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22 de fevereiro de 1942
Santos Dias
Nascido em 22 de fevereiro de 1942, Santo Dias da Silva foi um líder operário negro, integrante da Pastoral Operária, da Oposição Sindical Metalúrgica e do Comitê Brasileiro pela Anistia. Era casado com Ana Maria do Carmo Silva, ou Ana Dias, uma das principais lideranças dos movimentos de moradores de São Paulo nos anos 1960 e 1970, ativa nos Clubes de Mães, nas Comunidades Eclesiais de Base e no Movimento contra a Carestia.
Expulso de suas terras em 1961, Santo trabalhava como metalúrgico em São Paulo quando, em 30 de outubro de 1979, foi assassinado pela polícia militar enquanto liderava um piquete pacífico de greve.
Sua morte causou imensa mobilização. Por sua trajetória nas organizações de base da igreja católica, foi velado na igreja da Consolação e o cortejo seguiu até a Catedral da Sé, acompanhado por cerca de duzentos padres, onze bispos e uma multidão de fiéis, como um ato de resistência e solidariedade.
Santo Dias se tornou um mártir da luta operária e o local de sua morte é hoje um lugar de memória em São Paulo, visitado anualmente por centenas de militantes e sindicalistas.
No Arquivo Nacional está disponível a documentação do processo de reparação de Ana Dias junto à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos (CEMDP), as investigações que constam no relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), além de centenas de páginas dos serviços de informação (V8/TT).
Os trechos em destaque são informes do SNI e da DSI/MJ sobre os protestos e homenagens em memória de Santo Dias e o discurso do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, acusado de ser "orquestrado" pelos manifestantes. Em memória de Santo Dias, afirma Dom Paulo: “foi um tiro nas costas de todo o povo brasileiro, cansado de tanto arbítrio e violência... foi um policial que apertou o gatilho, mas outros lhe armaram as mãos”.
Santo Dias, presente. ✊🏾

