Comício da Central

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Em 13 de março de 1964, o presidente João Goulart compareceu em evento organizado pelo Comando Geral dos Trabalhadores com o objetivo de responder às críticas da oposição, da imprensa e dos empresários que se opunham às Reformas de Base (reforma agrária, urbana, educacional, tributária e eleitoral), acusando-o de desrespeitar a Constituição e de conspirar para um golpe de Estado.
O Comício ocorreu no Rio, em frente à Central do Brasil, e contou com cerca de 300 mil pessoas, trabalhadores, camponeses, servidores públicos e estudantes.
O discurso de Jango foi lido como “atentatório à democracia” mas é possível perceber em suas palavras um sentido de democracia ligado à justiça social e à participação popular. “Aqui estão os meus amigos trabalhadores, vencendo uma campanha de terror ideológico e sabotagem, cuidadosamente organizada para impedir ou perturbar a realização deste memorável encontro entre o povo e o seu presidente(...). Democracia para esses democratas não é o regime da liberdade de reunião para o povo: o que eles querem é uma democracia de povo emudecido, amordaçado nos seus anseios e sufocado nas suas reinvindicações. A democracia que eles desejam impingir-nos é a democracia antipovo, do anti-sindicato, da anti-reforma, ou seja, aquela que melhor atende aos interesses dos grupos a que eles servem ou representam”.
E seguia na defesa das reformas:
“(...) Reformar é solucionar pacificamente as contradições de uma ordem econômica e jurídica superada pelas realidades do tempo em que vivemos. (...) Todas as nações do mundo, independentemente de seus regimes políticos, lutam contra a praga do latifúndio improdutivo. Nações capitalistas, nações socialistas, nações do Ocidente, ou do Oriente, chegaram à conclusão de que não é possível progredir e conviver com o latifúndio. A reforma agrária não é capricho de um governo ou programa de um partido. É produto da inadiável necessidade de todos os povos do mundo.”
O Arquivo Nacional reúne documentos escritos e audiovisuais sobre o Comício da Central, além de ter sua sede situada ao lado desse importante lugar de memória da ditadura brasileira, a Central do Brasil na Avenida Presidente Vargas.