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IPEN lamenta o falecimento da Dra. Constância Pagano Gonçalves da Silva, pioneira da medicina nuclear no Brasil
Inauguração do Centro de Radiofarmácia do IPEN em 1974 / Arquivo IPEN
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN) lamenta profundamente o falecimento da Dra. Constância Pagano Gonçalves da Silva, ocorrido na manhã de hoje, dia 21 de abril de 2025. A Dra. Constância foi pioneira no desenvolvimento de radiofármacos no Brasil, atuando como pesquisadora no IPEN de 1958 a 1995 e, posteriormente, de 1997 a 2012.
Nascida na cidade de Cravinhos, interior do Estado de São Paulo, graduou-se em Química pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP (1951) e licenciou-se na mesma área (1965), obteve o mestrado em Tecnologia Nuclear pela Escola Politécnica da USP (1970) e o doutorado em Química Inorgânica pelo Instituto de Química da USP (1974). Sua carreira foi dedicada à produção de radioisótopos e ao desenvolvimento, marcação e controle de qualidade de radiofármacos para diagnóstico e terapia, contribuindo significativamente para a medicina nuclear no Brasil. Visionária e determinada, ainda na década de 1960, buscou conhecimento no exterior sobre a produção de radioisótopos, trazendo ao Brasil o know-how essencial para o desenvolvimento do Iodo-131, radiofármaco amplamente utilizado no tratamento do câncer e em exames de cintilografia, que seria produzido no Reator Nuclear de Pesquisa (IEA-R1).
Em 2005, foi agraciada com o prêmio da Associação Nuclear Mundial (ANM), uma honraria concedida a cientistas que se destacam no uso da energia nuclear para fins pacíficos. Seu legado também foi celebrado pelo IPEN em 2022, quando retornou ao instituto para a inauguração de uma placa em sua homenagem no Centro de Radiofarmácia (CECRF), um reconhecimento por sua inestimável contribuição à medicina nuclear no Brasil.
"A Dra. Constância era rigorosa e exigente, qualidades que a levaram à excelência. Mas, ao mesmo tempo, era uma incentivadora, como toda grande mulher à frente de seu tempo. Ela formou toda uma geração de pesquisadores no IPEN. E, mais do que isso, lutou pelo avanço do Brasil em uma área essencial, a medicina nuclear. O trabalho de qualquer pioneira é árduo e muitas vezes só é plenamente reconhecido anos depois. Por isso, é nosso dever exaltar essa grande pesquisadora e gestora", declara a Dra. Isolda Costa, diretora e superintendente do IPEN.
Além de sua atuação como pesquisadora, Dra. Constância também deixou uma marca inestimável na formação acadêmica, orientando 17 dissertações de mestrado e sete teses de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear do IPEN, em associação com a Universidade de São Paulo (USP). Muitos de seus orientandos seguiram carreira de destaque na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e no próprio IPEN, como é o caso da Dra. Maria Elisa Chuery Martins Rostelato, atual vice-Coordenadora do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde do IPEN e professora do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Nuclear.
O legado da Dra. Constância Pagano Gonçalves da Silva permanecerá vivo na ciência brasileira, inspirando novas gerações de pesquisadores. O IPEN se solidariza com seus familiares, amigos e colegas neste momento de perda irreparável. Muitos profissionais da instituição fizeram questão de deixar um último adeus à Constância:
“Que tristeza! Fez muito pela Radiofarmácia e pela Medicina Nuclear no Brasil. Foi minha orientadora profissional e um exemplo de dedicação e compromisso com a instituição. Que descanse em paz.” Elaine Bortolletti, diretora da Radiofarmácia do IPEN
“Com certeza, ela ajudou a impulsionar a medicina nuclear em nosso país. Lembro muito bem dela desde que fui recém-contratado no concurso. Sempre foi uma boa chefe e me deu ótimas orientações. Assim como outros que já estão em outro plano, ela fez parte da história do IPEN e da CNEN. A Radiofarmácia deve sempre uma homenagem a essa mulher dedicada ao seu trabalho. Muita luz para ela nessa passagem.” Luís Alberto Pereira Dias, gerente do Centro de Radiofarmácia do IPEN
“Minha chegada ao IPEN, em 1976, e o início da minha jornada na Radiofarmácia foram por meio da Dra. Constância. Certamente, ela foi a precursora da Radiofarmácia como a conhecemos atualmente. Além do respeito profissional que sempre tive por ela, foi uma grande amiga e responsável pelos meus primeiros passos na Radioquímica e na Medicina Nuclear.” Jair Mengatti, servidor da Radiofarmácia do IPEN
“A Dra. Constância foi pioneira na primeira produção de radioisótopos no País, com o iodo-131 no reator IEA-R1, o que contribuiu fortemente para o avanço da Medicina Nuclear. Conte conosco nessa justa e importante homenagem.” Wilson Calvo, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da CNEN