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IPEN recebe o VI Workshop de Radioproteção na Indústria
Nos dias 12 e 13 de novembro, o IPEN/CNEN sediou o VI Workshop de Radioproteção na Indústria, um encontro que reuniu pesquisadores, profissionais da indústria e representantes de órgãos reguladores para discutir os rumos da radioproteção no Brasil diante do novo cenário regulatório nacional.
Organizado em parceria com a Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica (SBPR), o evento consolida-se como um dos mais importantes espaços de atualização, troca de experiências e construção conjunta de soluções para os desafios que envolvem o uso seguro das tecnologias nucleares na indústria.
A edição deste ano foi marcada por um contexto inédito: a criação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), que assumiu o papel regulatório antes desempenhado pela CNEN. A mudança provocou revisões de normas, processos e responsabilidades, o que tornou o workshop especialmente estratégico para profissionais do setor.
A pesquisadora do IPEN e responsável pela comunicação da SBPR, Denise Levy, destacou que o evento cumpriu uma função decisiva de atualização técnica: “Esse é um evento para atualização profissional. A cada dois anos fazemos o workshop, mas neste ano havia uma urgência: a criação da ANSN e a revisão de normas importantes que não eram revisadas há muito tempo. Várias coisas mudaram e surgiram muitas dúvidas sobre certificação, legislação e procedimentos”. Ela explica ainda que a radioproteção é um campo transversal, que atende múltiplos setores: “A tecnologia nuclear tem dezenas de aplicações pacíficas no nosso dia a dia. Todas elas, sem exceção, precisam de proteção radiológica para garantir que sejam realizadas com segurança, de acordo com a legislação e com benefícios para a população”.
Na abertura do evento, a diretora-superintendente do IPEN, Isolda Costa, destacou a importância da integração entre instituições: “Estamos muito felizes em receber todos aqui para trabalhar esse tema tão importante dentro da área nuclear.”
Logo após esse momento, ocorreu a assinatura do Acordo de Cooperação entre a SBPR e a Secretaria Naval de Segurança Nuclear e Qualidade (SecNSNQ). O documento foi assinado pelo presidente da SBPR, Josilto de Aquino, e pelo Almirante de Esquadra Petronio Augusto Siqueira de Aguiar, fortalecendo a atuação conjunta em temas de segurança, capacitação e desenvolvimento técnico.
“Entre todos os workshops que realizamos, este é o mais representativo. Tivemos 200 inscritos, com adesão muito rápida. Em apenas dois meses, o evento se consolidou”, afirmou Josilto, que ressaltou que a procura pela edição de 2024 demonstra a relevância crescente do evento. “A gente acompanha as dores da autoridade reguladora e dos supervisores de radioproteção. O workshop é construído a partir dessas dores. Os profissionais cobram esse espaço, queriam, inclusive, que fosse anual.”
Outro momento importante foi a aula magna sobre a ANSN, realizada por Alessandro Facure, diretor-presidente da organização. “Quando os chefes da autoridade reguladora participam das mesas, os profissionais sabem que terão a chance de tirar dúvidas diretamente com quem decide. Isso faz toda diferença”, destacou Josilto.
Ao longo dos dois dias, o workshop contou com apresentações técnicas, mesas de debate e trocas entre profissionais que atuam na linha de frente da radioproteção industrial. Os temas abordados incluíram mudanças na legislação com a criação da ANSN, dúvidas sobre certificação de supervisores, tendências tecnológicas para segurança operacional, experiências de campo em diferentes setores industriais, desafios ambientais e práticas de mitigação, cultura de segurança radiológica e impactos da modernização das plantas nucleares avançadas.
No segundo dia, os participantes elaboraram coletivamente um documento técnico com sugestões, dúvidas e recomendações sobre o processo de certificação, material que será enviado à ANSN como contribuição institucional da comunidade de radioproteção.
Brasil no mapa internacional
A SBPR é hoje uma das maiores sociedades de proteção radiológica do mundo. Existem 53 sociedades, representando cerca de 60 países. “A SBPR já é a sétima maior, tanto em número de associados quanto em produção de conteúdo técnico e científico”, frisou o presidente. Ele destaca ainda que poucas sociedades no mundo mantêm uma revista científica própria, e a SBPR está entre elas. A Brazilian Journal of Radiation Sciences é totalmente gratuita para leitura e publicação, sendo uma das quatro revistas científicas no mundo pertencentes a sociedades de proteção radiológica.
“O sucesso do workshop está nessa união entre quem regula, quem pratica e quem pesquisa. A parceria com o IPEN é muito importante nesse contexto, pois a radioproteção é responsabilidade de todos nós”, reforçou Josilto.
Tatiane Ribeiro
Bolsista BGE-DA/IPEN-CNEN