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UROLOGIA
Hucam-Ufes promoveu mutirão de cirurgias de fimose
Vitória (ES) - A Unidade de Urologia do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes), promoveu um mutirão cirúrgico para tratamento de fimose. Ao todo, seis pacientes foram operados na manhã do último sábado,15. O procedimento é uma forma de prevenção do câncer de pênis, que corresponde a 2% de todos os tipos de câncer que atingem os homens.
Em adultos, a doença está frequentemente ligada a más condições de higiene íntima, entre outras situações. É tratável e frequentemente tem cura, mas pode levar a mortes ou amputações.
O mutirão foi conduzido pelos médicos Pedro Gamberini, chefe substituto da Unidade de Urologia do Hucam, hospital vinculado à Rede Ebserh, e Gustavo Ruschi, urologista do Hucam e presidente estadual da Sociedade Brasileira de Urologia.
Entrevista com o urologista do Hucam-Ufes Gustavo Ruschi
Qual é o panorama do câncer de pênis no mundo?
Em relação ao câncer de pênis, especificamente, o que eu acho importante a gente destacar é que é uma doença rara nos países desenvolvidos, mas apresenta uma incidência mais alta nos países em desenvolvimento, e aqui eu incluo o Brasil, alguns outros países da América do Sul, também países da África, podendo chegar a 8,5 casos por 100 mil homens.
A taxa de cura é extremamente alta quando o diagnóstico é feito de forma precoce, chegando a 90% dos casos, diferente daqueles pacientes que já tem uma doença mais avançada, comprometendo os linfonodos, comumente a gente chama de ínguas, em que essa taxa de cura cai para 30%.
Como prevenir?
É importante ressaltar que, diferente de outras doenças do trato urinário, como câncer de próstata, que não possui nenhuma medida de prevenção específica, o câncer de pênis possui e está relacionado diretamente aos seus fatores de risco. Então a gente sabe que tabagismo, infecções sexualmente transmissíveis, principalmente o HPV, processos inflamatórios crônicos, má higiene local e a fimose são os principais fatores de risco relacionados ao câncer de pênis.
Então se você consegue diminuir a carga de tabagismo, utilizar medidas de proteção
durante as relações, tratar os processos inflamatórios crônicos, realizar o tratamento cirúrgico da fimose naqueles pacientes que têm indicação e, principalmente hoje, a gente tem disponível a vacina contra o HPV para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, pelo SUS. Então essa é uma medida de prevenção importante.
Como o mutirão se insere neste contexto?
Quando a gente fala do mutirão, em que a gente vai realizar alguns casos de costectomia, que é o tratamento cirúrgico para fimose, a gente sabe que a fimose é a dificuldade de exposição da glande e isso dificulta a higiene. Então é uma causa importante de desenvolvimento da doença. Então daí a importância dessas medidas que têm sido instituídas pela Sociedade Brasileira de Urologia.
Vale lembrar que o mutirão vai ser realizado em vários estados do país, justamente com esse intuito de conscientização da importância de se atuar em cima dos fatores de risco relacionados ao câncer de pênis. Tem alguns dados interessantes que foram disponibilizados pela Sociedade Brasileira de Urologia, em que nos últimos 10 anos a taxa de internação pelo câncer de pênis gerou em torno de 22 mil casos, a taxa de óbito nesses 10 anos, 4.500 casos. Então se a gente for converter, são mais ou menos 2.200 internações ao ano e são realizadas anualmente 600 amputações.
O que é importante lembrar quando se fala sobre tratamento? Quais os sinais de alerta?
Quando a gente fala de tratamento, o que é importante a gente lembrar? Se você faz o diagnóstico de maneira precoce, você consegue instituir medidas menos invasivas. Então a gente pode, por exemplo, tratar aquele tumor inicial com laser, ou então com ressecção exclusiva da lesão. Então você não tem um impacto tão grande no que diz respeito à parte psicológica do paciente.
Agora, quando você diagnostica a doença numa fase mais avançada, você tem que fazer a amputação do câncer. Pode ser parcial ou total. Então acho que o que é importante a gente deixar claro é que, como a gente está diante de uma doença, que os fatores de risco são evitáveis, a gente consegue instituir medidas de prevenção, é importante que o diagnóstico seja feito precocemente.
E os sinais de alerta seriam basicamente lesões ulceradas ou vegetantes, que são localizadas normalmente ou no prepúcio, ou na glande, embora possam estar localizadas também na haste do pênis. E essas lesões, muitas vezes, costumam estar associadas à infecção. Então o paciente percebe que tem um odor estranho, ou um sangramento que comumente ele não observava.
Então, se ele tem observado alguns desses sinais de alerta, é importante que ele procure o urologista para que o diagnóstico seja feito precocemente e que a gente consiga instituir medidas cada vez mais precoces. Então eu acho que seria mais ou menos o que a gente deveria destacar. Mas assim, eu estou aqui à disposição.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.