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Workshops técnicos marcam primeiro dia da Conferência Livre: Informação em Ciência, Tecnologia e Inovação
A Conferência Livre: Informação em Ciência, Tecnologia e Inovação, que celebra os 70 anos do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), acontecerá de 15 até 19 de abril de 2024.
No primeiro dia do evento (15), foram realizadas 12 oficinas técnicas, que apresentaram ao público temas, serviços e produtos relacionados ao Ibict e à informação em C&TI. As atividades aconteceram nos laboratórios da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e tiveram transmissão ao vivo pelo canal do Ibict no YouTube.
Confira como foram as oficinas e clique nos links para assistir à transmissão completa dos vídeos.
BrCris: Ecossistema de Informação da Pesquisa Científica Brasileira
A oficina apresentou a plataforma agregadora que permite recuperar, certificar e visualizar dados e informações relativas aos diversos atores que atuam na pesquisa científica brasileira. A atividade foi ministrada por Marcel Souza Garcia, coordenador da Coordenação de Tratamento, Análise e Disseminação da Informação Científica (CODIC) do Ibict e Thiago Magela, professor de Modelagem Matemática e Computacional do Cefet-MG. “Esse workshop foi uma boa oportunidade para mostrarmos como trabalhar a informação do BRCris e como esse conjunto de dados pode ser visualizado pelo usuário”, explicou Marcel Garcia de Souza. A oficina abordou questões como o desenvolvimento técnico da plataforma, os desafios de tratamento e integração dos dados e a evolução dos dados disponibilizados. “O BRCris é uma plataforma sempre em construção”, relata Thiago Magela.
Tratamento de dados com Python
Ministrada por Milton Shintaku, Coordenador de Tecnologia da Informação (Cotec) e Rebeca Moura, pesquisadora do Ibict, a atividade apresentou a linguagem de programação Python e demonstrou como realizar tratamento de grandes volumes de dados. “Toda pesquisa parte de um problema. O problema é que cada vez mais as Ciências Sociais estão trabalhando com dados, na quantitativa e na qualitativa. A ideia foi apresentar o Python para pesquisadores trabalharem com dados de forma mais simples”, diz Milton. De acordo com Rebeca, o Python é uma linguagem de programação versátil e poderosa, amplamente utilizada em diversas áreas como desenvolvimento web, ciência de dados, automação, possui sintaxe limpa e legibilidade, com variedade de bibliotecas e recursos.
Jayme Leiro, professor de Ciência da Informação na UnB, e Fábio Gouveia, coordenador do PPGCI Ibict-UFRJ, apresentaram uma introdução às diferentes metrias dos Estudos Métricos da Informação. “É muito importante, antes de tomar uma decisão, ter um quadro com uma situação mais objetiva. Métricas são um instrumento poderoso para tomada de decisão de estudantes, professores, técnicos/profissionais e gestores. O número de tá algo muito objetivo, maior consistência científica e maior evidência aos fenômenos na metodologia de pesquisa”, diz Jayme Leiro. Já Fabio Gouveia apresentou ferramentas e serviços de elaboração de indicadores métricos da informação e de acesso gratuito.“A metria sempre é um estudo que se baseia num contexto. Ele pode ser quantitativo ou qualitativo, com um estudo que se aprofunda num tema”, avalia.
Ministrada por Luana Sales, professora do PPGCI-Ibict/UFRJ, a atividade apresentou uma compreensão sobre o dado de pesquisa e sua gestão. “Se a gente não sabe o que é um dado de pesquisa, não consegue fazer a gestão de dados. Conhecer o dado é muito importante para saber como lidar com ele na prática”, explica a especialista. Segundo Luana, quem avalia o que é um dado é a própria natureza da pesquisa, pois os dados são gerados para diferentes propósitos, por diferentes comunidades científicas e por meio de diferentes processos. Compreender os tipos de dado de pesquisa ajuda em questões como a identificação e coleta adequada, organização e armazenamento, padronização e metadados, segurança e privacidade, análise e interpretação, reprodutibilidade e compartilhamento e preservação a longo prazo.
Tempora (timeline desinformação)
Realizada pelo pesquisador do ibict e coordenador do Laboratório em Rede de Humanidades Digitais (Larhud), Ricardo Pimenta, junto com Josir Cardoso Gomes (Doutor pelo PPGCI/Ibict-UFRJ) e Tainá Regly de Moura Souza (mestra e doutoranda pelo PPGCI/Ibict-UFRJ) a atividade apresentou a Tempora, uma ferramenta produzida pelo Larhud a partir do Timeline JS, software de storytelling criado pelo KnightLab da Northwestern University, EUA. O objetivo da Tempora é permitir que pesquisadores construam linhas de tempo sobre uma determinada temática.
Ricardo Pimenta explicou que com a Tempora, é possível representar e organizar a visualização de um ou mais fatos históricos, a partir de temática específica dentro da coleção; recorte temporal; nuvem de palavras; e, fontes verificadas. Segundo o pesquisador, “diferentemente da versão original do Timeline JS, a Tempora é mais do que uma ferramenta de visualização de links em ordem cronológica, é uma plataforma de arquivamento, organização, catalogação e visualização da informação digital disponível na web”.
A oficina apresentou os temas Acesso Aberto, Ciência Aberta e Revistas Científica: ações históricas e contemporâneas do Ibict e foi ministrada pelos pesquisadores do instituto Bianca Amaro, Denise Aparecida Freitas de Andrade e Fhillipe de Freitas Campos. Os pesquisadores relataram que os grandes desafios do acesso aberto são: aumentar a qualidade; a disseminação e a internacionalização de revistas científicas brasileiras; criar as infraestruturas necessárias para implantação de um modelo de comunicação científica que não seja comercial; auxiliar os editores científicas na gestão editorial das revistas; construir e disseminar modelos mais inclusivos para a avaliação da ciência que não priorizam uma estrutura comercial e democratizar o acesso aos produtos da ciência no mundo.
De acordo com os pesquisadores, o conceito de Ciência Aberta abarca diferentes pilares, dentre os quais estão o acesso aberto a publicações e a abertura de dados científicos, tendo como principais benefícios: capacidade de reprodutibilidade da pesquisa, maior transparência do financiamento público, aumento da velocidade de circulação da informação como insumo para o progresso da ciência e reuso de dados em novas pesquisas, resultando numa ciência de maior qualidade, com progressos mais rápidos e alinhados às necessidades das sociedades”.
A oficina sobre o Projeto Pinakes: MARC21/MARCXML foi ministrada pela coordenadora da de Serviços Bibliográficos (COBIB) do Ibict, Ana Carolina Simionato Arakaki. A apresentação detalhou como funciona a catalogação automatizada e suas especificações e a evolução do formato MARC 21/MarcXML, entre outros assuntos envolvidos nas atividades em desenvolvimento do Projeto Pinakes (Ibict).“O objetivo desses encontros é promover a capacitação e o intercâmbio de dados em MARC 21”, frisou Ana Carolina Arakaki.
Com o tema "Canal Ciência- navegando pelo conhecimento", a oficina apresentou o serviço de divulgação científica do Ibict.“O Canal Ciência é um dos serviços mais antigos do Ibict e queríamos mostrar um pouco dos nossos produtos, principalmente em relação à democratização da ciência que está alinhada à missão do Ibict”, ressaltou a pesquisadora e coordenadora do Canal Ciência, Leda Cardoso Sampson Pinto. De acordo com Leda, a missão do Canal Ciência é contribuir para a construção de uma sociedade de informação confiável e justa e promover a ciência para o fortalecimento da educação brasileira.
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)
Promovida pelo Laboratório de Informação para Sustentabilidade (LIS) da Coordenação de Tecnologias Aplicadas (COTEA), foram discutidos conceitos que fazem parte do Pensamento do Ciclo de Vida e os aspectos da aplicação da ACV na prática. Para o pesquisador Thiago Rodrigues, esse pensamento “seria a filosofia por trás da ferramenta de ACV”, que inclui, por exemplo, a conscientização ambiental e uma perspectiva de pensamento sistêmico que leva em conta “a complexidade da natureza, a instabilidade do mundo e a intersubjetividade do conhecimento”.
Em seguida, o pesquisador apresentou uma linha histórica da ACV no mundo e abordou as aplicações da ferramenta, como o gerenciamento e preservação dos recursos naturais, a identificação dos pontos críticos de processos, a otimização de sistemas de produtos e o subsídio à tomada de decisão do consumidor ou produtor, entre outras. Foram abordados, ainda, alguns produtos desenvolvidos pelo Ibict nessa temática, como o Banco Nacional de Inventários do Ciclo de Vida (SICV Brasil) e o Lavoisier, uma ferramenta que promove a interoperabilidade entre os diversos sistemas e bases de dados de ACV.
Mapa Conceitual da Informação para a Sustentabilidade
Também realizada pela equipe do LIS, a oficina trouxe detalhes da versão inicial do projeto. Segundo o pesquisador Wagner Fischer, o Mapa está alinhado com a missão do LIS de “promover a informação para a sustentabilidade de forma a contribuir com tomadas de decisão baseadas em evidências técnicas, em prol do desenvolvimento sustentável e científico do país”. A pesquisadora da Embrapa, Milena Telles, mostrou quais foram os métodos e como foi a construção do Mapa, um sistema conceitual estruturado de termos e suas relações para mapear, organizar e representar a informação sobre sustentabilidade.
Os pesquisadores Hesley Py e Sérgio Menezes apresentaram o Sistema Aberto de Observatórios para Visualização de Informações (VISÃO), que disponibiliza o uso de dados abertos de forma interativa por meio de mapas. De acordo com Hesley, este tipo de publicação de dados “favorece a apropriação social da informação” e, consequentemente, a democratização dos dados. “Um dos pontos fundamentais desse trabalho é o que chamamos de visão controversa”. Segundo o pesquisador, o VISÃO, desenvolvido pelo Ibict, difere de todas as outras plataformas, pois é o único sistema que permite que o cidadão colete e publique dados, muitas vezes em contraposição a dados oficiais. Durante a oficina, os participantes puderam ainda criar perfis para utilização do sistema.
Plano de Gestão de Dados - PGD
A professora Laura Rezende (Universidade Federal de Goiás) e o coordenador de Governança em Tecnologias para Informação e Comunicação do Ibict, Alexandre Faria de Oliveira, apresentaram o portal PGD-BR, uma ferramenta de código aberto online gratuita que auxilia os pesquisadores(as) brasileiros(as) a criarem seus Planos de Gestão de Dados (PGD). De acordo com os pesquisadores, a criação de um PGD pode “garantir a qualidade, a integridade e a usabilidade dos dados de pesquisa, beneficiando não apenas o pesquisador, mas também a comunidade acadêmica e a sociedade”.