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Colaboração SWGO visita Sítio do Futuro Observatório
A 12º Reunião da Colaboração Southern Wide-Field Gamma-ray Observatory (SWGO), realizada entre 05 e 09 de maio de 2025, foi sediada na cidade de San Pedro de Atacama, no Chile – próxima ao futuro sítio da colaboração e uma das principais localidades do mundo para a realização de observações astronômicas. O encontro reuniu cerca de 70 participantes dos 16 países membros da colaboração, para discutir os próximos passos para o início da construção do novo observatório.
Instalado no Parque Astronômico do Atacama (AAP), o SWGO será o maior e mais sensível observatório de raios-gama de ultra-alta energia do mundo, e o primeiro observatório astronômico deste tipo no Hemisfério Sul. Com 1 km2 de extensão e localizado a 4.770 m de altitude, no altiplano de Pampa La Bola, o observatório contará com cerca de 5 mil detectores Cherenkov de água (WCD), capazes de detectar o sinal de raios gama com energias entre 100 GeV e 10 PeV.
O Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) é uma das instituições fundadoras e um dos grupos líderes mundiais do projeto. O instituto já foi palco de duas reuniões da colaboração – em maio de 2023 e julho de 2024. Nesta última, o Chile foi oficialmente escolhido para receber a sede do futuro observatório.

- Membros da Colaboração SWGO no futuro sítio do Observatório, a 4.770 m de altitude, no Parque Astronômico do Atacama, Chile — Crédito: Colaboração SWGO.
Para o pesquisador do CBPF e vice-spokesperson da Colaboração, Ulisses Barres de Almeida, a visita ao local marca uma nova etapa no projeto: “É preciso ressaltar que o Brasil é um dos países mais relevantes dentre os envolvidos no projeto de construção do SWGO, sendo o responsável pela proposta de um dos detectores que irão compor o futuro observatório. Os tanques Cherenkov da parte externa (outer array) do SWGO foram projetados pelo CBPF e desenvolvidos em parceria com a Rotoplastyc, empresa nacional que já participou da construção do Observatório Pierre Auger nos anos 2000, e com a qual trabalhamos desde 2019 nas inovações técnicas necessárias para alcançar uma solução eficiente e de baixo custo para o projeto”.

- Protótipos dos tanques Cherenkov desenvolvidos pelo CBPF para o observatório SWGO, e entregues no Atacama, junto com alguns membros brasileiros e portugueses do projeto presentes no local, dentre os quais os Drs. Alberto Reis e Ulisses Barres, do CBPF, e a Profa. Elisabete Dal Pino, do IAG/USP - Crédito: Colaboração SWGO.
Tecnologia brasileira
Desde 2019, o CBPF lidera o desenvolvimento de um detector Cherenkov inovador para o SWGO, em colaboração com o Laboratório de Instrumentação em Física de Partículas (LIP), de Portugal, e o Instituto Nacional de Física Nuclear (INFN), da Itália. A parte nacional do projeto foi financiada com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e atingiu todos os requisitos técnicos para ser incorporada como componente oficial do observatório.
Os primeiros protótipos estão sendo instalados no local e devem entrar em operação até o fim do ano, como parte de um projeto pathfinder que prepara o terreno para a construção definitiva.
Próximos passos
Durante o encontro, foram definidos os marcos da fase inicial do projeto, cuja conclusão está prevista até 2030. A meta é colocar o SWGO em operação com uma configuração preliminar — já com sensibilidade inédita acima de 100 TeV — ainda nesta década. O observatório será complementar ao Cherenkov Telescope Array Observatory (CTAO) e a outras grandes instalações internacionais, como o LHAASO, na China.
“A Astronomia de Raios-Gama está passando por uma aceleração tecnológica sem precedentes, e o SWGO é um dos principais integrantes desta nova era de ouro na qual a área está ingressando, e da qual o Brasil e o CBPF são protagonistas de primeira ordem. É por isso que estamos felizes com as perspectivas concretas de um início iminente da construção do SWGO, o qual deverá ser também um dos mais importantes experimentos internacionais do ponto de vista do envolvimento e do impacto para a ciência da América Latina”, afirma Ulisses Barres.