Vem aí o XI Dia das Meninas no MAST

- Programação vai valorizar e reconhecer contribuições de mulheres cientistas
No próximo sábado (29), acontece no MAST o XI Dia das Meninas, desta vez com o tema: “Histórias não contadas, futuros para escrever”. Tradicionalmente realizado em março, o evento é um convite para que o público possa celebrar as conquistas das mulheres na luta por direitos iguais, conhecer a suas contribuições para o conhecimento científico e tecnológico e experimentar a ciência na prática. Neste ano, o evento tem um caráter especial por ocorrer no mês em que o MAST completa 40 anos.
Com uma programação cuidadosamente pensada para trabalhar o tema central do evento, a 11ª edicão do Dias das Meninas é organizada pela Coordenação de Educação em Ciências do MAST. Das 14h às 20h, o público poderá participar de roda de conversa, visita mediada pelo museu, trocar experiências com profissionais de diversas áreas do conhecimento, além de vivenciar a oportunidade de observar o céu em uma sessão temática especial.
Confira a seguir a programação completa:
- 14h - 16h30: Barraca da Descoberta: Oficinas sobre diversos temas
- Espectroscópio de Celular: Descubra como transformar seu smartphone em uma poderosa ferramenta científica! Aprenda a construir um espectroscópio didático e registre o espectro de diferentes fontes de luz por meio da fotografia
- Terrário e Martário: Meio ambiente aqui e lá: Já parou para pensar no que torna a vida possível na Terra? E em Marte, com suas condições tão diferentes, será que a vida poderia existir? Nesta oficina, vamos explorar como os fatores ambientais influenciam a habitabilidade dos planetas e refletir sobre a fragilidade e singularidade do nosso próprio mundo.
- Jogo das Memórias: Vamos conhecer cientistas e suas memórias?
- Projetos da Rede MSTEM: Oficinas com as participantes dos projetos da rede Mulheres em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) do Rio de Janeiro
- 14h - 16h: Sol, Ciência e Cecília: Observações e descobertas sobre nossa estrela.
- 15h - 16h: Visita Mediada “Onde estão as mulheres no Museu? - Histórias não contadas”
- 16h30 - 18h: Roda de Conversas "Futuros a escrever"
- Especialistas de diversas áreas do conhecimento dedicam seu tempo a conversar cara a cara com o público e compartilhar de suas trajetórias e aventuras.
- 18h30: Observação do Céu Temática – Contribuições de Astrônomas Escritas nas Estrelas
Patrícia Spinelli, astrofísica do MAST e organizadora do evento, conversou com a Comunicação sobre esta edição do Dia das Meninas e fez um balanço sobre a trajetória da atividade nesses onze anos em que ele acontece:
Comunicação - O projeto está em sua 11ª edição. Houve uma transformação na abordagem do tema "mulheres/meninas na ciência" ao longo desse tempo?
Patrícia Spinelli - Ao longo dos 11 anos do evento, as pautas tradicionais sobre inclusão e os desafios enfrentados por mulheres nas ciências foram gradualmente ampliadas para abordar questões que impactam meninas e mulheres de forma interseccional. Nos dois primeiros eventos, convidamos apenas pesquisadoras vinculadas a universidades ou instituições de pesquisa, expoentes em suas áreas. Pouco tempo depois, diversificamos esse perfil, trazendo também profissionais de fora da academia, estudantes em diferentes níveis de formação e das mais diversas áreas. Continuamos promovendo oficinas de divulgação científica, especialmente em astronomia, para aproximar o público do "fazer científico". No entanto, a diversidade de atuações das jovens e mulheres convidadas é ampla: já tivemos historiadoras e eco-chefs, engenheiras de transportes e windsurfers, caçadoras de meteoritos e erveiras, cosmetologistas e cosmólogas!
C - Ainda hoje o percentual de mulheres cientistas nas instituições de pesquisa brasileiras é muito inferior ao de homens. O tema do evento falará sobre "histórias não contadas". Como as atividades do evento vão refletir sobre esse lugar das mulheres na ciência e sobre a possibilidade de inventar novas formas de dar visibilidade a essas histórias?
P.S - O MAST é uma instituição composta majoritariamente por mulheres mas, mesmo assim, quando analisamos as evidências da memória que está sendo preservada – assim como em outros museus –, as mulheres aparecem pouco. Esse apagamento não é casual: ele é resultado de um sistema hegemônico que, historicamente, exclui as mulheres das ciências e, ao mesmo tempo, explora e degrada a natureza. Esses dois aspectos, que podem parecer desconectados à primeira vista, estão, na verdade, profundamente entrelaçados. Por isso, nossa narrativa busca problematizar não apenas a ausência das mulheres na ciência, mas também sua exclusão dos espaços de poder e conhecimento. E se mulheres e outras minorias ocupassem esses espaços? O mundo seria diferente? Eu já posso antecipar a resposta: sim! E as convidadas da nossa roda de conversa são a prova viva disso.
C - Como organizadora do evento, como você espera que seja o Dia das Meninas do futuro?
P.S – Sou uma mulher na “ciência”: sou astrofísica e, durante minha formação, fiz parte dessa minoria (ainda que dentro do meu privilégio de mulher branca). Foi uma condição silenciosa mas, que em muitos momentos, era intimidadora – mesmo que, na época, eu não percebesse isso. Também já fui aquela menina que queria ser cientista mas, vivendo no interior do Rio Grande do Sul, em uma cidade com poucas oportunidades culturais, não fazia ideia de como me aproximar da astronomia que eu tanto sonhava em estudar. Por isso, desejo com toda minha força que eventos como este ajudem a conectar meninas que anseiam por uma oportunidade nessas áreas tidas como "duras" – mas, não só isso. Desejo que a ciência mude, que deixe de ser um ambiente hostil para esta parte da população e que acolha novas formas de existir e pensar. E com isso, desejo que o Dia das Meninas do futuro seja apenas para celebrar nossas conquistas e lembrar de um passado, em que pessoas quadradas não estavam preparadas para lidar com as nossas potências (risos!).
Veja quem são as convidadas que vão integrar a programação do XI Dia das Meninas e os projetos parceiros do evento:
Todas as atividades são gratuitas, abertas a todos os públicos e vão ocorrer no campus do MAST, na rua General Bruce, 586, em São Cristóvão.

