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Junho de 1969
O nascimento da Oban, o embrião do DOI-CODI
Em junho de 1969, a Operação Bandeirante era criada de forma experimental para centralizar as ações de eliminação das organizações de resistência e combate à ditadura militar da região da Grande São Paulo. Liderada pelo Comandante do 2º Exército, o general José Canavarro Pereira, a Oban articulava representantes dos diversos aparelhos policiais civis e militares para atribuir maior eficiência às atividades repressivas.
Órgão clandestino, não possuía dotação orçamentária oficial para operar. A Oban garantiu o seu funcionamento por meio de recursos financeiros e materiais provenientes de grandes empresários regionais, multinacionais e banqueiros. Entre os muitos financiadores e doadores comprovados estão os bancos Bradesco e Mercantil de São Paulo, as automobilísticas Ford e GM e os grupos Ultra (Ultragás) e Folha de S. Paulo.
Inicialmente, a Oban localizava-se nas dependências do 2º Batalhão da Polícia do Exército. Logo depois, o governador Abreu Sodré cedeu para sua instalação parte do edifício da 36ª Delegacia de Polícia, situada na Vila Mariana. O sucesso do modelo da Oban foi deflagrado pela grande captura de opositores à ditadura e pelo desmantelamento de organizações de esquerda importantes, entre elas a VAR-Palmares de Dilma Rousseff, cuja ação de desmonte retratada na fotografia em destaque culminou em sua prisão, em janeiro de 1970.
Ainda em 1970, a Oban foi “efetivada”, sendo então convertida em órgão oficialmente ligado ao Exército, o famoso e temido DOI-CODI, que rapidamente foi replicado para outros estados do país.
Ex-Oban, o DOI-CODI do 2º Exército foi reconhecidamente o local com a maior quantidade de mortes de opositores políticos em decorrência das torturas perpetradas indistinta e institucionalmente a seus prisioneiros. Estima-se que mais de 7000 presos tenham sidos ali torturados e pelo menos 50 assassinados.
Extinto no início dos anos 1980, a sua edificação foi tombada pelo governo estadual em 2014 e municipal em 2017. A transformação do prédio efetivamente em centro de memória é uma resolução recente, fruto de importantes ações e acordos que envolveram ativamente o Ministério Público de SP e a Unicamp, a quem caberá a gestão do memorial em elaboração.
Para mais informações sobre o processo de transformação do DOI-CODI do 2º Exército em Memorial, ver: https://unicamp.br/noticias/2025/04/04/acordo-entre-unicamp-e-mp-preve-memorial-doi-codi/ acesso em: 26 jun.2025