Cláudio Abreu: ponte entre academia, ciência e empresas de base tecnológica
Ainda na infância, quando visitava os cursos de verão de ciências que aconteciam na Universidade Federal de Pernambuco, Cláudio Abreu de França não podia imaginar um futuro profissional associado à tecnologia. Na realidade, a descoberta da vocação só se deu bem perto de fazer a prova para ingresso no ensino superior. A pretensão inicial era pela medicina, mas no segundo ano de preparação ele se viu maratonando questões de matemática, química e física. Esta última virou sua opção de curso, na mesma UFPE onde viu microscópios pela primeira vez.
Daí até o ingresso como tecnologista no Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), unidade de pesquisa do MCTI, foram quase 15 anos. Nesse período, Cláudio também desbravou o mundo do desenvolvimento de softwares e fez uma migração da área de física para a de ciência de materiais ao longo dos seus mestrado e doutorado, todos na UFPE. Passou ainda pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco, onde atuou por quase 10 anos com políticas de fomento à C&T. Essas experiências compõem muito do que ele espera entregar ao Centro.
“Eu tenho duas frentes de atuação. Uma é colocar a IncubaSciense, que é a incubadora de projetos e empresas do Cetene, em pleno voo. Posicioná-la como um player importante dentro do da cadeia de inovação do Nordeste. Por outro lado, eu vou trabalhar na síntese e caracterização de nanomateriais que vão atuar como catalisadores químicos, ou seja, agentes que aceleram o processo de produção do biodiesel, que é uma energia renovável. Então, é a minha frente de atuação na área técnico-científica”, explica.
Em relação à incubadora, o desafio assumido é o de apresentar os diferenciais e a infraestrutura do Cetene aos diversos atores do sistema de C&TI regional. “Construir pontes entre a academia, ciência e as empresas de base tecnológica faz parte do meu perfil profissional”, resume Cláudio. Esse olhar holístico, que integra várias dimensões da pesquisa e das políticas públicas, também se refletem na opção de investigação científica e na sua visão de ciência. Para Cláudio, o protagonismo global dos países na contemporaneidade está diretamente ligado ao seu desenvolvimento tecnológico e na eventual dependência de outros países nesse quesito.
Ele acredita ainda que essa defesa e compreensão da ciência e da inovação devem ser estimuladas na infância e juventude. Não apenas visando a formação de novos pesquisadores, mas também de cidadãos que valorizem e apoiem decisões políticas que visem o fortalecimento desse setor. Essa lição ele já tem conseguido aplicar na própria com os temas de tecnologia e cultura. “Eu tenho dois filhos, Luiz, de 5 anos, que sonha ser astrofísico e Iara, de 3, que é a artista da família, pelo menos por ora”, releva.
Por fim, o maior empreendimento do novo cientista do Centro parece ser a instituição. Os planos para ela são de evolução, com marcas deixadas pelo próprio Cláudio. “Eu espero me aposentar e poder contar com o reconhecimento dos meus pares, de que encontrei o Cetene num determinado ponto e consegui contribuir para que elevá-lo a outro patamar, melhor”, afirma o tecnologista.