Notícias
Nobel de Física 2025: Coordenador do QuantumTec comenta sobre a premiação
O Prêmio Nobel de Física de 2025 foi para os americanos John Clarke, Michel H. Devoret e John M. Martinis pela “descoberta do tunelamento quântico macroscópico e a quantização da energia em circuitos elétricos”.
A descoberta da quantização da energia em circuitos elétricos contendo as chamadas junções Josephson, dispositivos supercondutores descobertos nos anos 1960, abriu caminho para a construção dos computadores quânticos, máquinas que prometem revolucionar a tecnologia da informação.
Curiosamente, a descoberta do primeiro algoritmo quântico, o algoritmo de Deutsch, ocorreu no mesmo ano (1985) da publicação do trabalho seminal de Martinis, Devoret e Clarke no Physical Review Letters – “Energy level quantization in the zero-voltage state of a current-biased Josephson junction”.
Este trabalho abriu caminho para o chamado escalonamento dos computadores quânticos – capacidade de expandir a quantidade de qubits (bits quânticos) de um processador mantendo o controle e a coerência quântica sobre eles –, que estão alcançando a marca de centenas de qubits lógicos e, definitivamente, deixando o chamado “vale da morte” para se tornarem uma tecnologia revolucionária nos próximos anos.
Presença brasileira
|
O trabalho de 1985 de Martinis, Devoret e Clarke tem uma importância especial para nós, brasileiros. O artigo, em suas referências, [3] cita o brasileiro Amir O. Caldeira, professor titular do Instituto Gleb Wataghin, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e que completa 75 anos este ano. Neste trabalho de 1983, Caldeira e o físico teórico britânico Anthony Leggert estudaram efeitos de dissipação no fenômeno do tunelamento quântico. O trabalho serviu de base para o artigo de Martinis, Devoret e Clarke dois anos depois. |
O trabalho no CBPF
Graças a esses (e outros) trabalhos, a Computação Quântica se firmou como uma área da Física e da Tecnologia. No CBPF, diferentes grupos estudam aspectos teóricos e experimentais da computação quântica, tendo inaugurado recentemente o Laboratório de Tecnologias Quânticas, o QuantumTec, que tem como um dos seus objetivos a fabricação de chips quânticos supercondutores.
A implementação do laboratório foi possível através do investimento de 30 milhões de reais, verba oriunda do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), via Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) por meio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj); Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e (CNPq) e Petrobrás.
Com a chegada de cerca de 10 novos pesquisadores – entre teóricos e experimentais – por meio do concurso público realizado, o instituto se coloca na fronteira do conhecimento, desenvolvendo e ampliando pesquisas fundamentais para o desenvolvimento tecnológico nacional.
Sobre a premiação: https://www.nobelprize.org/prizes/physics/
Sobre o artigo: https://journals.aps.org/prl/abstract/10.1103/PhysRevLett.55.1543
Sobre o artigo de Amir Caldeira: https://journals.aps.org/prl/abstract/10.1103/PhysRevLett.46.211

