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Prevenção
Março Azul: Unidos Contra o Câncer Colorretal
Natal (RN) - Estima-se que em 2020 tenham ocorrido mais de 1,9 milhão de novos casos e 935 mil mortes relacionadas ao câncer colorretal. Somente no Brasil, foram registrados 20.540 novos casos em homens e 20.470 em mulheres, com incidências estimadas de 9,1% e 9,2%, respectivamente. É, então, o terceiro tipo de câncer mais comum entre os homens e o segundo entre as mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Nesse contexto, o Março Azul, campanha voltada para conscientização e prevenção da doença, e abraçada pelo Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), emerge como uma oportunidade crucial para educar a população e promover exames preventivos.
Define-se por câncer um crescimento anormal das células, gerando o que chamamos de tumor. Especificamente o câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino, é assim identificado quando o tumor surge nas regiões do intestino grosso chamado de cólon, no reto (parte final do intestino e anterior ao ânus) e no ânus.
Campanha
A campanha Março Azul faz uma alerta e busca conscientizar profissionais de saúde, gestores e a população em geral sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado do câncer de intestino, visando diminuir sua incidência.
O Março Azul está em sua quarta edição e faz parte da união da
Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) com foco na mobilização nacional sobre o tema, que este ano tem como lema “Médico e paciente: uma parceria que salva vidas! Juntos na prevenção do câncer de intestino”.
O público-alvo a ser investigado são pessoas acima de 45 anos, porém, não deve ser motivo de desespero, pois, algumas doenças benignas também podem surgir com sangramento, a exemplo das hemorroidas, diarreia aguda, doença inflamatória intestinal.
Prevenção, sintomas, diagnóstico e tratamento
O mais importante é ficar alerta para os indícios e buscar a análise de um profissional, visando obter um diagnóstico precoce e o tratamento apropriado. Em estágios iniciais da doença, alguns pacientes podem não manifestar sintomas, ressaltando a importância de recorrer a procedimentos diagnósticos como a pesquisa de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia para identificar precocemente o câncer de intestino.
A médica oncologista do Huol, Juliana Rego, destaca os sintomas mais comuns. “Sangramento nas fezes, que pode se apresentar por meio de sangue vermelho vivo ou fezes pretas; mudança do hábito intestinal para mais ou para menos, ou seja, um intestino que fica cada vez mais preso ou uma diarreia que não melhora; mudança no formato das vezes, principalmente fezes afiladas; dor abdominal que não melhora; perda de peso sem explicação, dentre outros”.
Ela ainda elenca algumas medidas de prevenção do câncer colorretal como “buscar hábitos de vida cada vez mais saudáveis, como praticar atividade física regularmente, ingerir bastante frutas, legumes, verduras, evitar alimentos ultraprocessados, evitar excesso de carne vermelha (a OMS recomenda um consumo semanal de até 500g de carne vermelha), não fumar, manter-se dentro da faixa de peso saudável para a sua altura, ter um sono regular, dentre outras”.
A prevenção do câncer de intestino é dividida em duas partes: primária e secundária. Quase sempre o câncer colorretal se inicia com um pequeno pólipo no intestino, por isso, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será o tratamento. Juliana Rego, fala sobre a importância dos exames de rastreamento. “Ele deve ser feito preferencialmente por meio de colonoscopia. A idade recomendada é a partir dos 45 anos, tanto para homens quanto para mulheres. Caso a colonoscopia não seja possível de início, pode-se fazer a retossigmoidoscopia e a pesquisa de sangue oculto nas vezes e, caso deem alterado, realizar a colonoscopia. A grande importância está no diagnóstico precoce do câncer de intestino, momento no qual a chance de cura é alta, e também no diagnóstico e na retirada de pólipos que podem um dia evoluir para câncer”.
A lesão ou pólipo, que surge como uma espécie de “bolinha” no intestino, pode ser identificado através da colonoscopia. Portanto, o procedimento deve ser feito em qualquer pessoa acima dos 45 anos, tendo ou não sintomas, tendo ou não histórico familiar de câncer. No exame a pessoa é sedada, logo não há dor ou desconforto. E se for diagnosticado pólipo, o próprio colonoscopista já poderá retirar, fazendo com que aquela lesão, que em alguns anos se tornaria um câncer, não aconteça. A especialista ainda reforça sobre o diagnóstico do câncer colorretal que é feito através da colonoscopia com biópsia.
A médica fala sobre as opções de tratamento para o câncer colorretal e que essas dependem do estágio da doença. “Nos casos de doença localizada, está indicada a cirurgia para retirada do tumor. Em algumas situações, será necessário realizar quimioterapia complementar à cirurgia. Nos casos em que há metástases, a quimioterapia passa a ser o tratamento principal e a cirurgia será reservada para alguns casos específicos. Quando o tumor se localiza no reto, pode ser necessário realizar radioterapia. Recentemente, a imunoterapia também passou a fazer parte do tratamento do câncer colorretal metastático, mas só deve ser utilizada se houver uma alteração no tumor chamada de ‘instabilidade de microssatélite’, a qual está presente em torno de 10-15% dos casos”. O plano de tratamento é individualizado para cada paciente e pode envolver uma combinação dessas terapias.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.