Elcio Pires: os pequenos detalhes que fazem toda a diferença
O microscopista de alta performance não perde nenhum detalhe. Seja no olhar atento às amostras minúsculas que precisa analisar, ou ainda na atenção que dá às necessidades da sociedade em sua vida cotidiana. É assim que o novo tecnologista do Cetene, Elcio Liberato Pires, exerce sua cidadania científica: profundamente preocupado com o impacto da sua atuação na sociedade e também desejoso de ser efetivo na parceria com os demais colegas da instituição.
As temáticas sociais e do aprofundamento científico parecem caminhar lado a lado ao longo da jornada dele. Nascido em São Paulo, mas tendo vivido em Cotia (periferia da capital), Elcio experimentou a realidade do trabalhador brasileiro ao enfrentar suas quatros horas diárias de deslocamento, entre ida e volta, para estudar e trabalhar na cidade onde estavam as oportunidades. Foi assim como menor aprendiz, já aos 15 anos, e também com o curso de graduação em Tecnologia em Mecânica de Precisão, pela Fatec.
“Eu nunca consegui dissociar a minha vida profissional de pensar numa atuação na sociedade, tentando melhorar a vida das pessoas. Muitas vezes, estávamos no mesmo ambiente, mas que por uma série de pequenas diferenças tiveram dificuldades maiores do que as minhas, e seguiram outros caminhos. Por exemplo, da minha turma do colégio, eu acho que eu fui o único que consegui fazer a faculdade pública, o que me trouxe até aqui”, comenta.
A formação evoluiu e sempre com o apoio do Estado. Logo após a graduação, Elcio seguiu no mestrado em ciências, pela USP, com foco em microeletrônica. Dois anos após a conclusão, engatou o doutorado em Ciência e Engenharia dos Materiais, dessa vez na UFSCar. Esta experiência o levou bem longe, com uma parte dos estudos sendo realizada nos Estados Unidos. “O que me fez gostar ainda mais do Brasil e decidir que é com o desenvolvimento do país que eu quero trabalhar”, explica.
Ao chegar no Cetene, a expectativa de Elcio é a de inicialmente poder contribuir como um apoio técnico especializado em microscopia. “Eu terei uma atuação bastante transversal, interagindo com todos os colegas que necessitarem de uma imagem de microscopia. Para isso, vou potencializar ao máximo o uso da infraestrutura e do parque tecnológico que a instituição já tem. No médio e longo prazo, também vislumbro a possibilidade de desenvolver alguma pesquisa que beneficie a região, entre outras iniciativas”, resume.
Mas ele também enxerga outros detalhes, que fazem diferença no desenvolvimento do país. “Quero poder trazer crianças de escolas daqui e mostrar como funcionam os nossos equipamentos. Também gostaria de contribuir com a formação de outros microscopistas de alto nível, trazendo-os até aqui, capacitando-os”, afirma.
Esse senso de colaboração coroa a trajetória de alguém que também foi profundamente marcado pelo apoio familiar em toda sua jornada. Elcio destaca e reconhece o apoio e encorajamento dos pais nas suas escolhas profissionais. Contudo, um ponto em particular encerra todo percurso até a chegada no Cetene: sua esposa, Rayane, que também foi pesquisadora bolsista da instituição, por meio de quem conheceu o Centro. Hoje, ambos são colegas de Ministério, em instituições distintas e seguem se apoiando. Mas isso, isso é apenas um detalhe…