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25 de outubro
50 anos sem Herzog
Em 25 de outubro de 1975, Vladimir Herzog chegou voluntariamente ao DOI-CODI/SP para prestar esclarecimentos por sua ligação com o Partido Comunista Brasileiro. Lá foi torturado e morto. Seu assassinato foi desencadeado pela “Operação Radar”, ofensiva do Exército lançada a partir de 1973 para dizimar a direção do PCB.
Pela versão oficial da época, Herzog enforcara-se com um cinto do macacão que vestia na prisão. Momentos antes, teria escrito uma carta, admitindo o seu envolvimento com o PCB. Fotos de seu corpo e da carta foram divulgadas como evidências do suicídio. Porém, testemunhos de jornalistas presos no local afirmavam o seu assassinado sob tortura. Na ocasião, foi instaurado Inquérito Policial Militar para apurar a sua morte, confirmando a versão de suicídio.
Nascido em 1937, na antiga Iugoslávia, Vlado chegou ao Brasil criança. Tornou-se jornalista com forte atuação nacional e internacional, além de professor de telejornalismo na Universidade de São Paulo (USP). Em meio à comoção por sua morte, milhares prestigiaram o ato ecumênico realizado na Catedral da Sé de SP em sua homenagem.
O assassinato de Herzog foi seguido pelo do operário Manoel Fiel Filho, em janeiro de 1976, nas dependências do DOI-CODI/SP. Ambos foram oficialmente tratados como suicídios, mas não convenciam a população. O impacto social foi bem negativo para a abertura de Geisel, provocando a demissão do então comandante do II Exército.
Em 1978, a Justiça Federal condenou a União pela prisão ilegal, tortura e morte do jornalista. Em 1996, o assassinato foi reconhecido oficialmente pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP). Em 2013, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) entregou à família a certidão de óbito retificada, constando que sua “morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos durante o interrogatório em dependência do II Exército (DOI-Codi)".
A Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 2018, categorizou o caso como crime de lesa-humanidade, condenando o Brasil a cumprir medidas de reparação. Em 2023, a sentença foi publicada no Diário Oficial da União e, em 2025, o governo brasileiro firmou acordo com a família para cumprir as determinações.