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Fundaj trouxe discussão e reflexão sobre inclusão e respeito aos povos negros e indígenas
Foram quase dois meses de palestras, oficinas, mostra de cinema, lançamento de livros e roda de diálogos nas temáticas afrodescentes e indígenas. Tudo para fazer uma reflexão sobre os 20 anos da lei nº 10.639/03 e os 15 anos da lei nº 11.645/2008, que estabelecem as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena".
Esta foi a proposta do “Seminário em rede e Seminário internacional da pós-graduação Stricto Sensu: Ações formativas e comemorativas", realizado pela Fundação Joaquim Nabuco, por meio da Diretoria de Formação Profissional e Inovação (Difor), de 20 de setembro a 17 de novembro deste ano. E, sem dúvida, o resultado das discussões foi pra lá de satisfatório.
Segundo a diretora de Formação profissional e Inovação (Difor) e uma das coordenadoras do evento, Ana Abranches, “toda a programação foi pensada na perspectiva de evidenciar as ações institucionais das redes educativas e culturais com a finalidade ampliar a participação da sociedade em todo o processo e fortalecimento dos grupos numa perspectiva democrática, crítica e reflexiva da Educação das Relações Étnico-raciais”.
O professor Moisés de Melo Santana, um dos coordenadores do evento, avaliou de modo positivo o conjunto de atividades realizadas nesse período. “A ideia de atividade em redes interinstitucionais é fundamental, estamos aperfeiçoando os modos de realizar esses eventos. As discussões foram muito potentes e estão conectadas com o processo de reconstrução democrática do país”, afirmou o docente.
Dentre esses eventos, pode-se citar o debate “Desafio da equidade racial nas instituições”, que contou a presença da presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, que abriu a sessão com palestras da professora doutora Petronilha Gonçalves e Silva (UFSCAR) e da psicóloga e diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade (CEERT), Cida Bento. Na ocasião, o grupo de teatro pernambucano "O Poste - soluções luminosas" fez uma participação especial, interpretando do texto épico "Ombela", do escritor africano Manuel Rui, um dos principais ficcionistas de Angola. O objetivo foi buscar o lado poético pela ancestralidade dentro da cena contemporânea. Vale a pena frisar que Ombela é uma palavra africana na língua umbundo angolana que, em português, significa chuva.
As bibliotecas comunitárias também tiveram o seu destaque na programação. Com o tema “Bibliotecas Comunitárias: Transformando Comunidades através do Diálogo e da Experiência", o debate teve como foco as experiências das bibliotecas das comunidades de Caranguejo Tabaiares, representadas por Reginaldo Pereira, e Nascedouro de Peixinhos, representado por Rogério Bezerra. Também foi destacada a contribuição da professora Ester Calland, docente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro do Centro de Estudos em Educação e Linguagem (CEEL) da mesma instituição.
Mostra de Curtas e Rodas de Diálogo
O seminário incorporou as atividades de culminância, no formato de rodas de diálogo, da disciplina de Movimentos Sociais, Identidades e Cidadanias Interculturais, ministradas pelos docentes do PPGECI, Maurício Antunes, Moisés de Melo Santana e Otávio Augusto Alves dos Santos e discentes da disciplina, conforme a programação.
Já a "Sétima Arte" também deu a sua contribuição para o Seminário, através da Mostra de Curta-metragens Afro-brasileiros e Indígenas. Durante dois dias, a Sala João Cardoso Ayres exibiu nove curtas entre clássicos e contemporâneos, que ofereceram um breve panorama das produções audiovisuais preta e indígena no Brasil, assim como estimularam o debate em torno desses olhares únicos e fundamentais. O trabalho curatorial foi conduzido por Luiz Joaquim, coordenador do Cinema da Fundação, e Felipe Karnakis, assistente de Programação do Cinema.
Após a exibição do último curta, deu início a roda de diálogo "Educação e Cultura nos Movimentos Sociais e Indígenas de Pernambuco". O evento, com mediação de Daniel Filho, Eduardo Paysan, Emanuela Nascimento e Fabíola Maciel, discutiu sobre a mostra Pankararu (atividades socioculturais que acontecem o ano todo na área da etnia - Tacaratu, Petrolândia e Jatobá, todos no Sertão do estado) e demais iniciativas e aspectos da manifestação e preservação da memória dos povos indígenas do nosso estado. Na ocasião, estiveram presentes o Cacique Marcelo Pankararu, liderança indígena e representante da Rede Sustentabilidade; e Niedja Batista, indígena Pankararu, bióloga e educadora e especialista em direitos dos índios.
Já para romper o racismo por meio da resistência ancestral e das diferentes formas de existir enquanto corpos negros no Brasil, a Fundaj recebeu o debate “Corpo Negro em movimento(s) de resistência e re(existência) em Pernambuco”. O encontro contou com mediação de Reginaldo Gomes, Renata Barbosa, Verônica Ferreira e Yasmin Albuquerque. Participaram das reflexões o presidente da União dos Afoxés de Pernambuco e membro das comissões de Cultura, Igualdade Racial e da Verdade sobre a Escravidão da OAB-PE, Fabiano Santos; a mestra em Educação, Culturas e Identidades e membra da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, Graça Elenice Braga; e a artivista feminista antirracista, docente e pesquisadora, Helayne Sampaio.
Edital Solano Trindade
E para apresentar pesquisas sobre a garantia de direitos e enfrentamento das desigualdades étnico-raciais, a programação contou com a realização do painel “Projetos do Edital Solano Trindade”, da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe). Ana Abranches comentou sobre a urgência da adoção de políticas e promoção da inclusão da população negra e indígena, a exemplo dos projetos realizados com o apoio do Edital Solano Trindade.
“Todos os momentos do Seminário em rede da Fundaj foram importantes para que possamos refletir os 20 anos da lei nº 10.639/03 e 15 anos da lei nº 11.645/2008. Dentro dessa programação, a Difor achou de extrema importância discutir o Edital Solano Trindade e hoje temos uma pequena mostra do que essa seleção proporcionou, além de um grande desejo para que esse Edital tenha continuidade”, ressaltou a diretora.
Todas as atividades do evento fizeram parte do Seminário em Rede do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional da Fundaj e Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Identidades (PPGECI/ UFRPE/ FUNDAJ). A ação integrou a Rede Colaborativa Interinstitucional, formada pela Diretoria de Formação Profissional e Inovação (Difor) da Fundaj, o PROFSOCIO/Fundaj e o PPGECI UFRPE/Fundaj, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), a Universidade Federal Rural de Pernambuco e o Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo.