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Vivências culturais e conexão ancestral marcam Semana da Consciência Negra no Muhne
Ao longo da semana de 19 a 24 de novembro, o Museu do Homem do Nordeste (Muhne), equipamento cultural vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), homenageou a história e a cultura afro-brasileiras com uma programação para a Semana da Consciência Negra.
Integrando o público à história da identidade negra por meio do ritmo e da fé, o Muhne ofertou de forma gratuita a Oficina Percussiva, ministrada pela percussionista, cantora e compositora, Maria Helena Sampaio, que também é fundadora e presidenta do Afoxé Oyá Alaxé. “Precisamos saber a nossa origem para manter a história viva e a ancestralidade”, destacou a artista.
Falando sobre origens, fortalecimento da identidade e afoxé, Maria Helena explicou a importância de repassar a história do afoxé que, além de um ritmo, é uma extensão do candomblé. A manifestação cultural leva o sagrado e a liturgia da religião para as ruas, é o poder da palavra negra na rua.
Para ressaltar que a tradição deve se manter viva e perpassar as gerações, ela convidou os percussionistas do Afoxé Oyá Alaxé, Monterrubio Neto, e o educador do Muhne, Murilo Dayo para facilitar a oficina junto a ela. A percussão ocupou o Museu do Homem do Nordeste ao longo dos dias, recebendo grupos como alunos do sétimo ano da Fundação Bradesco, localizada em Dois Carneiros, em Jaboatão dos Guararapes.
Uma das estudantes foi Ana Beatriz Amancio, de 12 anos, que celebrou a oportunidade de aprender mais sobre o assunto. “Eu gostei muito porque eu consegui ver mais um pouco sobre as religiões e pretendo vir de novo para viver isso”, contou. Para Vagner Martins, 13, foi marcante experienciar pela primeira vez o Muhne e os instrumentos musicais. “Eu gostei muito de tocar o tantan e o agogô”, pontuou.
A oficina com a Fundação Bradesco aconteceu após uma mediação cultural no Muhne e a atividade tem o objetivo de explorar instrumentos percussivos como agogô, agbê, timbal, entre outros, que estão presentes na história Nagô de Pernambuco, e relacionar suas histórias com o acervo do museu.
O professor de Geografia, Jessé Pereira de Medeiros, comemorou a possibilidade de agregar a visita ao espaço com uma oficina musical. “Estamos discutindo a história cultural da região Nordeste e trouxemos eles para enriquecer o que é passado em sala de aula. Estamos trabalhando também a formação do Nordeste e a grande influência africana na nossa composição cultural, então a culminância da oficina foi muito rica”, contou.
Além da Oficina Percussiva, a Semana da Consciência Negra do Museu do Homem do Nordeste contou com uma apresentação do espetáculo “Nações Africanas”, do balé de Cultura Negra do Recife, o Bacnaré. Foram apresentados ritmos e danças de cinco nações do continente africano, caminhando por Senegal, Tanzânia, Ruanda, Camarões e África do Sul, destacando a cultura e a diversidade dos povos.
Afoxé Oyá Alaxé
Fundado em 2004, no Bairro de Dois Unidos, na Zona Norte do Recife, o Afoxé Oyá Alaxé faz parte de uma manifestação da cultura afro-brasileira fundamentada nos preceitos do Candomblé Nagô. O Oyá Alaxé é um bem cultural descendente do Ilê Obá Aganjú Okoloyá (Terreiro de Mãe Amara). A luta e resistência do Afoxé tem forte influência de mulheres guardiãs ancestrais da cultura popular e afro-diaspórica.