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DIVERSIDADE
CHC-UFPR promove evento para discutir acolhimento e inclusão do público LGBTQIA+
Curitiba, PR – Equidade, respeito à dignidade humana e valorização das diferenças. Estes são alguns dos compromissos dos profissionais do Complexo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR) que se organizaram para o “Evento de Extensão: Acolhimento da Diversidade LGBTQIA+ no CHC-UFPR”, ocorrido no último dia 31 de agosto. LGBTQIA+ indica Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo, Assexuais e outras identidades. “Estamos aqui para dialogar e refletir sobre esse tema, tão caro aos trabalhadores e trabalhadoras do HC”, disse Sirley Alves, presidente da Comissão de Diversidade e Inclusão do CHC. “Nosso objetivo é fazer com que nosso hospital seja um espaço de maior equidade, de maior respeito às diferenças. E que nós possamos conviver com as diferenças e que isso não seja um problema, que isso não seja um sofrimento”, completa.
A população LGBTQIA+ enfrenta barreiras históricas no acesso à saúde, devido a preconceitos, estigmas e falta de serviços especializados que compreendam suas particularidades. O intuito do evento foi apoiar na construção de um Sistema Único de Saúde (SUS) mais inclusivo, onde as necessidades dessa população sejam atendidas com dignidade e respeito. O CHC-UFPR, como parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), tem investido em capacitação de profissionais, práticas humanizadas de atendimento para todos. O complexo trabalha para se tornar referência na inclusão e no acolhimento do público LGBTQIA+, comprometido com a equidade e o respeito no acesso à saúde pública.
Avanços para pessoas trans
Isso inclui o acolhimento em diversas etapas, como o acompanhamento psicológico e psiquiátrico e cirurgias essenciais para a reafirmação da identidade de gênero. Essa abordagem interdisciplinar garante que as pessoas trans possam atravessar cada etapa do processo transexualizador de forma segura e acolhedora.
Um marco recente foi a realização das primeiras cirurgias como parte da Linha de Cuidado do Processo Transexualizador no CHC: em dezembro de 2024, foi realizada a primeira histerectomia em um homem trans, enquanto em julho de 2025 foi realizada a primeira vaginoplastia em mulher trans, ambos os procedimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Foram os primeiros procedimentos desse tipo feitos pelo SUS no Paraná.
Daniela de Stefani, ginecologista do CHC-UFPR, faz parte do Grupo de Trabalho do Processo Transexualizador, e conta: “Esse projeto, que está se concretizando agora, começou lá em 2017, quando começamos a reunir profissionais para falar do atendimento a pessoas transexuais. Vieram profissionais da enfermagem, nutrição, psicologia, otorrinolaringologia, ginecologia, psiquiatria, inclusive a psiquiatria da infância e da adolescência. Havia uma demanda muito grande da comunidade LGBT e da Defensoria Pública, que levou a criação do ambulatório de atendimento às pessoas trans”. Isso reflete não apenas avanços na linha de cuidado no processo transexualizador, mas também foi um passo importante na garantia de direitos e na promoção da dignidade para pessoas trans no estado e no Brasil.
Roda de conversa
O evento incluiu uma roda de conversa, conduzida por Lucas Siqueira e outros membros do grupo Dignidade, organização não-governamental (ONG) envolvida historicamente na luta pelos direitos humanos da população LGBT no Paraná. A conversa reuniu vários profissionais do CHC em um momento de integração, em que contavam do seu papel no hospital e de histórias que os movem. Desde a descontração do Carnaval até a motivação de trabalhar pela saúde, em um ambiente respeitoso e inclusivo, foram algumas das situações relatadas.
Sobre a Ebserh
O CHC-UFPR faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.