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Abelhas do Semiárido: INSA/MCTI participa do Bode na Rua e reforça diálogo com apicultores de Gurjão-PB
Patrício Maracajá, Maristela Santana e Camila Gurjão posando com o mascote da festa do Bode na Rua - Foto: Divulgação/INSA
Durante a 23ª edição do evento “Bode na Rua”, realizado entre os dias 24 e 27 de julho, no município de Gurjão-PB, o Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI) participou ativamente da programação, por meio de ações do projeto “Abelhas do Semiárido”, iniciativa voltada à valorização das abelhas nativas e ao fortalecimento da cadeia produtiva do mel na região.
A convite da organização local e da Associação de Apicultores e Meliponicultores de Gurjão, o INSA coordenou um espaço expositivo com materiais educativos e colmeias didáticas. As atividades buscaram aproximar o público visitante das espécies de abelhas meliponas nativas, como a Canudo (Scaptotrigona depilis) e a Jati (Plebeia flavocincta), ressaltando seu papel na polinização e no equilíbrio ecológico.
A presença do Instituto durante o evento também marcou um momento de articulação com produtores locais e lideranças do setor, evidenciado pelo convite à equipe do INSA para integrar a cerimônia de posse da nova diretoria da associação local de apicultores, além da participação na entrega de premiações na tradicional pista de competições da feira.
A pesquisadora Maristela Santana, responsável pela coordenação da ação, destaca que espaços como o Bode na Rua representam oportunidades relevantes para repensar a relação entre pesquisa científica e sociedade. Segundo ela: “Procuramos criar um ambiente colaborativo, em que fosse possível dialogar com os produtores. No entanto, muitas vezes as soluções que entregamos ainda seguem moldes pouco adequados à realidade local, e acabam não se sustentando a longo prazo. Quando não há participação direta das comunidades envolvidas, corremos o risco de impor caminhos que não se firmam, por mais tecnicamente elaborados que sejam.”

- O espaço expositivo possibilitou a interação dos visitantes com as espécies de abelhas meliponas nativas (Fotos: Camila Gurjão)
Desde março de 2025, o projeto “Abelhas do Semiárido” tem promovido oficinas e formações em parceria com a Secretaria de Agricultura Familiar de Gurjão e o PEASA/UFCG, reunindo apicultores, meliponicultores e agentes locais. A proposta é articular conhecimento técnico e experiências empíricas, construindo soluções viáveis para o contexto semiárido a partir das realidades dos próprios territórios.
Nesse sentido, a pesquisadora enfatiza que o papel das instituições científicas precisa ser continuamente revisto: “É importante reconhecer que um projeto científico precisa ir além do discurso acadêmico. Ele precisa estar conectado com a vida das pessoas. E isso só é possível quando há disposição para construir junto, mesmo que isso signifique desacelerar o ritmo e escutar mais.”
Além de Maristela Santana, a ação contou com a participação dos pesquisadores PCI Patrício Maracajá e Camila Gurjão. A experiência em Gurjão representa um avanço no processo de aproximação entre ciência e sociedade, fortalecendo redes de cooperação com base no respeito às práticas culturais e no reconhecimento dos saberes locais.