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Jornada do Dia da Terra tem início reforçando a urgência na defesa do meio ambiente e da justiça climática
Aberta a Jornada do Dia da Terra 2024. Promovida pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), e com uma série de instituições que formam a Rede Dia da Terra, a jornada foi iniciada nesta quinta-feira (4). As atividades seguem até o dia 30 de abril, com mais 140 ações que têm como objetivo promover reflexões e soluções sobre o cuidar da natureza.
A mesa de abertura contou com a participação de diversas instituições. Entre os participantes, o reitor da UFRPE, Marcelo Carneiro Leão, o pró-reitor de Extensão Cultura e Cidadania na UFRPE, Moises de Melo Santana, a assessoria da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFPE, Rosely Tavares, que representou na ocasião o reitor Alfredo Gomes, a coordenadora do Centro de Estudos em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist) da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundaj, Edneida Cavalcanti, a presidenta da Associação Dia da Terra Brasil, Ana Paula Jones.
Também participaram o coordenador de Educação Continuada da Pró-Reitora de Extensão, Cultura e Cidadania - PROExC/UFRPE, Marcos Figueiredo, a professora da Unidade Acadêmica de Serra Talhada – UAST, Lourinalda Luiza Silva, o secretário de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de João Alfredo, Paulo Bandeira de Lima, o técnico em Agroecologia e membro do Coletivo Jardim Secreto, Fábio Carvalho, e a coordenadora-geral do Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, a agrônoma Maria Cristina Aureliano de Melo Ramos.
Um dos principais pontos colocados pelos participantes da mesa foi a importância da participação coletiva, colaborativa e participativa de representações de organizações governamentais e não governamentais, povos e comunidades tradicionais, em busca de ampliar a sensibilização e o engajamento de segmentos sociais e do poder público na luta em defesa da proteção da natureza, em distintos biomas.
“É uma grande alegria participar deste evento, uma ação que trata do Dia da Terra numa concepção muito mais ampla do que apenas a questão ambiental ou social. Temos um arcabouço mais amplo tratando da saúde única do homem, do animal e do ambiente, da sustentabilidade, da igualdade de oportunidades. Não há ambiente saudável com uma população sem condições de oportunidades, sem condições socioeconômicas. Todas as atividades têm essa perspectiva de entender o planeta de forma bastante sistêmica, conectada: humano, animal e ambiente”, afirmou o reitor Marcelo Carneiro Leão, que deu as boas-vindas aos participantes da mesa..
Em seguida, o pró-reitor Moisés Santana abordou como serão as atividades e enfatizou a importância da coordenação coletiva do evento. A Jornada funcionará como uma rede interinstitucional e transetorial, onde cada instituição autonomamente propõe, divulga, executa e coordena atividades, visando a fortalecer o diálogo, o intercâmbio de conhecimentos e a realização de ações que contribuam para o cuidado com a Natureza. “Coordenamos essa ação em rede por dois anos e a ideia é consolidá-la. Estamos acionando as potências de cada instituição, independente do tamanho, se é governamental ou não, se é movimento social, coletivo cultural. Estamos articulando e aprendendo a fazer juntos, de maneira colaborativa e solidária”, afirmou.
A programação conta com rodas de diálogo, oficinas, aulas abertas, exposições, apresentações, plantio de mudas, mutirão de limpeza, entre outras atividades, em diferentes municípios e estados do Nordeste, no meio urbano e rural, de forma descentralizada e autogestionária. Na Fundação Joaquim Nabuco, a Jornada terá ações entre 18 e 26 de abril, com mesa de diálogo, seminário, exibição de documentário e reunião da rede Jornada Dia da Terra.
Confira a programação da Jornada do Dia da Terra: https://www.ufrpe.br/sites/www.ufrpe.br/files/Programa%C3%A7%C3%A3o%20Jornada%20Dia%20da%20Terra%202024..pdf
“Nem sempre é simples convocar para uma causa, por mais urgente e necessária que seja. Muito depende da maneira como isso é feito, como nos organizamos e como acolhemos. É uma conquista olhar para essa programação com tantas iniciativas positivas, propostas de forma descentralizada e em uma lógica colaborativa que tanto precisamos. E isso tem muito o mérito da UFRPE, em especial da Pró Reitoria de Extensão”, destacou Edneida Cavalcanti.
A coordenadora acrescentou que o próprio termo "jornada" aponta nessa direção, buscando romper com o paradigma individualista para que as instituições se articulem de forma mais colaborativa e coletiva. “Esse chamado também para cuidar da natureza, que é o tema central deste processo em 2024, nos instiga a sair um pouco da nossa zona de conforto, a desconstruir um pouco, como Rubem Alves nos propôs, a deixar de lado as cascas com as quais fomos formados e forjados, para que possamos aprender de forma diferente, aprender por outros caminhos, aprender a partir de outras perspectivas”, observou.
A coordenadora do Cedist/Dipes/Fundaj também destacou a necessidade de uma escuta mais atenta, respeitosa e aberta em relação ao que os povos indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais tem como cosmovisão sem cisão entre o humano e a natureza, com uma perspectiva abrangente e interconectada. “É um grande desafio, também colocado de forma contundente às instituições e instituições públicas, repensar esse processo, como nos organizamos para enfrentar esse grande desafio civilizatório de cuidar de nossa casa, do planeta Terra, reconhecendo que essa casa é também muito desigual? É um único planeta, mas as pessoas estão em situações muito diversas”, concluiu. A presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, considera da maior importância a realização dessa jornada porque significa a defesa da vida.
Dia da Terra
O Dia da Terra tem raízes históricas profundas, remontando à sua primeira celebração em 22 de abril de 1970 nos Estados Unidos. Desde então, muitos países se unem anualmente nesse dia para destacar questões ambientais e promover a conscientização sobre a sustentabilidade. “O Dia da Terra no Brasil tem uma longa história, pois no País os guardiões da terra são os povos e comunidades tradicionais, aqueles que mantiveram a conexão com a natureza, tanto interna quanto externa. Esse movimento tem raízes no final da Segunda Guerra Mundial, no período do Woodstock, quando redigimos a Carta da Terra e realizamos a Eco-92. Estamos apenas dando continuidade a algo que nunca parou. Aqueles que lutam pela terra sempre estiveram engajados nesta causa, desde o início das diásporas e da colonização. Portanto, estamos retornando à fonte que é a nossa casa”, afirmou a presidenta da Associação Dia da Terra Brasil, Ana Paula Jones.
Por sua vez, encerrando o evento, Maria Cristina do Centro Sabiá disse ser fundamental que o conjunto de iniciativas ganhe escala e se transforme efetivamente em um movimento capaz de mudar a realidade. “Para isso, é crucial que essas ações se convertam em políticas públicas, como a reforma agrária, pois é necessário garantir acesso à terra para tais reformas, além da reforma urbana, considerando também as demarcações de terras indígenas e quilombolas. Antes de tudo, essa é uma ação de luta política que não pode ser deixada de lado”, concluiu. A mesa de abertura, que contou com uma apresentação cultural do Coral da UFRPE - regido pelo maestro Ewerton Marinho -, foi realizada de forma online e você pode acompanhar pelo YouTube clicando aqui: https://www.youtube.com/watch?v=sbWC5gX8zA