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Equipe multidisciplinar do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh realiza o 2.000º transplante de fígado
A madrugada deste dia jamais será esquecido pelo aposentado José Miguel da Silva, de 67 anos, nem pela equipe multiprofissional do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), do Complexo Hospitalar da UFC. Para ele, o início de uma nova vida. Para a equipe, o marco de ter realizado o transplante de fígado de número 2.000. O hospital é referência no Norte e Nordeste no procedimento custeado 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Cerca de 60% dos transplantados no HUWC são, como o sergipano Miguel, de outros estados, e vêm com passagens, hospedagem e todo o tratamento de saúde pago pelo Ministério da Saúde.
A esposa do paciente, Rosangela Rabelo da Silva, conta que ele sofre há cinco anos por conta de uma cirrose hepática, e há quase um ano estava na fila para transplante. “Ontem, ligaram para mim avisando que tinha chegado esse órgão e, graças a Deus, essa noite mesmo, ele foi transplantado”, comemora, enquanto espera a alta da UTI pós-operatória, prevista para daqui a 3 dias. “Eu estou muito alegre, vai acabar todo o nosso sofrimento, porque eu sofria junto com ele. Vamos voltar para Aracaju com ele bem. Vou voltar para casa com o meu esposo bem bonito, com um marido novo”, completa.
O HUWC realiza transplante hepático desde 2002. O agricultor Joeudes Alves Macedo, de 58 anos, foi o segundo paciente. Ele conta que começou a apresentar problemas de saúde cinco anos antes. “Na época, perdi o baço e uma parte do fígado. Em 28 de outubro de 2002, tive a oportunidade de fazer o transplante de fígado e aumentar minha qualidade e expectativa de vida. A espera pelo transplante é muito ruim, mas depois é só alegria. Hoje, quase 19 anos depois, levo uma vida praticamente normal”, disse na reunião de comemoração do transplante de número 2.000 organizada hoje pelo Hospital.
O Brasil tem o maior programa de transplante público do mundo. De janeiro a junho de 2021, segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), da ABTO, foram realizados 920 transplantes de fígado no país. O Ceará é o 4º Estado em número de procedimentos, foram 78. Mas, neste mesmo período havia 137 pacientes na lista de espera.
O transplante envolve uma mega operação de logística, altíssima qualificação dos profissionais e infraestrutura hospitalar de ponta, mas só é possível graças à solidariedade dos familiares doadores. A taxa de negação de doação no Ceará no primeiro semestre deste ano, entretanto, foi de 43%. “Entendemos a complexidade da tomada de decisão de um familiar enlutado, por isso é tão importante que as pessoas manifestem em vida o seu desejo de ser doador”, explica o chefe do Serviço de Transplante Hepático do HUWC e presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Dr. Huygens Garcia. Por isso, faz-se tão necessária a campanha permanente de sensibilização pela doação de órgãos e a intensificação em momentos como o Setembro Verde, mês alusivo à pauta.
Transplantes no Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh
A equipe multidisciplinar do HUWC é a segunda que mais realiza transplantes de fígado no país atualmente. A história do Hospital com transplante começou em 1977, quando foi o primeiro a realizar transplante renal no Norte e Nordeste. A partir de 1999, profissionais do hospital intensificaram os treinamentos, inclusive em São Paulo e na Espanha, para, em 18 de maio de 2002, realizar o primeiro transplante de fígado do Ceará. Desde então, a demanda foi crescente. Até hoje, não há transplante hepático realizado nos Estados da Região Norte do Brasil.
No Nordeste, o Rio Grande do Norte, Sergipe, Piauí e até recentemente o Maranhão, encaminham pacientes para o Ceará. Fez-se necessária a ampliação do Serviço, tanto em infraestrutura física quanto na incorporação de novos profissionais. “Nosso ambulatório funciona como hospital dia de forma muito adequada, com ultrassom para biópsias hepáticas, locais para fazer paracentese (retirada de água na barriga enquanto aguardam o transplante)... temos uma média anual de 100 transplantes por ano, chegando a 163 em 2019”, informa Dr. Huygens Garcia. Neste marco comemorativo, o superintendente em exercício do CH-UFC, Dr. Edson Lucena, atribuiu à toda a equipe de Transplante o feito histórico dos 2.000 transplantes. “Nada seria possível se não tivéssemos um time azeitado, que sonha e realiza, que incentiva os novos alunos, formando-os na possibilidade de, mesmo com todas as dificuldades, realizando e ajudando famílias”, concluiu o médico Edson Lucena, superintendente em exercício no Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh. O gerente de Atenção à Saúde do HUWC, Dr. Arnaldo Peixoto agradeceu a toda a equipe multiprofissional do transplante hepático “por ter construído esta bela história de sucesso, amparando não apenas os pacientes, mas também seus familiares”.
Sobre a Ebserh:
O Complexo Hospitalar da UFC, formado pelo Hospital Universitário Walter Cantídio e pela Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, faz parte da Rede Hospitalar Ebserh desde novembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Os hospitais universitários são, por sua natureza educacional, campos de formação de profissionais de saúde. A Rede Hospitalar Ebserh não é responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país, apenas atua de forma complementar ao SUS.
Jornalista responsável: Danielle Campos de Aguiar (MTB JP 1420 CE), com a colaboração de Sarah Serafim.
Unidade de Comunicação Social
Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh