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CBPF recebe 3º Workshop da Rede NanoSaúde e reforça papel estratégico na inovação científica
Nos dias 14 e 15 de julho, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) abriu suas portas para receber o 3º Workshop da Rede NanoSaúde — uma iniciativa que reuniu pesquisadores, startups, profissionais da saúde e representantes da indústria em torno da nanotecnologia aplicada à saúde. O evento marcou dois dias de trocas de conhecimento, articulação científica e incentivo ao empreendedorismo de base tecnológica.
Com o tema “NanoSaúde e a Pesquisa Científica”, a programação do primeiro dia foi dedicada à apresentação de estudos e painéis voltados a nanossistemas com aplicações na área da saúde, além de uma sessão de pôsteres com premiação para os três melhores trabalhos.
A mesa de abertura contou com a presença da médica e diretora científica da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Eliete Bouskela, do pesquisador e diretor substituto do CBPF, João Paulo Sinnecker, e do pesquisador aposentado e coordenador da Rede NanoSaúde, Alexandre Rossi.
O desafio da multidisciplinaridade
Em seu momento de fala, Sinnecker celebrou a realização do evento no instituto e reforçou a vocação do centro: “Para o CBPF, é uma honra receber um evento como este. Embora sejamos uma instituição com base na Física, temos expandido nossas áreas de atuação e, hoje, cumprimos um papel importante na multidisciplinaridade. A Física é, por definição, multidisciplinar”.
Segundo o diretor substituto, o último concurso fortaleceu esse ambiente: “No último concurso, tivemos a aprovação de 33 pesquisadores e 10 tecnologistas, muitos deles já estão nomeados e alguns estão trabalhando mais perto da área de Biologia”.
Para Bouskela, a interseção entre física, biologia e medicina é necessária para resultados disruptivos em pesquisas: “Sempre achei que o CBPF fosse algo distante da medicina, mas o que vimos aqui é que o centro também está envolvido em pesquisas voltadas à Biologia. E isso é fundamental, pois pesquisas relevantes, hoje, precisam ser, necessariamente, multidisciplinares”.
A médica também destacou que o Brasil é conhecido pela sua produção científica e por formar jovens cientistas bem preparados, mas com pouca conexão com o setor produtivo e inovador. Por fim, defendeu o equilíbrio na formação acadêmica brasileira: “Não podemos hipertrofiar algumas áreas e silenciar outras como a Engenharia, que é essencial para o desenvolvimento do país. A diversidade de áreas e o diálogo entre elas são o caminho para avançarmos em inovação, ciência e impacto social”, concluiu.
Uma rede colaborativa
O coordenador da Rede NanoSaúde, Alexandre Rossi, reforçou o papel da Faperj e do CBPF na criação e no fortalecimento da iniciativa: “A Faperj foi fundamental para o surgimento da Rede, e o CBPF também nos deu toda a abertura necessária. A pandemia, apesar de todos os desafios, nos permitiu pensar em novas formas de colaboração. Criamos uma rede com pesquisadores que atuam na ciência básica, mas que estão dispostos a atravessar essa interface e chegar ao desenvolvimento de produtos — algo ainda mais complexo quando falamos da área da saúde”.
Rossi também destacou os desafios presentes: “É uma rede complexa, mas com resultados expressivos: hoje somos 40 pesquisadores, mais de 35 tecnologias desenvolvidas, quatro hospitais ligados à rede e 13 startups associadas. Um trabalho realmente interessante, com apoio institucional valioso da Faperj e do CBPF”.
Inovação e empreendedorismo
O segundo dia do evento foi dedicado ao empreendedorismo. Startups participantes da Rede apresentaram suas soluções tecnológicas e os desafios enfrentados para levar produtos baseados em nanotecnologia ao mercado da saúde. A sessão de pitches evidenciou o potencial de transformação do setor, enquanto os debates trouxeram à tona questões sobre os entraves burocráticos à inovação no Brasil.
O evento mostrou como a colaboração entre diferentes setores – academia, indústria e startups – pode acelerar soluções inovadoras reais, reafirmando o CBPF como um ambiente fértil para o avanço científico e tecnológico no Brasil.



