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IPEN mira o futuro com o Distrito de Inovação e parcerias estratégicas
Fortalecer o ecossistema de inovação paulista e nacional está no centro da agenda do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), que vem ampliando sua articulação dentro do contexto da criação do Distrito de Inovação, projeto liderado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo (SCTI-SP). Em recente visita ao Instituto, representantes da Secretaria, incluindo o diretor técnico de inovação, André Aquino, conheceram de perto o potencial das tecnologias desenvolvidas pelo IPEN que têm aplicações em diversas áreas nacionais estratégicas.
A proposta da SCTI é transformar a região da Universidade de São Paulo (USP), que abriga grandes instituições como Instituto Butantan, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o próprio IPEN, em um ambiente compartilhado de desenvolvimento tecnológico. “Queremos encontrar sinergias entre essas organizações de peso concentradas nesse mesmo território, para que assim realizem ações que dificilmente, de forma isolada, conseguiriam fazer”, afirma Aquino, que também é diretor do Conselho do Distrito e professor da USP. “Estamos trabalhando nas articulações para implantação desse modelo desde 2022 e essa aproximação faz parte do protocolo de intenções assinado pelo nosso Conselho no ano passado” explica.
O IPEN e a CTI têm se aproximado por meio de diálogos e visitas, como a que aconteceu em julho (15/07) ao Centro do Reator de Pesquisas IEA-R1. “Foi um momento fundamental para entendermos o que acontece no IPEN, para assim conseguirmos levar para potenciais investidores e atrair empresas para cá”, conta Aquino. Além de servidores da Secretaria, também estiveram presentes membros do comitê técnico de governança, que estão estudando modelos de sustentabilidade financeira para a entidade gestora que será criada para administrar o Distrito.
“Ao entender melhor o que o IPEN faz é possível pensar em maneiras de atrair fontes de receita. A gente sabe que o Instituto é uma potência em termos de capacidade de pesquisa e geração de produtos e serviços. No entanto, também sabemos que a própria estrutura organizacional do IPEN dificulta a realização de diversas atividades e impede que ele opere de maneira mais flexível. Por isso, acreditamos que o Distrito pode ajudar a gerar mais conexão entre os fundadores, as empresas e os fundos de investimento”, pontua o diretor.
Interesse nacional
O Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do IPEN tem trabalhado no mesmo sentido de buscar possibilidades de aplicar de forma mais intensa a Lei de Inovação (Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, atualizada pela Lei nº 13.243/2016) e utilizar recursos orçamentários provenientes de investidores, da venda de produtos, de royalties e da prestação de serviços à sociedade. O objetivo é garantir que o IPEN se mantenha vivo e continue desenvolvendo tecnologia nuclear à serviço da vida. “Nesse sentido, entendemos que a criação do Distrito de Inovação representa um interesse prioritário do Estado. Por que o que é que acontece quando o polo está vivo? Você tem um aluno se formando que uma das empresas quer contratar, outro aluno abre uma startup que gera um produto e aparece uma empresa interessada em comprar a startup. Então você tem um giro do ecossistema de inovação muito acelerado por estar todo mundo junto”, explica Arnaldo da Silva Júnior, membro do NIT/IPEN. “Empregos de alto valor agregado são criados e isso faz a economia crescer ao mesmo tempo que amplia a distribuição de renda, que é o que o Brasil precisa.”
A visita foi apenas o começo de uma aproximação que deve se intensificar. Segundo o professor André Aquino, a Secretaria quer apoiar o IPEN de forma mais próxima e para isso será necessário aprofundar o entendimento sobre o funcionamento da instituição. “Precisamos de mais informações como, por exemplo, o quanto os diversos grupos de pesquisa demandam o serviço do reator e dos laboratórios, qual é o nível de ociosidade do equipamento e de que forma equipes adicionais poderiam trabalhar em turnos ou otimizar a operação”, afirmou.
Para Aquino, o compartilhamento desses dados ajudará a identificar oportunidades concretas de colaboração. “A entidade gestora e também a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação estão totalmente à disposição do IPEN para trabalharmos juntos na construção dessa nova realidade.”
Até o final de 2025 novas agendas da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo e do Distrito devem incluir a participação do IPEN.
Tatiane Ribeiro
Bolsista BGE-DA/IPEN-CNEN