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MAST lança versão digital da exposição “200 anos de C&T no Brasil”
Está disponível na internet, para acesso público em sua versão digital/virtual, a exposição "200 anos de C&T no Brasil: Um olhar a partir dos artefatos”. A mostra foi originalmente concebida pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins - MAST, e se encontra aberta à visitação na sede do museu, no Rio de Janeiro, desde agosto de 2023. A nova versão digital, elaborada a partir da concepção museológica original, mantém a estrutura narrativa, os textos, os audiovisuais e os módulos apresentados fisicamente, porém, agora reelaborados graficamente para o ambiente digital.
O trabalho de criação da versão digital é da designer Isabela de Mattos Ferreira, bolsista do Programa de Capacitação Institucional - PCI, que atua junto à Coordenação de Museologia do MAST - COMUS. Inicialmente vinculado ao projeto do pesquisador e diretor do MAST, Marcio Rangel, o projeto da versão digital foi reelaborado e supervisionado pelo tecnologista Charles Narloch, também da COMUS.
Pensada originalmente sob as perspectivas de debate pautadas pelo Bicentenário da Indendependência do Brasil (1822-2022), a exposição procura refletir sobre o uso dos objetos científicos e tecnológicos das instituições nacionais de pesquisa nesses dois séculos, como forma de entender os caminhos da ciência no Brasil e a própria construção da nação brasileira. Cerca de 300 objetos, do acervo do MAST e de outras instituições científicas que atuam nas áreas das ciências exatas e engenharias, compõem a exposição física. Na versão digital, grande parte desses objetos podem ser acessados virtualmente, com apresentação de seus dados, origens, usos e curiosidades.
A primeira parte da exposição começa em 1822 e vai até 1922, com a apresentação de artefatos de C&T procedentes de instituições de pesquisa do século 19. O ano de 1922 é um marco que divide os dois séculos retratados na exposição, o que é demarcado pelo módulo que apresenta a Exposição do Centenário da Independência. A segunda e última parte é de 1922 a 2022, em que o foco são as universidades e os objetos de C&T dos institutos de pesquisa localizados no Rio de Janeiro. O módulo de encerramento apresenta uma reflexão sobre museus, memória e conhecimento, e ressalta que o patrimônio da ciência e tecnologia, no Brasil, não se restringe ao recorte apresentado.
"Para nós, essa exposição é um marco da retomada de uma tradição estratégica que nós tínhamos no MAST de conceituarmos e produzirmos internamente nossas exposições. Tivemos dificuldades em realizar a inauguração dessa exposição em 2022, por questões políticas. No ano seguinte, com a eleição do Presidente Lula e por recomendação da Ministra Luciana Santos, fizemos a inauguração. O seu objetivo foi mostrar à sociedade brasileira a relevância da ciência que produzimos para o desenvolvimento do país. Mostramos o quanto a nossa ciência participou de demarcações de fronteiras, construção de rodovias, de barragens e açudes, e seu impacto na qualidade de vida da população. É uma exposição que enaltece a ciência brasileira", diz Marcio Rangel.
Para a proposta de design da edição virtual foram utilizados alguns elementos comuns à exposição física como, por exemplo, a marca da exposição desenvolvida pelo designer Rafael Sudano e as ilustrações de Ivo Almico, também designer no MAST. "Ao disponibilizar virtualmente esse acervo como linguagem expositiva, estamos ampliando a sua acessibilidade, a sua percepção e a sua permanência. É uma nova perspectiva da exposição que não cria uma nova narrativa. Ao contrário, reforçamos a narrativa da exposição física, desta vez em um suporte diferente", diz Charles Narloch, tecnologista do MAST e supervisor do projeto.
Desafios para o design
Isabela de Mattos Ferreira, bolsista PCI e designer responsável pelo desenvolvimento da exposição digital, conta que o trabalho de pesquisa e de produção durou cerca de dois anos. Foi necessário coletar informações e imagens, fazer uma triagem, elaborar o design da exposição virtual e operacionalizá-lo em um site funcional e responsivo.
"Os principais desafios relacionam-se à tradução do conceito museológico, concebido originalmente com foco em uma exposição física, para uma exposição digital/virtual, mantendo-se alguns elementos da exposição original. Pretende-se, com isso, demarcar a relação entre as duas versões e projetar uma nova interface digital/virtual que seja atrativa, funcional e de fácil entendimento para o usuário", diz Isabela Mattos Ferreira. Ela explica que o design da exposição digital buscou, por meio de sua identidade visual, ressaltar não apenas o patrimônio científico do MAST, como também utilizar elementos que remetem à época da criação do edifício onde se encontra o museu.