Notícias
SEMIÁRIDO
CETENE realiza expedição ao Vale do Catimbau para prospecção de sementes no Projeto Biobanco
foto: CETENE/MCTI
O Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE/MCTI) realizou uma expedição científica ao Parque Nacional do Catimbau, em Pernambuco, para coletar e catalogar sementes de espécies vegetais nativas no âmbito do Projeto Biobanco. A iniciativa busca preservar a biodiversidade, promover a restauração ecológica e desenvolver soluções sustentáveis baseadas na natureza.
Biodiversidade e conservação no semiárido
O Parque Nacional do Catimbau, localizado entre os municípios de Buíque, Ibimirim e Tupanatinga, é o segundo maior parque arqueológico do Brasil e uma das áreas mais ricas em biodiversidade do semiárido. Com aproximadamente 62.300 hectares de Caatinga, abriga centenas de espécies vegetais adaptadas ao clima árido, muitas delas endêmicas e essenciais para o equilíbrio ecológico. A região, que combina formações rochosas milenares e vegetação resistente, é um laboratório natural para estudos de conservação e restauração ambiental.
Durante a expedição, os pesquisadores percorreram trilhas entre os paredões de arenito do Catimbau, identificando espécies com potencial para recuperação ambiental. Um dos destaques foi a Mandevilla tenuifolia, popularmente conhecida como batata de vaqueiro e flor-de-santo-antônio, uma planta de grande resistência à seca e com papel fundamental na regeneração de solos degradados.

Reservatório genético para o futuro
Segundo a pesquisadora do CETENE, doutora Laureen Houllou, o Projeto Biobanco tem um papel estratégico na conservação da vegetação nativa e na aplicação de ciência e tecnologia para restauração ambiental: “Nosso objetivo é criar um reservatório genético de sementes que possa ser utilizado tanto para pesquisas quanto para programas de reflorestamento. A vegetação do semiárido possui uma capacidade única de adaptação, e entender suas características é essencial para combater a desertificação e recuperar ecossistemas degradados”, explica Houllou.
Diferente de um banco de sementes tradicionais, o Projeto Biobanco não se limita ao armazenamento. O CETENE estuda a germinação, a viabilidade das espécies sob diferentes condições climáticas e a sua adaptação a diferentes tipos de solo. Esse conhecimento viabiliza a transferência de tecnologia para setores como o agronegócio, a recuperação ambiental e até a indústria farmacêutica e de biocosméticos.
Soluções sustentáveis para o Nordeste
A pesquisadora PCI doutora Milena Silva reforça que os estudos conduzidos pelo CETENE contribuem para estratégias mais eficientes de reflorestamento no semiárido: “Nosso trabalho permite identificar as espécies mais eficazes na recuperação de áreas degradadas e estimular a criação de viveiros e programas de restauração ambiental adaptados à realidade climática da região”, afirma Silva.
O impacto da iniciativa também é ressaltado pelo doutor Frederico Toscano, coordenador do Programa PCI (Programa de Capacitação Institucional) e de gestão administrativa do CETENE: “Essa expedição reforça o compromisso do CETENE com a inovação e a sustentabilidade. O Biobanco não apenas preserva a biodiversidade, mas também gera conhecimento aplicável para enfrentar desafios ambientais do Nordeste, beneficiando tanto a pesquisa científica quanto a sociedade”, destaca Toscano.
Próximos passos
A coleta de sementes é apenas uma das etapas do Projeto Biobanco. Após o retorno ao laboratório, as amostras serão analisadas quanto à viabilidade e resistência, para posterior armazenamento e aplicação em projetos de reflorestamento, restauração ecológica e pesquisa científica.
Com essa iniciativa, o CETENE reafirma sua missão de desenvolver tecnologias sustentáveis para a conservação dos biomas brasileiros. O Projeto Biobanco segue como referência na proteção da biodiversidade do semiárido, conectando ciência, meio ambiente e desenvolvimento sustentável para a construção de um futuro mais equilibrado e resiliente.