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13 de maio
Movimentos Negros na redemocratização
Nos 100 anos da lei que pôs fim ao escravismo no Brasil, os movimentos negros denunciaram a farsa da Abolição. Ao realizarem em 1988 essa crítica à formação brasileira, erigida sobre as marcas da exploração e do racismo, os movimentos fazem um paralelo entre os limites da abolição e os limites da redemocratização. O 13 de maio se torna um marco da denúncia da continuidade das estruturas racistas, afirmando o 20 de novembro como a data de celebração da luta negra, a partir da memória coletiva trazida por Zumbi dos Palmares.
Tanto em 1888, quanto em 1988 grupos dominantes se esforçaram em garantir um processo “lento, gradual e seguro”, e assim manter seus espaços de poder e direção política. No processo da abolição o gradualismo estava associado diretamente ao controle de trabalhadoras/es negras/os e à defesa das grandes propriedades. Na redemocratização da década de 1980, a ideia de uma anistia lenta, gradual e segura – contra uma ampla, geral e irrestrita – permitiu o controle da transição, a limitação das mudanças propostas pelos movimentos sociais e a não responsabilização do Estado e de seus agentes nas violações de direitos.
Para garantir a segurança o Estado ditatorial realizava uma permanente vigilância aos movimentos que considerava uma ameaça. O movimento negro era, assim, um dos alvos principais. Durante o fim dos anos 1970 e toda a década de 1980 a ditadura procurou vigiar as atividades de denúncia acontecidas no dia 13 de maio, chegando ao auge da vigilância no centenário da abolição em 1988. Aqui temos apenas alguns exemplos de muitos documentos que revelam como por todo o país, ao longo dos anos da redemocratização as ações de denúncia do movimento negro foram vigiadas e reprimidas. Os órgãos de vigilância demonstram o quanto a ditadura se sentia ameaçada pela luta negra, associando à subversão e ao “esquerdismo”.
Referências:
http://imagem.sian.an.gov.br/acervo/derivadas/br_dfanbsb_v8/mic/gnc/aaa/88068193/br_dfanbsb_v8_mic_gnc_aaa_88068193_d0001de0001.pdf - Página 5 (precisa aparecer o ponto 2) e página 8 (pontos 9 e 10)
http://imagem.sian.an.gov.br/acervo/derivadas/br_dfanbsb_v8/mic/gnc/aaa/76109622/br_dfanbsb_v8_mic_gnc_aaa_76109622_d0001de0004.pdf - página 47 (documento de 1976 – CIE, CISA, CENIMAR, SNI)
http://imagem.sian.an.gov.br/acervo/derivadas/br_dfanbsb_v8/mic/gnc/aaa/78113125/br_dfanbsb_v8_mic_gnc_aaa_78113125_an_01_d0001de0001.pdf - Texto de Hamilton Bernardes Cardoso sobre os 90 anos e suas comemorações, defendendo um Movimento Negro Unificado
http://imagem.sian.an.gov.br/acervo/derivadas/br_dfanbsb_v8/mic/gnc/lll/84004715/br_dfanbsb_v8_mic_gnc_lll_84004715_d0001de0001.pdf - 1984 - Página 10
http://imagem.sian.an.gov.br/acervo/derivadas/br_dfanbsb_v8/mic/gnc/nnn/82003441/br_dfanbsb_v8_mic_gnc_nnn_82003441_d0001de0001.pdf - 1982 - Página 2
http://imagem.sian.an.gov.br/acervo/derivadas/br_dfanbsb_v8/mic/gnc/ppp/88009965/br_dfanbsb_v8_mic_gnc_ppp_88009965_d0001de0001.pdf - página 15 (a princesa esqueceu de assinar a carteira), página 27 (100 anos sem abolição)
http://imagem.sian.an.gov.br/acervo/derivadas/br_dfanbsb_v8/mic/gnc/rrr/88011915/br_dfanbsb_v8_mic_gnc_rrr_88011915_d0001de0001.pdf - 1988 (orientação para a vigilância)


