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MAST celebra 40 anos de educação museal
Abertura da mostra “Olhando o Mundo Através do Muro: Uma Releitura do Projeto do Muro Artístico”
Na data em que se comemora o Dia da Educação, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) também celebra 40 anos de Educação Museal. Trata-se de um campo multidisciplinar e um processo que busca fazer a mediação entre o público e o equipamento cultural, criando experiências educativas, aprofundando o entendimento das coleções e histórias que elas contam. Para isso, a Educação Museal utiliza os recursos do museu visando à promoção do conhecimento, da apreciação artística, da preservação dos patrimônios cultural e tecnológico.
“O termo vem sendo cunhado ao longo dos anos e incorporando mudanças. Museus com conteúdo de arte ou de temática científica e tecnológica, a exemplo do MAST, têm diversas funções como a de preservar a história e o patrimônio, cuidar materialmente do acervo e apoiar a pesquisa. Tudo isso precisa ser compartilhado com a sociedade e daí deriva a função educativa. As pessoas tendem a associar educação apenas a escolas, mas ela também ocorre dentro dos museus e outros espaços. Para que o acervo se perpetue ao longo do tempo, é necessário que a sociedade entenda sua relevância”, analisa Douglas Falcão, tecnologista da Coordenação de Educação em Ciência do MAST, que, há mais de 30 anos, atua nas atividades de educação do museu.
Na segunda metade da década de 1980, o MAST foi criado com uma proposta revolucionária para a época. Era um museu histórico voltado para ciência e tecnologia, abrigando o acervo de astronomia oriundo do Observatório Nacional e o recém criado Parque da Ciência, constituído de brinquedos interativos a céu aberto que abordavam fenômenos científicos de forma interativa.
“O MAST recebia escolas, e a ideia era que as crianças aprendessem brincando. Esse compromisso com a interatividade tornou-se característico da educação museal do MAST. Dois anos depois dessa experiência de interatividade, o museu instalou a exposição Laboratório de Ciências e o programa educativo Brincando com a Ciência, aprofundando o uso da linguagem interativa para a abordagem de fenômenos da física, como o magnetismo, a ótica, mecânica e a acústica na mesma linha do parque da ciência. Esse foi o DNA da educação do MAST”, recorda o educador.
À medida em que o tempo foi passando, o MAST foi se tornando uma referência em educação museal no país e passou a fazer pesquisas que contribuíram para a formação acadêmica. Hoje há uma interação entre pesquisa e prática em Educação Museal: são dezenas de publicações, sem falar na contribuição para a constituição, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz e outros parceiros, de cursos de pós-graduação – especialização e mestrado – de divulgação científica em museus. O MAST também oferece o Programa de Pós-graduação em Preservação de Acervos de Ciência e Tecnologia (PPACT) no qual a educação museal se faz presente.
Douglas Falcão ressalta que, enquanto a educação escolar se dá num contexto específico (currículo hierarquizado, serial, avaliação, disciplinas, etc. matemática, português, ciências) para um público relativamente homogêneo (alunos de uma mesma série), o público dos museus é de composição diversa e os conteúdos também variam largamente, sem compromisso com conteúdo escolar. Uma visita de uma família pode incluir crianças, adolescentes, adultos e idosos. “É preciso saber lidar com esses diferentes públicos. São pessoas que não sabemos de onde vêm, quais as formações e interesse delas. Durante algum tempo, usamos os referenciais da escola, mas, como passar dos anos, fomos aprendendo que precisávamos usar outros referenciais desenvolvidos nas pesquisas nos próprios museus”, diz Falcão.
Ele explica que, por princípio, todos os funcionários da Coordenação de Educação em Ciências são educadores museais. Recentemente, o quadro foi ampliado com a contratação de dez educadores museais de formação diversa – História, Comunicação, Língua Portuguesa, Pedagogia. O MAST oferece cursos de capacitação continuada para que eles sejam agentes da cultura de educação museal do MAST e possam interagir com o público segundo nossos valores. Hoje o museu tem capacidade de receber até oito escolas por dia, quatro pela manhã e mais quatro à tarde, de terça a sexta-feira.
O espectro de educação museal também ampliou-se incluindo questões de diversidade racial, decoleneidade e de gênero, com a preocupação de incluir mais meninas na carreira científica. Outra preocupação é de como integrar o museu com a comunidade, ao perceber que a Educação Museal tem de olhar para o território em que o museu de encontra e buscar relações horizontais como forma de inclusão e aprendizagem recíproca.
“Programas como ‘Nós no MAST’ visa parcerias com associação de moradores, escolas públicas e outras instituições locais, na busca de uma integração comunitária, inclusive trazendo conteúdos e ações oriundas destas comunidades, o que inclui, por exemplo, conhecimentos tradicionais. A ideia é abrir espaço para relações multilaterais que substituam o tradicional modelo unidirecional. Queremos que as comunidades compartilhem seus saberes com e na instituição. Hoje o nosso maior desafio é tornar a instituição conhecida. O MAST tem um acervo muito hermético; temos de, por meio da educação museal, tornar esse conhecimento mais acessível”, Nos últimos anos temos realizado pesquisas que geram ações práticas de como tornar o patrimônio de ciência e tecnologia do MAST atraentes e inteligíveis para os diferentes públicos. Os resultados são animadores, conclui Falcão.





