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Biblioteca Henrique Morize comemora 40 anos contando sua história
O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST)realizou, em 9 de abril, evento de comemoração dos 40 anos da Biblioteca Henrique Morize (BHM). O evento promoveu mesa redonda com as quatro chefias e uma coordenadora que passaram pela Biblioteca, todas mulheres, que puderam discorrer sobre os aspectos mais marcantes de sua trajetória profissional à frente da BHM. São elas: as chefes Lucia Lino, Eloisa Helena Almeida, Samantha Pontes e Cristiane Oliveira e a coordenadora Vânia Araújo. No hall da biblioteca, foi realizada uma mostra fotográfica e de vídeos-depoimentos de usuários, bolsistas, ex-servidores e de quem trabalhou na biblioteca ao longo desses 40 anos.
A formação do acervo bibliográfico da BHM teve início em 1984, com o Projeto Memória da Astronomia no Brasil e Ciências Afins (PMAC), que foi o ponto de partida para a criação do MAST. Desde então, a biblioteca se especializou em temas como história da ciência, educação e divulgação da ciência, preservação de acervos e museologia, alinhando-se à missão da instituição para acesso e disseminação da história da ciência no Brasil.
Na abertura do evento, Cristiane Oliveira, atual Chefe do Serviço de Biblioteca e Informação Científica (SEBIC), destacou, que a biblioteca é um espaço democrático e de descobertas, que tem enriquecido e ajudado a desenvolver muitas pesquisas.
"Existe uma relação muito forte entre a vida pessoal dos servidores e usuários que passaram pela biblioteca e seu desenvolvimento profissional. As bibliotecas, os museus e os arquivos são como arcas do tempo em que a inteligência e a sensibilidade humana encontram um refúgio contra o esquecimento. O livro 'O infinito em um junco: A invenção dos livros e das bibliotecas', da filóloga espanhola Irene Vallejo, mostra como as bibliotecas têm sido cruciais para a construção de uma sociedade mais democrática", ressaltou Cristiane Oliveira.
Lucia Lino, a primeira chefe do serviço de biblioteca e informação científica nessas quatro décadas, afirmou que a BHM foi uma construção coletiva. Ela apresentou a trajetória da biblioteca e de sua carreira de 1986 a 2019, quando se aposentou. Lúcia recorda que quando chegou, em 1986, as fichas catalográficas eram feitas a mão, o arquivo de jornais tinha notícias recortadas e colocadas em pastas e um office boy levava os documentos de uma sala para outra. Nos anos 1990, foi introduzido o Micro-ISIS, programa de gerenciamento de bases de dados bibliográficas do IBICT e o Catálogo Coletivo Nacional. Também foi criado o grupo Mundo da Lua e realizada a reclassificação da biblioteca. Nos anos 2000, ela destacou a participação em eventos do setor e de áreas afins como educação e também a organização dos próprios eventos.
"Isso fez com que consolidássemos, a cada momento, a nossa biblioteca. Em 2006, chegaram as coleções especiais, que nos permitiu um salto grande. No mesmo ano, tivemos a aprovação para a criação da pós-graduação em Museologia e Patrimônio. Não é à toa que a BHM é o que é, pela forma como foi construída", afirmou Lucia Lino.
Vânia Araújo foi coordenadora num período fértil e de ruptura para a BHM e contou que, em sua gestão, pôde observar uma energia de amor à instituição e profissionalismo muito grande. Ela veio coordenar o CDA e havia sido diretora do IBICT. "O MAST havia passado muitas ameaças de extinção, mas agimos com o apoio da Finep e do CNPQ e mesmo do MCTI. Havia uma energia de mudanças muito forte e, ao mesmo tempo, iniciamos colaborações com a Academia Brasileira de Ciências (ABC), que nos cedeu um acervo. Mas não havia espaço. Até que identificamos o espaço atual e tive a sorte de ter sido parte dessa ampliação da biblioteca", ressaltou Vania Araújo.
Até então funcionando no segundo andar do prédio histórico no campus, foi em novembro de 2015 que a biblioteca ganhou um prédio próprio, quando passou a ser chamada de Biblioteca Henrique Morize, em homenagem ao cientista Henrique Charles Morize – engenheiro industrial, geógrafo e engenheiro civil francês, naturalizado brasileiro. Primeiro presidente da Academia Brasileira de Ciências e fundador da física experimental brasileira, Henrique foi diretor do Observatório Nacional entre 1908 e 1929.
Eloisa Helena Almeida, havia trabalhado na Escola Superior de Guerra (ESG) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, após se aposentar em 2008, recebeu o convite para assumira chefia da BHM, onde permaneceu até 2019. Ela destacou a importância das coleções especiais, da migração do sistema de gerenciamento de bibliotecas e acervos para o Pergamum, a escolha do nome para a biblioteca e o novo prédio. "A ABC precisava organizar seu acervo para ser doado. Atrás da coleção da ABC vieram as coleções de Erica Zimmermann, Solange Ziegmann. Essas coleções geraram vagas para bolsistas e vários trabalhos desenvolvidos a partir delas", contou Eloisa almeida.
Por fim, Samantha Pontes relembrou que começou no MAST em 1987 como estagiária, depois bolsista e, após trabalhar na UFRJ, voltou ao museu como chefe do serviço de biblioteca e informação científica em 2019. Para ela, o maior desafio foi a gestão da BHM durante a pandemia com a biblioteca fechada. "Nos inserimos em todos os programas do MAST. Criamos o programa de leitura de clássicos da ficção científica e produzimos manuais de serviços. O MAST é uma instituição científica de tamanho pequeno, mas de grande produção. Começamos a campanha pelo repositório para mostrar ao mundo a competência dessa produção, gerando o programa Memória Bibliográfica Institucional de entrevista com autores. Coletamos nas áreas finalísticas os temas mais buscados", relatou Samantha Pontes.
No encerramento, Cristiane Oliveira afirmou que o que a conquistou para assumir a chefia da BHM foi o seu potencial, mas ressalvou que junto ao potencial vêm os desafios. "Temos desafios da área e também desafios sociais e o da transição do mundo analógico para o digital, que modificou nossas relações, a forma de leitura e amplificou o acesso. Essa transição não foi bem preparada e causou um grande impacto. A BHM era viva de usuários de perfis diferentes. Tivemos de nos reinventar", conclui Cristiane.