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Ciência e educação: Museu Goeldi recebe professores da educação básica para oficina sobre sociobiodiversidade
Agência Museu Goeldi – O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) realiza, nestas quarta e quinta-feira (17 e 18/12), a Oficina “Sociobiodiversidade e educação”. Dirigida a onze professores da educação básica da rede pública de ensino, que atuam em diferentes anos e áreas de conhecimento, a ação está sendo realizada no Campus de Pesquisa, no bairro de Terra Firme, em Belém. A atividade faz parte do projeto de extensão que envolve os programas de pós-graduação do MPEG em Ciências Biológicas – Botânica Tropical (PPGBOT), em Biodiversidade e Evolução (PPGBE) e em Diversidade Sociocultural (PPGDS). A iniciativa busca contribuir com abordagens que promovam a divulgação, a compreensão e a valorização da sociobiodiversidade amazônica, integrando conhecimentos científicos e pedagógicos.
A oficina é a terceira atividade do “Projeto extroversão dos saberes científicos e pedagógicos da sociobiodiversidade no contexto amazônico”, promovido pelo PPGBOT, cuja coordenadora é a pesquisadora Anna Ilkiu-Borges. Participam do projeto de extensão cerca de 30 professores e alunos de pós-graduações. A primeira oficina aconteceu no ano passado, com o tema “Ensino da botânica”, e a segunda atividade foi uma ação educativa imersiva junto a alunos com deficiência auditiva e a professores de Libras, ocorrida em outubro deste ano.
Na abertura do evento, na manhã desta quarta-feira, a coordenadora da iniciativa deu as boas-vindas aos participantes e ressaltou a importância da atividade como uma troca de saberes. “Esse projeto de extensão é promovido pela Capes, porque há o interesse de aproximar as pós-graduações da sociedade. Então, dentro dessa ação, promovemos a integração das atividades de extensão dos PPGs do Museu Goeldi, compartilhando o conhecimento científico que é produzido no Museu e fazendo a aproximação desse saber com o saber pedagógico. A oficina, como toda ação de extensão, é uma troca. Nós estamos aqui para mostrar o que nós produzimos, mas também aprender com vocês como a gente pode transmitir esse conhecimento para a sociedade. Então, eu dou boas-vindas para vocês. Eu desejo que tenham uma boa experiência com o Museu”, disse Anna Ilkiu.
Para o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Sociocultural, Glenn Shepard, o PPGDS tem uma característica única de integrar todas as áreas das ciências humanas (como arqueologia, linguística, museologia, patrimônio, etnologia indígena e dos povos afrodescendentes da Amazônia) com a museologia, via coleções científicas, e com as áreas das ciências naturais. “Eu acho que é importante compartilhar esses conhecimentos com a sociedade. E se a gente puder inspirar, pelo menos, um dos nossos alunos, a gente fez nossa tarefa. Espero que vocês consigam, nesse projeto, inspirar jovens, crianças, jovens universitários, para talvez alguns se dedicarem a essa paixão pela sociobiodiversidade. Bem-vindos ao programa”, disse.
De acordo com o organizador do evento, Pedro Glécio Costa Lima, pós-doutorando do PPGBOT, os participantes desta segunda oficina são professores da rede pública de ensino, especialmente da Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle, localizada no bairro da Terra Firme, que é parceira dessa atividade. “Essa união entre ciência e educação é importante porque dá visibilidade à conservação da biodiversidade e dos saberes associados à área. O objetivo é trabalhar a temática na construção de estratégias educativas com o protagonismo e a parceria dos professores da rede pública do ensino básico. Essa ação também é importante para criar outros canais e novas linguagens para a difusão do conhecimento científico, principalmente o produzido na Amazônia”, explicou Pedro Lima.
Expectativas do público-alvo – A professora de biologia, Milene Pimentel Tavares, está na rede estadual de ensino há 16 anos, e ressaltou a oportunidade de, atualmente, estar na Escola Brigadeiro Fontenelle, no bairro da Terra Firme, bem parte do Campus de Pesquisa do MPEG, e poder ter esse diálogo com o Museu. “Minhas expectativas são imensas, são enormes com esse projeto de extensão, feito em comunicação com a escola, com a produção de produtos didáticos, que, para nós, professores da educação básica, são extremamente necessários para o nosso dia a dia, para que a gente possa despertar a cultura investigativa, científica, e a curiosidade nos nossos estudantes”, afirmou.
Já o professor de língua portuguesa, Felipe Cruz, a imersão na oficina e a vinculação ao projeto de extensão lhe darão mais subsídios para sua atuação em sala de aula. Ele espera poder compartilhar o conhecimento com outros colegas que não estavam na atividade, visto que a escola possui mais de 50 professores. “Uma das coisas que nós mais trabalhamos na escola é a interdisciplinaridade, e esse projeto é muito interessante por isso. Por exemplo, eu vou estar mais focado na área de arqueologia, que eu acho que pode ser um estudo interessante para a língua portuguesa, pela possibilidade de produção de textos e pela relação com os objetos. Eu acredito que as práticas pedagógicas que a gente for aprendendo, a gente vai compartilhar com os nossos colegas para também sermos difusores dessas práticas dentro da nossa escola”.
A oficina – A “Oficina sociobiodiversidade e educação” acontece ao longo de dois dias. No primeiro dia, acontecem visitas às coleções científicas do Museu Goeldi, como a de arqueologia, além do herbário e dos acervos associados à micologia e à etnobotânica. “As coleções são oportunidades de sensibilização dos visitantes, dos diferentes profissionais de outras áreas, com a diversidade de temas e questões que o Museu Goeldi aborda sobre a pesquisa na região amazônica”, ressaltou o professor Pedro Lima.
Após a visitação, foram formados grupos de trabalhos, que adotarão diferentes temas de pesquisas desenvolvidas no Museu (relacionados à botânica, etnobotânica, arqueologia, zoologia, entre outros) como estratégias para a elaboração de planos de aula. A ideia é que cada grupo desenvolva uma proposta pedagógica envolvendo as temáticas em sócio e biodiversidade em contexto amazônico para ser trabalhada junto aos estudantes.
Texto: Andréa Batista
Revisão: Carla Serqueira