no semiárido brasileiro. Esses conhecimentos são aplicados às pesquisas que estamos desenvolvendo e também serão direcionados à instalação de um apiário e um meliponário no INSA. Além disso, trabalhamos com a cadeia produtiva do mel e, ao final dela, desenvolvemos estudos socioeconômicos para entender o quanto a atividade de produção e venda de mel perfaz a renda anual do apicultor, que é o produtor rural em geral”, explicou a pesquisadora.
Outro estudo que animou o público da ExpoT&C foi o apresentado pelos pesquisadores da área de Produção Vegetal do INSA. A equipe da pasta promoveu uma degustação de alimentos feitos a partir da palma, uma cactácea tradicional do semiárido brasileiro. “A apresentação feita na Reunião da SBPC faz parte de uma pesquisa que visa ao melhoramento da palma e ao desenvolvimento de produtos alimentícios que usam a planta como matéria-prima. Lá no INSA desenvolvemos vários produtos como a farinha da palma, que pode ser usada para fazer biscoitos e bolos, o picles de palma, bastante apreciado por todos que o experimentam, e a palma cristalizada, que pode ser utilizada na merenda escolar de crianças e adolescentes ou como sobremesa após uma refeição. Com os produtos da palma, temos feito geleias, molhos tipo catchup e extratos, que são bastante saborosos, nutritivos e de várias colorações diferentes. Além de desenvolver produtos capazes de diversificar o cardápio da população, a nossa pesquisa também busca conscientizar a comunidade sobre o consumo dos alimentos derivados da palma, que são alternativas saudáveis, saborosas e altamente nutritivas”, explicou Renato Lima, pesquisador PCI da área de Produção Vegetal.
A área de Solos e Mineralogia também marcou presença no estande do INSA no encontro da SBPC. A equipe de pesquisadores liderada pelo Dr. Alexandre Bakker levou diversos experimentos ao evento, com destaque para as pinturas feitas com as geotintas, tintas naturais feitas com compostos orgânicos como argila, terra e água e que representam uma alternativa sustentável às tintas sintéticas que circulam no mercado. Além disso, o time de pesquisadores também apresentou ao público o aplicativo Solo Quiz, um jogo desenvolvido no INSA para testar os conhecimentos dos participantes sobre os solos, suas propriedades e múltiplas utilizações.
Já as pastas de Biodiversidade, Produção Animal e Recursos Hídricos apresentaram aos visitantes algumas espécies vegetais e animais típicas do semiárido brasileiro como o umbuzeiro e diversas espécies de cactos e, na parte animal, réplicas do gado curraleiro pé-duro e do cavalo nordestino, raças adaptadas às condições climáticas e ambientais da região. A área de recursos hídricos, por sua vez, chamou a atenção dos visitantes com as maquetes que demonstram a estrutura utilizada pela tecnologia SARA, uma tecnologia social de saneamento ambiental e reúso de água desenvolvida por pesquisadores do INSA.

- Pesquisadores e pesquisadoras se revezaram na apresentação das muitas pesquisas aos visitantes (Fotos: Diego Galba e Amanda Tavares de Melo)
As pesquisas desenvolvidas pelos diversos eixos de atuação do INSA foram tema de uma série de projetos confeccionados pela área de Gestão da Informação e Popularização do Conhecimento do instituto. O setor desenvolveu produtos como livros, folhetos informativos, mapas, jogos de tabuleiro, aplicativos para a entrega de mudas de plantas e um jogo digital intitulado “Desvendando Semiárido”, que permite aos jogadores uma experiência imersiva na área de produção vegetal e elaboração da geleia da palma. “Para conversar com o público, precisamos ter uma linguagem acessível e que consiga transmitir o que estamos produzindo. Por isso, nós da Popularização da Ciência trouxemos vários experimentos que misturam as áreas de comunicação, design e tecnologia da informação para fazer com que os participantes se aproximem das pesquisas que o INSA faz, dos resultados que o INSA e os seus parceiros conseguem, e para tornar a ciência que fazemos mais atrativa e sujeita às opiniões, críticas e sugestões da sociedade, haja vista que somos uma instituição pública de pesquisa e que precisa, portanto, da validação da sociedade sobre o que é produzido aqui”, afirmou Ricardo Lima, pesquisador titular da área de Popularização do Conhecimento do INSA.
A Coordenadora de Pesquisa do INSA, Dra Dilma Trovão, elogiou os projetos levados pela equipe de pesquisadores do instituto à reunião da SBPC e destacou o sucesso do estande durante o evento. “Nessa pequena amostra do que desenvolvemos no INSA, pudemos demonstrar algumas das ações de pesquisa, tecnologia social e extensão que realizamos em todo o semiárido brasileiro, lembrando sempre que todas essas ações precisam ser observadas de forma integrada, pois não é possível compartimentalizar o semiárido dada a sua pluralidade e a sua extensão no território nacional. Trouxemos pesquisas como o cultivo de mudas e o cultivo in vitro de cactáceas, que permite conservar a biodiversidade e depois devolver essas espécies à natureza, o trabalho cultural e folclórico com os solos e as geotintas, que se soma às análises de solos que fazemos para órgãos governamentais e para a agricultura familiar, a pesquisa em segurança alimentar e nutricional a partir da extração do mel das abelhas e o trabalho com a tecnologia SARA, que nós pretendemos que se transforme em uma política de governo na nossa região porque possibilita que a população do semiárido que não tem acesso à água por reposição da precipitação possa reaproveitar a água de uso doméstico para a irrigação e para a reestruturação da sua cadeia produtiva. Todas essas ações nos deixam muito orgulhosos e ilustram a potência das pesquisas desenvolvidas no INSA para o semiárido brasileiro, porque o instituto faz o que precisa ser feito em termos de ciência para o nosso povo”, concluiu a coordenadora.