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30 de agosto
Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados
O Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados, instituído pela ONU, demonstra como essa prática repressiva não está restrita a países, regiões, ou épocas específicas, assim como atinge sujeitos sociais diversos. Atravessa toda a história do Brasil e se torna na ditadura uma política sistemática.
Percebemos a presença dos desaparecimentos forçados de pessoas em diversos fundos do Arquivo Nacional e da rede de parceiros do Memórias Reveladas. Alguns casos se tornaram emblemáticos, como o do estudante e esportista Stuart Edgard Angel Jones. Sua mãe, a estilista Zuzu Angel, realizou um grande movimento de busca pelo filho, sabendo que ele havia sido assassinado na base aérea do Galeão. Mais tarde, Zuzu também foi morta em função da sua luta.
Mas os casos de desaparecimento não eram exceções na ditadura. A repressão à guerrilha do Araguaia foi responsável pelo maior número de pessoas desaparecidas em um único episódio. Em 1995, o Estado brasileiro reconheceu sua responsabilidade nesses casos, como o de Jana Moroni, por exemplo.
Além das organizações de luta armada, grupos sociais inteiros foram atingidos pelo sistemático desaparecimento de pessoas, como são os casos de operários e indígenas, estes últimos com aldeias inteiras dizimadas. A ditadura brasileira agiu ainda de forma articulada com as ditaduras do Cone Sul, especialmente a partir do Plano Condor, quando brasileiros desapareceram no exterior e estrangeiros foram presos e desapareceram no Brasil. Essa realidade fez com que familiares de diversos países se reunissem em busca de seus entes queridos, formando no início dos anos 80 a Federação Latinoamericana de Familiares de Detidos e Desaparecidos (FEDEFAM).
Os desaparecimentos forçados são crimes continuados que fazem os familiares persistirem na busca de respostas e dos corpos de seus entes queridos. A publicação de obituários em jornais foi uma forma encontrada para dar lugar ao luto, como no exemplo do obituário de Honestino Guimarães. Revelar as memórias dos processos no passado é um passo fundamental para a reparação dessas violações e para combater os desaparecimentos que continuam sendo cotidianos em nossa sociedade.