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04 de setembro de 1990
Abertura da Vala de Perus
No dia 4 de setembro de 1990, há 35 anos, uma vala clandestina foi encontrada no Cemitério Dom Bosco, no bairro de Perus, em São Paulo. A investigação que levou à descoberta foi solicitada pela então prefeita Luiza Erundina. Dentro da vala, estavam os restos mortais de 1.049 pessoas, enterradas sem identificação.
A vala foi utilizada durante a ditadura militar brasileira para ocultar os corpos de presos políticos assassinados pelo regime e é mais uma evidência das graves violações de direitos humanos cometidas naquele período.
O Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF/ UNIFESP) tem desempenhado um papel essencial no esforço de investigação das 1.049 ossadas e identificação das vítimas. Até hoje, apenas cinco dessas ossadas foram oficialmente identificadas: Dênis Casemiro (1991), Frederico Eduardo Mayr (1992), Flávio Carvalho Molina (2005), Dimas Antônio Casemiro (2018) e Aluizio Palhano Pedreira Ferreira (2018).
Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, outras 42 ossadas aguardam identificação e podem pertencer a desaparecidos políticos. Além disso, outras quatro vítimas da ditadura foram identificadas após a abertura da vala, enterradas no mesmo cemitério: Sônia Moraes Angel Jones (1991), Antônio Carlos Bicalho Lana (1991), Luiz José da Cunha (2006) e Miguel Sabat Nuet (2008). Outras vítimas haviam sido exumadas antes de 1990.
Em março de 2025, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) realizou uma visita a Perus em pedido de desculpas públicas pela demora na identificação das vítimas além de lembrar 31 casos com outras evidências de sepultamento em Perus. Em agosto, a CEMDP entregou as primeiras certidões de óbito retificadas, em que a causa das mortes é declarada “não natural, violenta, causada pelo Estado”. O reconhecimento é o primeiro passo para a reparação às famílias e para a efetivação do direito à memória, à verdade e à justiça.
Informações sobre as vítimas, dados biográficos e uma sistematização dos resultados das investigações sobre os desaparecidos estão disponíveis no Volume III do relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que pode ser consultado no fundo CNV do Arquivo Nacional.