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12 de agosto de 1983
Assassinato de Margarida Alves

- Margarida falando em evento do CENTRU, setembro de 1981.BR_DFANBSB_V8_MIC_GNC_III_81002695_d0003de0003

- Capa do relatório de atividades do CENTRU (Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural) setembro de 1981.BR_DFANBSB_V8_MIC_GNC_III_81002695_d0003de0003
Margarida Maria Alves foi assassinada em 12 de agosto de 1983. Seu assassinato faz parte de uma série de violências e violações do Estado e de grupos privados na década de 80, que tinham a intenção de interferir na transição provocando medo e tentando constranger a luta por direitos de trabalhadoras/es e dos setores mais vulneráveis da sociedade. Por lutar por direitos, foi assassinada em troca de 1,5 milhão de cruzeiros, como afirmado por um dos algozes do atentado à advogada Tereza Braga apenas duas semanas depois da execução da líder camponesa. Margarida foi uma mulher nordestina, trabalhadora, filha de pai indígena e mãe negra. Liderança de um movimento que herdou as lutas camponesas anteriores à ditadura e que formou as bases para pensar a democracia no campo brasileiro. Exemplo de sua atuação está no debate sobre as mulheres e as crianças camponesas, presente na revista Mulherio, parte do Fundo Colomba Marques Porto, em que denuncia: “É muito triste a situação da mãe rural. Ela muitas vezes deixa os filhos também e vai cortar cana (...), enquanto isso, os meninos ficam arengando com os vizinhos, jogando pedra, brincando de espingarda quando o pai, às vezes, deixa fácil por descuido”. Sua atuação era também acompanhada pela repressão, como demonstra o material do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural presente no Fundo do SNI, juntamente com a atividade de pessoas como Paulo Freire e Betinho. Além de dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, Margarida era uma das fundadoras do CENTRU (Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural). O SNI (Serviço Nacional de Informações) e diversos outros órgãos federais e estaduais de repressão continuaram vigiando as homenagens realizadas à Margarida após seu assassinato, o que pode ser comprovado na documentação dos diversos fundos presentes no Memórias Reveladas. As ameaças e assassinatos de defensores de Direitos Humanos não acabaram após a morte de Margarida, mas ela se tornou um dos grandes símbolos para não esquecermos e para que, algum dia, nunca mais aconteça.


