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“Histórias não contadas, futuros para escrever” foi tema do XI Dia das Meninas no MAST
Ação “Onde estão as Mulheres no Museu? Histórias não Contadas” destacou a invisibilidade das mulheres no campo científico
No dia 29 de março, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) promoveu o XI Dia das Meninas. O evento, que visa valorizar e reconhecer as contribuições de mulheres cientistas, contou com cerca de 130 visitantes e trouxe uma programação repleta de atividades educativas e de divulgação científica. Sob o tema “Histórias não contadas, futuros para escrever”, a 11ª edição do encontro foi organizada pela Coordenação de Educação em Ciências do MAST e trouxe, dentre outras, atividades nas áreas de Astronomia, Matemática, Nanotecnologia e Engenharia Ambiental.
Também foi realizada uma roda de conversas, em que os(as) participantes puderam ter contato com mulheres de diferentes áreas da Ciência, como: astrobiologia e cosmologia; ciência de dados; meteorologia; história da ciência; feminismo; e conhecimento e saberes ancestrais em saúde por meio das ervas. Para essa ação, as palestrantes convidadas e participantes foram Renata Libonati dos Santos, professora no Departamento de Meteorologia da UFRJ; Beatriz Blanco Siffert, professora de Física da UFRJ; Nicole Pessoa, cientista de dados da comunidade Dados in Rio; Moema Vergara, pesquisadora do MAST; e Janaína Soares, do Coletivo de Erveiras e Erveiros do Morro do Salgueiro.
Todas as atividades foram possíveis devido, também, a parcerias realizadas com os projetos: Meninas e Mulheres da Redução de Riscos e Desastres; Meninas Olímpicas do IMPA; e Meninas nas Exatas da Baixada Fluminense.
Palavra da convidada
Renata Libonati dos Santos, meteorologista, professora do Departamento de Meteorologia da UFRJ e uma das convidadas para a roda de conversa, afirma que o evento é uma forma cativante de estimular a participação de meninas e jovens mulheres na ciência. “A minha área é de ciências exatas e, nela, vemos uma resistência muito grande das meninas em seguir esse caminho, pois trata-se de um campo majoritariamente masculinizado. Isso inibe, em algumas situações, o progresso das mulheres para cargos de maior posto, como líderes de pesquisa. Esse tipo de evento, entretanto, colabora para chamar a atenção de que é possível meninas seguirem na área de exatas e de que precisamos da diversidade na ciência”, diz.
Quanto ao futuro, ela é direta: “Espero que não precisemos de um Dia das Meninas, porque nosso objetivo é justamente tornar isso comum e, com isso, ter mulheres suficientes, em número, trabalhando nessa área”.
Balanço do evento
Patrícia Spinelli, astrofísica do MAST e organizadora do evento, destaca que, nesta última edição do Dia das Meninas - assim como nas duas últimas -, houve uma grande participação do público de visitação espontânea, já que, há três edições, o programa vem ocorrendo aos sábados e não durante a semana. “E isso é motivo para celebração, porque não apenas temos meninas participando, mas também famílias, incluindo meninos - lembrando que o tema da equidade de gênero e da justiça social é algo que deve ser abordado com todos”, comemora.
A astrofísica também ressalta dois grandes diferenciais na edição deste ano. O primeiro foi a integração do dispositivo “museu” no evento. Ela afirma que foi possível olhar para as exposições, para o acervo museológico e arquivístico do MAST e trabalhá-lo em uma ação educativa com o público, por meio da visita “Onde estão as Mulheres no Museu? Histórias não Contadas”. “Nesse sentido, conseguimos mostrar a potência da nossa instituição, mas também o silenciamento do nosso acervo em relação às mulheres no campo científico”, pontua. Como resultado dessa atividade, ficou o impacto referente ao silenciamento do acervo do MAST no que diz respeito às mulheres na ciência. “Nós temos projetos de pesquisa, livros, exposições virtuais, o próprio programa das meninas no MAST, mas foi, de certa forma, surpreendente ver que isso não se reflete no acervo que é exibido para o público. Então, diante disso, gostaríamos de oferecer essa visita para público interno do MAST, convidando bolsistas, pesquisadores, tecnologistas e demais colaboradores, para percorrer esses espaços e problematizar essa ausência das mulheres no museu. Além disso, queremos acolher as ideias das outras pessoas nesse processo de criação de visita e, dessa forma, não apenas afetarmos nossos visitantes e sensibilizá-los para questões de gênero, mas também, enquanto instituição, nos afetarmos e, a partir disso, tomarmos ações para que esse nosso acervo, essas nossas exposições não sejam tão silenciosas em relação às questões das mulheres na ciência, assim como com outros grupos minoritários”, sugere. A visita para público interno do museu, inclusive, tem data prevista para 5 de maio, segunda-feira, na parte da manhã.
O segundo diferencial tem a ver com a participação de projetos da Rede Mulheres STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) do Rio de Janeiro. O XI Dia das Meninas contou com três desses projetos dos quais meninas bolsistas fazem parte e, no evento, puderam conduzir atividades, mostrando o protagonismo feminino e jovem nas ciências exatas.
O que esperar para o ano que vem?
Para 2026, Patrícia conta com um grupo de meninas da escola básica iniciando atividades de pré-iniciação científica em um dos programas de longa duração do MAST voltado para meninas na ciência que, neste ano, entra em sua quarta edição. É esperado, portanto, que, no ano que vem, no próximo Dia das Meninas, esse grupo lidere as atividades do evento e apresente suas pesquisas.
Além disso, ela afirma que a colaboração com os projetos da Rede Mulheres STEM do Rio de Janeiro se faz cada vez mais forte e enfatiza que em 2026 essa parceria se manterá com a expectativa de trazer ainda mais projetos para o campus do museu.
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