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Tecnologia Social do Museu Goeldi, o projeto “Replicando o Passado” vence prêmio Luiz Castro de Faria, concedido pelo Iphan
Agência Museu Goeldi - A parceria entre o Museu Goeldi e os ceramistas do distrito de Icoaraci, em Belém (PA), consolidada por meio do projeto “Replicando o Passado” desde 2016, rendeu mais um fruto: o prêmio Luiz de Castro Farias na categoria de ações continuadas e em execução que versam sobre a preservação do patrimônio arqueológico, concedido pelo Centro Nacional de Arqueologia (CNA), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A pesquisadora, coordenadora do projeto “Replicando o Passado” e curadora da coleção arqueológica do Museu Goeldi, Helena Lima, destaca a importância da premiação para o trabalho desenvolvido na arqueologia pelo MPEG.
“É um importante reconhecimento para o trabalho que os ceramistas e o corpo técnico de museu desenvolvem com muita persistência desde 2016. Com o amadurecimento e a aprendizagem, desenvolvemos coletivamente uma metodologia bem consistente, o que nos possibilitou cadastrar o “Replicando o Passado” como uma Tecnologia Social do Museu Goeldi, que foi certificada pela Fundação Banco do Brasil em 2023”, afirma a pesquisadora do MPEG.
O prêmio Luiz de Castro Faria é uma iniciativa anual do Iphan que reforça o compromisso da instituição com a valorização da arqueologia, apoiando pesquisadores e projetos cujo trabalho é fundamental na salvaguarda da história dos povos que habitaram o território brasileiro.
Este ano, as premiações foram divididas em duas categorias: na primeira, dois projetos de ações continuadas que trabalham a preservação do patrimônio arqueológico, e na segunda, até três artigos científicos sobre o tema “O uso de tecnologias digitais na preservação do patrimônio arqueológico”. O “Replicando o Passado”, do Museu Goeldi, foi um dos projetos vencedores na primeira categoria. No total, as premiações chegam a R$93 mil. Os recursos vão apoiar o desenvolvimento e a continuidade dos projetos e artigos vencedores.
Novos equipamentos
Além do reconhecimento, os recursos advindos da premiação vão contribuir para a continuidade do projeto “Replicando o Passado” e o desenvolvimento de novas pesquisas e ações, inclusive com foco na inclusão e acessibilidade. Este recurso se soma a outros, que também buscam aprimorar a parte estrutural e técnica da arqueologia do MPEG. Um exemplo disso é a aquisição de dois fornos, um à lenha e um elétrico, que foram instalados no campus de pesquisa do Museu Goeldi como parte do processo de produção das peças cerâmicas. Helena Lima explica esse processo e as vantagens que estes novos equipamentos trazem para pesquisadores, ceramistas e estudantes.
“Por meio do projeto ‘Arqueologia Inclusiva’, apoiado pela Lei Aldir Blanc, tem sido possível ampliar o escopo do ‘Replicando o Passado’ para incluir também pessoas com deficiência (PcD). Além disso, os recursos advindos do projeto apoiaram na implementação de melhorias do recém-criado laboratório de experimentação cerâmica no campus de pesquisa do Museu Goeldi, incluindo a construção de um forno à lenha e a aquisição de um forno elétrico para a produção de réplicas, placas com relevo para acessibilidade e outros produtos cerâmicos. Antes, as réplicas eram produzidas aqui, levadas à Icoaraci para a queima e depois avaliadas no campus, o que aumentava o custo e o tempo de produção”, destaca Helena Lima.
Replicando o Passado
Desde de 2016, o projeto “Replicando o Passado” promove a troca e o compartilhamento de saberes entre arqueólogos e os ceramistas da Vila de Icoaraci, em Belém (PA). Os ceramistas têm a possibilidade de estudar e reproduzir peças originais de diferentes tradições encontradas no Pará e, no processo de produção, os arqueólogos observam e trocam informações sobre a arte do fazer, iluminando pontos sobre a produção milenar desses objetos. Enquanto Tecnologia Social, o projeto oferece ao MPEG a possibilidade de divulgar seu acervo e a qualificação da produção e geração de renda para os ceramistas.
Helena Lima explica que a metodologia desenvolvida e utilizada no projeto é baseada inicialmente em atividades, oficinas formativas e visitas técnicas dos ceramistas à reserva técnica do museu, permitindo que os artesãos conheçam de perto o acervo original.
Em seguida, cada peça passa por um estudo técnico detalhado (medidas, materiais, pigmentos e técnicas tradicionais de modelagem e queima). “A reprodução é feita com base na observação direta das peças originais; as réplicas finalizadas são comparadas às originais e, quando aprovadas, integram coleções didáticas utilizadas nas ações educativas do museu, ampliando o acesso das escolas ao patrimônio cultural. Essa troca tem permitido a produção de réplicas com alto grau de fidelidade estética e histórica, fomentando também a revitalização da arte oleira tradicional”, ressalta a pesquisadora.
Texto: Denise Salomão
Edição: Carla Serqueira

